Protecionismo – Como o Novo Tom de Mercado Afeta o Brasil?

Publicado 24.03.2017, 15:18

Muito se tem visto sob a conturbada situação do “vai não vai” da política que Trump quer forçar no mercado a todo custo se utilizando de terrorismo midiático para tal (seja em entrevistas nas grandes mídias ou em sua “metralhadora social particular’, o Twitter).

Porém, dado o episódio recente da não obediência do congresso em sua aprovação contra o Obamacare, esse poder de coesão parece ter sido testado (e vencido) pelos seus opositores, e pior, também pelos seus aliados.

Mas engana-se quem pensa que o sentimento de impotência aflorou no presidente. Besteira. Trata-se de um governante megalomaníaco que não está acostumado a receber “nãos” como resposta e fará de tudo ao seu alcance para realizar a maior parte de suas propostas que foram base de sua eleição, dentre elas i. retomada de crescimento econômico, ii. Melhora no desemprego trazendo postos de trabalho para dentro do país e iii. Construção do muro.

O tema do presidente está mais para algo como “se não pode vencê-los, ignore eles”. Prova disso é o fato do Acordo Transpacífico ter sido anulado ao gesto de uma simples assinatura, a famosa “canetada”, onde o Trump, que sempre foi crítico ao projeto, aproveitou de seus poderes para impor o seu desejo.

O acordo, que até então seria o maior acordo econômico já desenvolvido , traria um grande avanço no que consideramos como integração comercial e globalização de mercados, unificando sob um mesmo teto o grupo de 12 países que juntos representariam 40% do PIB global.

transpacífico

O maior acordo econômico global desfeito em apenas uma canetada. Dá pra acreditar?

E parece que é isso que ele quer fazer daqui para frente... colocar tudo sobre seu próprio aval, dando a si e à sua equipe a decisão de tomar as rédeas a situação econômica dos Estados Unidos.

Se não pode vencê-los, ignore eles!

Segundo informações vazadas da Casa Branca, o presidente Trump também estaria cogitando não mais obedecer a Organização Mundial do Comércio quando esta chamar à a tenção dos EUA em casos de favorecimento comercial.

Caso isso aconteça, este seria um dos maiores baques no que se refere ao comércio internacional de bens e serviços, com os mercados à barbárie da época em que haviam guerras cambiais e fiscais declaradas abertamente entre países.

Decididamente não é isso que nós queremos. A estabilidade da economia mundial depende hoje de órgãos que regulem e acompanhem o mercado e determine o que pode ou o que não pode. O que é justo e o que é injusto.

E é por isso que esses órgãos máximos existem. Para trazer estabilidade aos investidores, sejam PF ou PJ e trazer confiança aos mercados.

Antes quem dava às costas para tais acordos, como é o caso da China, hoje está assumindo o posto de novo defensor do comércio bilateral e das relações exteriores com discursos como o do Ministro das Relações Exteriores chinês que disse: “Manter um sistema multilateral justo e aberto com a OMC em seu centro beneficia o crescimento econômico global e é do interesse de todos”.

Será que os papéis de vilão e mocinho se inverteram no mundo dos negócios?

Brexit, Le Pen, Merkel e Wilders.

Além dos Estados Unidos, quem sofreu (e sofre) recentes ondas de separatismos e populismos são os países da Europa.

Com o início autorizado pelo parlamento e pela rainha, o Brexit finalmente sairá do papel e terão início no fim de março as primeiras discussões sobre os termos do tratado que será firmado ao final da separação Reino Unido e União Europeia.

O processo será conturbado e longo, podendo ser facilitado ou complicado de acordo com os membros que farão parte de sua discussão. Isso por que o ano de 2017 é recheado de troca de poderes na Europa com os principais países da UE em eleições como na Holanda, na França e na Alemanha.

Na Holanda, onde a eleição já ocorreu, o candidato da extrema-direita Geert Wilders, o Trump holandês, perdeu a eleição para o centrista Mark Rutte. Na França a candidata Marine Le Pen, também extrema direita, possui alguma relevância e poder eleitoral. Por fim, na Alemanha, vem com força o partido extremista que ameaça a instabilidade de Merkel em comandar pelo lado da Europa as negociações do Brexit.

Conforme pode ser percebido, os partidos de extrema direita com defesas anti-imigração, anti-globalização, anti-mercado livre tem ganho voz entre a população que se diz insatisfeita com a situação de seus próprios países nas áreas mais afetadas pelas ondas migratórias como emprego e saúde, reinvindicações estas que trouxeram Trump ao poder, reinvindicações estas que também podem tirá-lo.

E como isso impacta o Brasil?

Desta situação nós podemos tirar algumas conclusões:

a) O Trump tem bem menos apoio e força política do que ele achava.

b) Os próximos projetos dele devem ser menos radicais e apontar um consenso entre os líderes do seu partido.

c) A reviravolta (milagre) econômica que todos estavam esperando para o país pode demorar mais do que o esperado.

Levando em conta esses três pontos, podemos entender que, mesmo com a retomada da economia americana, os incentivos que o presidente prometeu podem ser mais demorados em sua aplicação e, portanto, o ritmo vai continuar o mesmo de hoje... crescimento constante, porém reduzido.


Isso da forças para que o FED mantenha sua política de juros baixos por mais tempo, posto que não se espera mais uma explosão na atividade econômica, o que implica alta na inflação e dai a necessidade de aumento dos juros..


Então no macro, a menor força de Trump mostra-se positiva no médio prazo para o Brasil que está em pleno movimento de redução de juros.

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