Donald Trump não demorou a responder ao uso de armas químicas na Síria, inicialmente agitando os mercados financeiros, para rapidamente um eventual risco geopolítico ser absorvido pelos investidores – como tem sido de costume desde o Brexit.
A criação de postos de trabalho nos Estados Unidos em março foi bem aquém do que estimado, entretanto a taxa de desemprego atingiu 4.5%, nível que o FED previa ocorrer no fim de 2017, causando uma firmeza no dólar em torno de uma especulação de um maior aumento dos juros pelo banco central americano. Por outro lado, a autoridade monetária pode revisar seu target para o desemprego, já que o aumento de salários não tem acompanhado o “aperto” da oferta de mão-de-obra.
Os três principais índices de commodities tiveram comportamentos positivos na semana que marcou o começo do segundo trimestre, em uma aparente realocação de recursos que beneficiou esta classe de investimento após uma performance ruim no primeiro quarto do ano.
O café na segunda-feira teve uma forte alta influenciada pela posição dos fundos mais vendida do que se imaginava, mas no mesmo dia os ganhos desapareceram desanimando os altistas rapidamente. O resto da semana foi enfadonho com a negociação dos spreads respondendo pelo bom volume diário e as novas vendas de especuladores encontrando boas compras de comerciais. Sexta-feira o terminal voltou a reagir fechando positivamente e precisando apenas abrir e sustentar uma alta de US$ 1.00 centavo na próxima sessão para começar a atrair uma cobertura dos novos vendidos.
O comportamento em geral creio que favorece uma continuação da alta mesmo com a recuperação do dólar americano. Se de fato as commodities receberem um volume maior de recursos e dada a posição mais frágil dos fundos de sistema, um ganho de US$ 10.00 centavos por libra do terminal é possível no curto-prazo. A sustentação vai depender de quanto café vai aparecer mais das mãos dos produtores (do Brasil, Peru, Colômbia e América Central).
O fluxo de físico no mercado interno brasileiro foi relativamente bom levando-se em consideração os preços praticados e a época do ano. Uma manutenção de volumes seria improvável sem uma revisão dos números de safra e estoques carregados para o atual ciclo. Os altistas dizem que a movimentação é estratégica, ou seja, produtores estão começando a se desfazer de seus cafés para renovarem seus estoques e fazer caixa para a colheita. Eu tenho a impressão que há um pouco também de café sendo escoado em função dos preços não terem voltado a subir, um tipo de stop aonde a decisão é de vender agora antes de eventualmente ver o físico despencar mais – dada a pobre performance da bolsa.
A disponibilidade no destino, principalmente na América do Norte, deixa os compradores bem tranquilos e em função do volume oferecido de tantas origens a diferenciais baratos, muitos de fato não entendem qualquer preocupação com um eventual aperto que possa acontecer nos primeiros meses de 2018. Ao mesmo tempo a compra do flat-price (futuro) tem sido notada, sinal que de certa forma corrobora com nossa teoria de perdas limitadas do terminal e, portanto, indica uma paciência entre os que buscam rechear seus livros de diferenciais.
Os operadores da bolsa parecem não crer que o Brasil já tenha vendido um volume significativo da safra-nova, tanto da fazenda para os exportadores/cooperativas, quanto dos exportadores/cooperativas para os dealers/torradores. Se o percentual comercializado for tão alto quanto os 40% que os mais otimistas alardeiam, a porta vai ficar pequena para os fundos saírem de suas posições vendidas. Da mesma forma que se for muito menos de 15% o terminal ficará limitado para subir acima de US$ 150 ou US$ 160 centavos por libra – salvo um evento climático.
Tão importante como os outros fatores para Nova Iorque é o comportamento do Real Brasileiro. A rápida escorregada de R$ 3.0829 de quarta-feira para R$ 3.1585 na sexta-feira pode indicar a perda de momento que a moeda estava tendo, e uma desvalorização mais acentuada abaixa o teto de uma recuperação técnica do terminal.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,