O nosso índice futuro fechou a semana em queda (-4,4%), impactado por um ambiente extremamente conturbado, evidenciando mais uma vez a fragilidade (pelo menos até agora) do atual governo no que diz respeito à comunicação, articulação e tomada de decisão.
O conjunto da obra desta semana teve como destaques:
. A quase inversão de pauta na câmara dos deputados, que provavelmente implicaria no atraso da votação da reforma da previdência. Foi cogitado que a votação do orçamento impositivo (obrigatório) - abordado de forma mais detalhada na nossa análise da semana retrasada - passasse a frente da reforma da previdência em termos de prioridade. A boa notícia é que em teoria, Felipe Francischini, presidente da CCJ, afirmou no final da 6af que a reforma da previdência continuará a ser prioridade na pauta desta semana.
. O apontamento de indícios pela Procuradoria Geral da República (PGR) relativo à possíveis pagamentos pela Odebrecht em favor ao atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
. A confusão e mensagens contraditórias em torno da intervenção na política de preços da Petrobras (SA:PETR4), sem o envolvimentos sequer do Ministro da Fazenda Paulo Guedes, fazendo com que as ações da PETR despencassem cerca de 8% nesta última 6af. Esse ato de ingerência que quase quebrou a empresa durante o governo Dilma Rousseff (período no qual a empresa foi considerada a mais endividada do mundo), põe também em xeque a credibilidade desse governo que sustentou como promessa de campanha a implementação de uma agenda liberal durante o seu mandato.
Sobre esse mais recente episódio envolvendo a Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro mencionou que não entendia o motivo do reajuste no diesel de 5,74%, quando a inflação projetada para este ano estava abaixo desse patamar. É importante ressaltar que o valor do barril de petróleo (e consequentemente dos seus derivados) costuma seguir a variação do preço internacional dessa commodity. Sendo assim, o aumento ou a redução dos preços dos combustíveis acabam por influenciar o custo de uma gama de bens, produtos e serviços, que por fim impactam a inflação negativamente ou positivamente. Ou seja, a inflação não pode ser utilizada como uma referência para analisar se a variação dos preços dos combustíveis faz sentido ou não.
De qualquer forma, dentro do contexto acima, o IBOV futuro fechou a semana rompendo (mais uma vez) para baixo tanto o canal de alta marcado pelas linhas tracejadas em verde, como o retângulo em roxo desenhado na figura abaixo. Graficamente, precisamos de pelo menos de mais essa semana para confirmar se esse foi um rompimento de fato ou um rompimento falso, e provavelmente mais algum tempo para saber se teremos um topo e um fundo descendente em sequência, para confirmar se haverá uma reversão de tendência no diário.
O dólar por sua vez (USD/BRL) acabou fechando a semana praticamente no breakeven (zero a zero). Como a moeda americana se desvalorizou frente às principais moedas do mundo, conforme pode ser visto pelo índice DXY a seguir, a correlação inversa que costumeiramente vemos entre o dólar e o nosso índice aqui acabou se dando de forma mais amena.
Em termos de notícias lá de fora, o Brexit foi adiado a princípio para até dia 31 de outubro deste ano. As conversas entre EUA e China continuam e há um bom grau de otimismo que o acordo comercial entre as duas principais potências econômicas do mundo será selado dentro em breve. Desta forma, os índices americanos (que estão chegando perto de suas máximas históricas) e o alemão (que acabou de romper a sua linha de tendência de baixa que vinha deste o início do ano passado) fecharam a semana com uma leve alta. A grande questão é se essas altas são sustentáveis ou não (e se sim, por quanto tempo).
O preço do barril de petróleo engrenou uma alta e vem operando nesse momento na casa dos quase USD 64/bbl. A alta vem se dando basicamente pelo corte considerável no nível de produção em março pela Arábia Saudita e pela redução na contratação de sondas de perfuração de poços nos EUA (que é um indicador de queda na produção). Desta forma o preço do barril já vem trabalhando acima da abertura do ano passado, conforme pode ser visto no gráfico abaixo:
Na tabela a seguir, podemos ver como alguns ativos se comportaram na semana que passou.
Olhando para o calendário econômico, a semana terá eventos importantes, como o índice de atividade industrial na Alemanha, EUA e China, e PIB do primeiro trimestre deste último também. Sumarizamos abaixo, o calendário divulgado pela Investing.com, filtrando apenas os eventos que normalmente trazem mais volatilidade aos mercados.
Forte abraço, e....
Bora pra cima !!!