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Qual o conceito técnico mais importante de Finanças para você?

Publicado 01.02.2024, 06:00

Respondendo de maneira muito sincera, penso que o conceito mais importante de Finanças é o do valor do dinheiro no tempo. Se você parar para pensar, ele permeia (quase) tudo em Finanças. Quando calculamos o custo de capital (WACC) de uma empresa ou a taxa adequada de rentabilidade dado o risco de um investimento, lá está ele. Quando tomamos decisões financeiras pessoais como comprar à vista ou parcelado, financiar um imóvel ou morar de aluguel e juntar o dinheiro etc., o conceito do valor do dinheiro no tempo estará no cerne da questão. E mesmo quando falamos de temas que parecem distantes ou isolados, como por exemplo os relacionados a questões ambientais, sociais e de governança (ESG ou ASG, na sigla em português), não são raras as situações nas quais este conceito se apresenta. Se você pensou em outro conceito ainda mais importante, não deixe de compartilhar com a gente nos comentários abaixo!

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Esse artigo tem o objetivo de apresentar esse conceito de maneira clara e precisa, pois vejo muita confusão a seu respeito por aí. Vamos lá? Então, pense e responda sinceramente o que você prefere: receber 100 prestações mensais de R$ 1.000,00 a partir de hoje ou a quantia de R$ 99.000,00 à vista em sua conta bancária? Pausa para refletir e responder.

Eu, você e a maioria absoluta das pessoas (senão todas elas) prefere a quantia de R$ 99.000,00 à vista, apesar de 100 vezes R$ 1.000,00 resultar num montante maior: R$ 100.000,00. Mas o que está por detrás dessa nossa decisão? O conceito do valor do dinheiro no tempo. É um conceito básico? Penso que sim, porém não quer dizer que todos o utilizam corretamente.

Em minhas aulas sobre este assunto, costumo dizer algo repetidamente: “um real hoje não é igual a um real amanhã. Um real hoje vale mais do que um real amanhã”. Em consequência, um real hoje mais um real amanhã não resulta em dois reais nem hoje, muito menos amanhã! Ficou confuso? Reflita: um dólar mais um real resultam em dois reais? E em dois dólares? Não, né! Da mesma forma, 100 prestações de R$ 1.000,00 não resultam em R$ 100 mil hoje (isto é, em dinheiro de hoje). Sim, os exemplos são comparáveis: assim como dólar e real são moedas diferentes e uma precisa ser convertido no outro para que possamos fazer contas e comparações, o real de hoje é como se fosse uma moeda diferente e, na verdade, mais valiosa do que o real de amanhã, de forma que precisamos fazer também o devido ajuste.

Se você pensou na inflação para explicar o efeito do valor do dinheiro no tempo, pensou certo e este é um argumento irrefutável: a mesma monetária que compra um cacho de bananas hoje muito provavelmente não será suficiente para comprar o mesmo cacho daqui a um ano, pois a inflação fará com que o preço da banana aumente. Sim, este é um belo argumento, mas o que torna a história ainda mais interessante é que mesmo num país com inflação zero, o dinheiro de hoje vale mais do que o dinheiro de amanhã, você sabia disso?

Por que preferimos os R$ 99.000,00 hoje em vez das 100 prestações de mil reais? Em poucas palavras, porque os R$ 99.000,00 valem mais do que os R$ 100 mil divididos em várias prestações! E o motivo é simples: se você recebe R$ 99.000,00 hoje, é possível fazer muitas coisas com esse dinheiro. Por exemplo, você pode quitar uma dívida com o cartão de crédito que está cobrando 8% de juros ao mês! Ou então, pode dar entrada em um apartamento, comprar um carro à vista (com um belo desconto!) ou mesmo investir comprando algumas ações de empresas que você confia ou cotas de um bom fundo de investimento. O dinheiro na mão oferece oportunidades, sem falar que ele pode até servir como uma reserva de segurança para qualquer necessidade inesperada. Neste contexto, falamos em custo de oportunidade, que na verdade refere-se ao custo da falta do dinheiro, o que, por si só, gera valor do dinheiro no tempo.

Além da inflação e do custo de oportunidade explicado, há ainda um terceiro argumento para, em muitas situações, preferirmos “menos dinheiro” hoje em vez de “mais dinheiro” no futuro: o risco. Quando recebe o dinheiro antes, você dissipa (naquele momento) todo o risco de não o receber. Logo, ceteris paribus, preferimos receber um real hoje a receber um real amanhã porque de hoje para amanhã algo pode acontecer que coloque em risco esse um real.

No mundo corporativo, o custo do valor do dinheiro no tempo se resume a uma taxa de juros que serve para a empresa tomar decisões financeiras, sejam de investimento ou de financiamento. Os montantes futuros são então ajustados por esta taxa e comparados ao montante total presente para balizar a melhor decisão. Esta taxa de juros que ajusta o valor do dinheiro no tempo, no âmbito corporativo, é conhecida como custo de capital e trata-se de uma das mais importantes medidas corporativas. No campo de finanças pessoais, a ideia é muito semelhante, mas este custo de capital pessoal varia muito de pessoa para pessoa. Por exemplo, para quem está endividado com cartões de crédito e cheque especial, o custo de capital atinge patamares bem superiores ao custo de capital de uma pessoa bem-organizada financeiramente. E lembre-se: quanto menor o seu custo de capital, melhor para você (pois é um custo e não algo positivo!).

Voltando ao nosso exemplo inicial, suponha que eu te pergunte o seguinte: por qual quantia depositada hoje em sua conta você abriria mão de 100 prestações mensais de R$ 1.000,00? Corroborando o parágrafo acima, cada pessoa tem oportunidades e necessidades distintas, de modo que diferentes pessoas podem ter diferentes respostas. Se eu tenho uma dívida na qual pago juro de 8% ao mês, é possível que valha a pena trocar as prestações de mil reais pela metade à vista, ou seja, R$ 50 mil. Mas se eu estou organizado financeiramente, sem necessidade imediata de dinheiro, meu “desconto” será bem menor.

Esse é o conceito de valor do dinheiro no tempo: importantíssimo e irrefutável. Porém, percebo no dia a dia que nem todos o conhecem e, principalmente, o utilizam. Vou compartilhar com vocês uma história real que aconteceu comigo. Outro dia, estava comprando um móvel para minha casa e negociei um valor abaixo de tabela, algo como R$ 10 mil. Estava preparado para pagar o valor à vista, pois achava que aquele valor já estaria justo, mas o vendedor me disse que eu poderia parcelar no cartão de crédito em 10 vezes de R$ 1.000,00. Neste momento, agradeci pela opção de pagar parcelado, mas perguntei quanto ele faria se fosse à vista. Ele reagiu um tanto quanto chateado dizendo que o preço já havia sido negociado e que, portanto, não daria mais nenhum desconto.

Percebi naquele momento que nosso amigo vendedor desconhecia por completo o conceito de valor do dinheiro no tempo. Eu não estava pedindo nenhum desconto adicional no valor do bem comprado, pois de fato já havíamos negociado. O que eu estava querendo era antecipar as 10 prestações de R$ 1.000,00 oferecidas por ele para pagamento imediato. Em outras palavras, era como se eu perguntasse a ele: qual o valor à vista equivalente a 10 prestações mensais de R$ 1.000,00? Como ele não entendeu, até para poupar o nosso tempo, disse que tudo estava certo e que pagaria em 10 vezes no cartão de crédito (por que pagar em 10 vezes sem absolutamente nenhum desconto para pagamento à vista é a decisão que mais privilegia o meu dinheiro).

Note que o desconhecimento do conceito de valor do dinheiro no tempo fez o vendedor perder uma oportunidade de fazer um negócio ainda melhor comigo, pois eu estava propenso a pagar à vista mesmo que com uma diferença muito pequena. Isto porque o meu custo de oportunidade é seguramente menor que o custo de oportunidade da loja, o que faz com que exista um desconto que seja bom para mim e ótimo para a loja. Em outras palavras, ele poderia ter me oferecido um preço à vista que gerasse mais valor para a loja do que as 10 prestações de R$ 1.000,00 (como por exemplo, R$ 9.700,00). O vendedor, porém, por falta de conhecimento do conceito do valor do dinheiro no tempo, perdeu uma boa oportunidade de gerar valor para a sua loja: ele não entendeu que em vez de um desconto, eu estava oferecendo a ele a possibilidade de fazer um negócio ainda melhor. Sempre haverá um valor (menor que a soma das prestações) que torne o pagamento à vista mais vantajoso para o vendedor - esse é o ponto aqui!

Infelizmente, ainda é comum (principalmente em compras online) a negligência do conceito de valor do dinheiro no tempo (isto é, uma compra de 10 x R$ 1.000,00, por exemplo, ter como alternativa R$ 10.000,00 à vista). Nesse caso, é claro, opto pela compra parcelada, mas sempre fico com o gostinho amargo de estar pagando além do que deveria: você já parou para pensar que, nessas situações, somos forçados a pagar o custo de oportunidade de quem está nos vendendo aquele produto ou serviço?

Para você que tem seu negócio próprio, deixo um conselho: considere sempre o valor do dinheiro no tempo ao ofertar formas diferentes de pagamento. É mais justo e você não obriga ninguém a pagar o seu custo de oportunidade. Além disso, você agrada aqueles clientes que querem pagar menos à vista sem tirar a opção de parcelamento daqueles que não têm condições de comprar à vista. E, não menos importante: isto é estrategicamente interessante para o seu negócio porque tende a aumentar o número de clientes satisfeitos e estimular o pagamento à vista, o que aumenta a liquidez e reduz o seu custo de capital. Afinal de contas, sempre existirá um ponto de equilíbrio para o qual quem vende estará tão contente com o pagamento a prazo quanto com o pagamento à vista.

E aí, gostou do nosso papo de hoje? Comente abaixo, pois costumo ler tudo que vocês escrevem e responder a todas as perguntas que, porventura, surjam. Para saber muito mais e acompanhar todo o meu trabalho, fica o convite para me seguir (@carlosheitorcampani) no Instagram, no LinkedIn e no Youtube.

* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Certificado pelo CNPI e Pesquisador da ENS – Escola de Negócios e Seguros. Além disso, ele é Diretor Acadêmico da iluminus – Academia de Finanças e Sócio-Fundador da CHC Treinamento e Consultoria. Campani pode ser encontrado em www.carlosheitorcampani.com e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na quinta-feira.

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