Uma das perguntas que sempre recebo nas redes sociais é quando vender um ativo financeiro. Dada a frequência desse tipo de dúvida, vale a pena falarmos um pouco mais desse assunto.
Alguns investidores, sobretudo iniciantes, têm uma ideia errada sobre a estratégia buy and hold. Eles acreditam que ela estratégia se trata de comprar um ativo e esquece-lo para sempre, o que é equivocado.
Na verdade, consiste em adquirir ativos de qualidade e “segurá-los” para o longo prazo, de forma a se beneficiar com os rendimentos e valorizações que os papéis por ventura apresentarão no futuro.
Adotando essa estratégia, os investidores acabam minimizando os custos com corretagens e emolumentos, além de evitarem venderem seus ativos nas crises, quando normalmente a cotação das ações estão em baixa.
No entanto, às vezes surgem situações que nos fazem ter que tomar a decisão de venda.
A primeira delas, e talvez uma das mais importantes, está relacionada a perda da vantagem competitiva de longo prazo da empresa investida. Isso acontece periodicamente, como foi o caso, por exemplo, de jornais e estações de televisão. Ambos costumavam ser negócios fantásticos, até o surgimento da internet, que mudou o paradigma da audiência.
Ao buscar empresas para investir no longo prazo, certamente o que ninguém deseja é adquirir companhias com vantagens competitivas questionáveis.
O segundo momento está relacionado à alocação de capital. Como sabemos, o capital é finito, motivo pelo qual as empresas devem competir pelo nosso dinheiro. Dessa forma, quando encontramos empresas excepcionais a um preço melhor, o que às vezes acontece, acabamos optando por vender ativos para melhor alocar o nosso capital.
Há algum tempo, recomendei a meus assinantes a venda de uma empresa varejista, justamente por esse motivo. A ação tinha se valorizado muito em pouco tempo, diminuindo muito sua margem de segurança, enquanto outras empresas estavam com preços melhores e qualidades semelhantes.
Por fim, o último momento para vender acontece quando a cotação da empresa perde a racionalidade e fica em um valor extremamente elevado. Nesse caso, a cotação da companhia excede em muito as suas realidades econômicas de longo prazo.
E o potencial econômico de longo prazo de uma empresa, quando a cotação das ações atinge a “estratosfera”, é sentir o efeito da “gravidade”. Com o tempo, o mercado acabará trazendo a cotação de volta a um patamar realista.
Infelizmente, alguns investidores acabam não observando esses métodos, vendendo seus ativos porque seu preço subiu demais ou porque acreditam que ele cairá. Não preciso dizer que essa é uma ótima maneira de perder dinheiro.
Pior ainda acontece quando os investidores são obrigados a vender na crise, quando a cotação está nas mínimas históricas. Em geral, esse movimento é feito por aqueles que negligenciam a importância de se ter uma reserva de emergência que possa ser usada em crises.