Na primeira quinzena de outubro, apesar do bom ritmo das exportações, os preços domésticos do milho se enfraqueceram na maioria das regiões pesquisadas pelo Cepea, sensíveis às variações do câmbio. Além da queda na paridade de exportação, compradores nacionais se retraíram no período, apostando em queda nos preços. Vendedores, por sua vez, seguiram priorizando a comercialização com o mercado externo, que ainda remunerava mais que o doméstico.
Já na segunda metade do mês, os valores voltaram a subir, recuperando, inclusive, as perdas das primeiras semanas. Além do forte aumento nos embarques nacionais do milho no período, o dólar voltou a se valorização frente ao Real e afastou vendedores do spot, elevando os preços internos do milho.
No mercado spot, na média de todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, houve ligeira alta de 0,1% no preço do milho no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e de 0,9% no de lotes (negociação entre empresas).
Quanto às exportações em outubro, somaram 5,55 milhões de toneladas, 74,5% a mais que em outubro/14 e 60% superior ao de setembro, segundo dados da Secex, e recorde mensal. Até então, o maior volume exportado, de 3,95 milhões de toneladas, havia sido observado em outubro/13.
Durante o mês, vendedores priorizaram o mercado externo devido aos maiores preços de venda. O preço médio do milho recebido pelo exportador em outubro foi de R$ 38,59/sc, considerando-se o dólar de R$ 3,879 no mês, ainda superior ao verificado no mercado spot (Campinas-SP), de R$ 32,82/sc no mesmo período.
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), teve alta de 0,8% em outubro, fechando a R$ 33,97/saca de 60 kg no dia 30. Se considerados os negócios também em Campinas, mas com prazos de pagamento descontados pela taxa NPR, a média à vista foi para R$ 33,49/sc, reação de 0,8%.
A expectativa de agentes é que as exportações continuem crescendo nos próximos meses, inclusive com bons volumes no primeiro trimestre de 2016. De fevereiro a outubro deste ano, 14,69 milhões de toneladas de milho foram exportadas e, para atingir as 27,24 milhões de toneladas estimadas pela Conab, os embarques precisariam registrar média de 4,18 milhões de toneladas em novembro, dezembro e janeiro. Se as exportações atingirem o volume estimado pela Conab, o estoque final da safra 2014/15 é previsto (também pela Companhia) em 14,44 milhões de toneladas, o maior na história.
Na BM&FBovespa (SA:BVMF3), em outubro, o contrato nov/15 caiu 2,8%, fechando a R$ 34,58/sc. Já Jan/16 subiu 0,3%, fechando a R$ 37,45/sc. O vencimento Mar/16 teve aumento de 3%, fechando a R$ 37,07 no dia 30.
Em outubro, o Deral/Seab apontou que 62% do milho segunda safra 2014/15 já havia sido comercializado, enquanto que, no mesmo período do ano passado, os negócios alcançavam 50%. Em Mato Grosso, os dados do Imea indicaram que a comercialização da safra 2015/16 de milho atingiu 44,77%, o maior adiantamento nos negócios já observados na história, enquanto da safra 2014/15 o número chega a 90,31%.
No campo, o plantio de milho primeira safra (verão) 2015/16 no Paraná atingiu 88% da área estimada, conforme dados do Deral/Seab do dia 26 de outubro. O Deral informou ainda que a área de milho da primeira safra deve ter redução de 19%, passando de 542,3 mil hectares para 437,4 mil hectares. A produção estimada também deverá cair 19% na comparação com a safra anterior, para 3,78 milhões de toneladas, ante as 4,66 milhões de toneladas. O rendimento esperado é praticamente o mesmo da temporada passada, de 8.642 kg/hectare.
No Rio Grande do Sul, dados da Emater indicaram que 70% da área destinada ao plantio do milho primeira safra 2015/16 (verão) já havia sido semeada até o final do mês. O relatório apontou que as lavouras do estado seguem com excelente desenvolvimento vegetativo, beneficiadas pelas altas temperaturas e boa umidade do solo.
No mercado internacional, os contratos na Bolsa de Chicago apresentaram comportamento misto durante o mês, ora sustentados por preocupações quanto à produtividade do cereal norte-americano, ora pressionados pelo avanço da colheita naquele país. Em outubro, dez/15 recuou 1,4%, fechando a US$ 3,8225/bushel (US$ 150,48/t) no dia 30. O vencimento mar/16 caiu 1,8%, a US$ 3,9150/bushel (US$ 154,12/t).
Análise sobre o mercado de milho elaborada pelo Cepea. Equipe: Prof. Dr. Lucilio R. Alves, Ana Amélia Zinsly, Débora Kelen Pereira da Silva, Rafaela Moretti Vieira, André Sanches, Camila de Oliveira Tolotti, Bárbara Alcântara G. de Oliveira, Camila Pissinato e Yasmin Pascoal