Apesar da discussão recente sobre BRICs, o bloco teve a sua formação iniciada em meados de 2009, pós-crise financeira de 2008. O agrupamento representa uma colaboração estratégica entre emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Há alguns meses, no entanto, uma discussão sobre o fortalecimento da cooperação com a entrada de países como Arábia Saudita e Irã, trouxe uma nova perspectiva para a economia global. E isso pode trazer algumas oportunidades para os investidores.
Vale ressaltar, no entanto, que existem ressalvas a serem feitas. Em quase todos os artigos preparados para este espaço, comento sobre a importância da diversificação com foco no gerenciamento de riscos.
Um dos grandes pontos de atenção diz respeito à perspectiva de mudança de uma PAX Americana para o início de uma era liderada pela China. Poucas pessoas devem discordar que a probabilidade de um conflito entre as duas grandes potências não é das menores.
A discussão em torno de Taiwan e a guerra entre Rússia e Ucrânia são exemplos do que quero dizer.
Nos dois casos existem membros relevantes do BRICs envolvidos diretamente.
Em outras palavras, o desafio à ordem global atual pode resultar em tensões geopolíticas e em uma possível reconfiguração das alianças internacionais.
Por outro lado, especialmente com a discussão da entrada da Argentina no bloco, é importante dizer que os integrantes do grupo têm economias, no mínimo, desorganizadas.
Mesmo a China, com toda a sua potência, tem enfrentado problemas atualmente.
Ou seja, com o fortalecimento e influência cada vez maiores do BRICs, há o aumento das probabilidades de crises financeiras mais profundas uma vez que os problemas de um país podem afetar os demais, assim como no caso da Zona do Euro.
Até aqui, você pode estar se perguntando qual o tamanho do meu pessimismo, mas a verdade é que eu ainda não tenho elementos suficientes para formar opinião sobre o assunto.
Contudo, ao mesmo tempo em que os riscos estão presentes, as oportunidades também.
Neste sentido, vale ressaltar que as taxas de crescimento dos países emergentes tendem a ser maiores que as de economias desenvolvidas, o que oferece um potencial de investimento interessante, especialmente em setores como o de infraestrutura e saneamento.
Brasil, Rússia e África do Sul são conhecidos pela riqueza de recursos naturais. Com a possível entrada da Arábia Saudita, a produção global de petróleo, por exemplo, estará concentrada em grande parte dentro do bloco.
Isto sem falar na agricultura. Nós, por exemplo, caminhamos para ser o principal produtor de alimentos do mundo em alguns anos segundo algumas projeções, à frente dos Estados Unidos.
No potencial tecnológico, China e Índia já são líderes globais no assunto.
Os chineses contam, por exemplo, com uma abordagem focada na educação científica, matemática, engenharia e tecnologia. O objetivo do governo ao criar o sistema foi o de formar uma base de trabalhadores altamente qualificados. Fora os investimentos em P&D que têm colocado o país entre os líderes mundiais do mercado tecnológico.
Já os indianos são reconhecidos pelos talentos de seus empresários, cientistas e engenheiros. A população do país é jovem e, apesar de problemas estruturais na sociedade - o sistema de castas é bastante prejudicial a mulheres e homens -, o inglês como língua secundária e os investimentos em pesquisa colocam a Índia entre as prováveis grandes potências dos próximos anos.
Existem ainda uma série de pontos positivos e negativos sobre os BRICs sobre os quais não caberia a discussão em apenas um artigo. Porém, como eu disse mais acima, é preciso ter cautela uma vez que as economias dos países que formam este bloco apresentam ainda muita instabilidade.
As oportunidades para os investidores existem e devem ser consideradas para a construção de um portfólio diversificado e saudável.
Contudo, como eu sempre enfatizo, é importante criar uma carteira com ativos descorrelacionados entre si para aproveitar os períodos de cada ciclo.
Pense nisso e bons negócios!