Foi decretado o fim
Foi aprovada na terça-feira, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a admissibilidade do texto da Reforma da Previdência de Bolsonaro. A despeito de muitos discursos inflamados, foi ampla a margem de votos: 48 a favor, 18 contra.
Uma vez aprovado na CCJ, o texto segue para uma Comissão Especial, ainda na mesma Casa Legislativa.
Alguns pontos dessa primeira negociação entre os parlamentares merecem destaque. Sinais da chamada "Nova Política", que decreta o fim da distribuição de cargos e do "toma-lá-dá-cá".
Aprendendo a dançar conforme a música
Primeiramente, houve uma alta renovação na Câmara e no Senado, inclusive com vários parlamentares assumindo um mandato pela primeira vez. Grande parte desses novos legisladores eram da base aliada ou do partido do Presidente, e venceram puxados pelo seu grande prestígio nas eleições.
Esses novos congressistas demoraram um pouco para entender o jogo político e a necessidade da presença durante as Comissões e do apoio aberto à reforma. Isso resultou em dias icônicos, como a briga entre Paulo Guedes, a "Tchutchuca dos Banqueiros", com Zeca Dirceu.
Esse amadorismo pode ter dado uma falsa ideia de que a reforma estava sem apoio, inclusive dentro da própria base. Esses parlamentares estão aprendendo – e, segundo o Presidente, estão aprendendo rápido – e devem estar mais presentes e vocais daqui para frente, melhorando o sentimento de apoio e liderança.
Tira aqui, tira ali...
Outro ponto é que, em uma prática pouco comum, foram retirados algumas medidas polêmicas da Reforma já na CCJ.
Alguns dos itens retirados foram:
1) Não-obrigatoriedade do recolhimento do FGTS e multa de 40 por cento sobre o mesmo no caso de contratação e demissão de aposentados, que a Reforma inicial tinha colocado para tornar o empregado aposentado mais atrativo para o mercado e trabalho;
2) Aposentadoria compulsória do funcionalismo: isso era importante, pois poderia fazer com que o Bolsonaro pudesse nomear alguns ministros do STF - mas foi retirado do texto.
3) Possibilidade de mudanças na aposentadoria por Lei Complementar, não sendo necessário passar qualquer nova mudança pelo Congresso. Esse item foi retirado do texto.
4) Definição de que qualquer ação judicial referente a aposentadorias tenha de ser, necessariamente, protocolada na Justiça Federal de Brasília.
Esses pontos não mudam em nada a expectativa de economia esperada pelo Governo. Inclusive, os itens 2 e 3 eram bem improváveis de vingarem. Mas é uma derrota já terem saído tão rápido do texto original.
Por fim, fica a impressão de que o Governo precisa achar uma moeda de troca poderosa – uma vez que não será a distribuição de cargos – para negociar com os Parlamentares em troca do apoio à Reforma, sob risco da desidratação ampla do texto e da redução da economia de 1 trilhão perseguida por Paulo Guedes.
O tamanho da Reforma
A tabela abaixo, retirada da Bloomberg, mostra que a maioria das casas espera que haja uma grande desidratação da reforma, com economia de pouco mais que a metade do que pretende o Ministro.
Se isso ocorrer, embora tenhamos resolvido o problema do déficit por 4 ou 5 anos, teremos que rediscutir a trajetória altista da dívida novamente lá na frente, não permitindo uma redução mais agressiva da nossa taxa de juros.
Riscos, dilemas e oportunidades
Isso tudo para dizer que temos uma situação dificílima pela frente. Uma das negociações mais duras que já vimos nos últimos anos. E o governo terá que encontrar rápido o seu caminho, sob o risco de não conseguir aprovar uma boa Reforma que dê o ânimo necessário para nossa fraca economia.
Essas dificuldades também geram oportunidades. E isso é o mais importante para você!
Muitas Ações ainda estão esquecidas, esperando as notícias positivas da reforma da previdência…
Muitos investidores estrangeiros estão aguardando a reforma para entrar no Brasil…
Muitos investimentos estão a um passo de serem aprovados…
Muitas fusões e aquisições estão à beira de acontecerem…
E muitas ações estão a um pulo de mudar de patamar de valor…
Quem entrar depois que a Reforma estiver bem encaminhada vai ganhar bem menos, ou quase nada.
Por outro lado, pode ganhar muito dinheiro quem entrar antes e tomar o risco.
Os Juros são como Ações caras
Mas tomar risco não é algo que fazemos de forma irresponsável: em épocas de mercado binário desse jeito, o risco deve ser tomado em Ativos que têm alto potencial de retorno, mas que são tão baratos que, se a Reforma não passar, vão continuar baratos como sempre estiveram.
Os Juros, por exemplo, não têm nesse momento um bom risco vs retorno: estão no nível mínimo histórico, e podem subir muito caso a Reforma não resolva o problema da dívida. Fazendo um paralelo, o juro é como uma Ação cara, que já subiu muito, e pode até subir mais... mas, caso o cenário piore, seria o primeiro candidato a cair muito.
As ações de Small Caps, por outro lado, são as grandes candidatas a valorização da vez. Elas foram esquecidas durante essa última alta da Bolsa: como de costume, o mercado preferiu as Ações mais líquidas. As Small Caps seguem baratas, mas mantém um maior potencial de lucro se tudo der certo.
Vamos continuar de olho nessas sessões, e posicionando nossas carteiras de investimento enquanto a confusão política rola solta!
Mas fique tranquilo: ninguém disse que seria fácil. No final, porém, a recompensa para os que souberam posicionar seus investimentos irá justificar toda a jornada.
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