Na avicultura de corte, o principal custo é a ração. Usando os custos de produção calculado pelo CIAVS (Central de Inteligência de Aves e Suínos, da Embrapa Aves e Suínos), a ração participou com 67,9% do custo de produção de frangos de corte no primeiro bimestre, usando a referência para o Paraná.
Quando temos um sistema integrado de produção, o custo com a alimentação fica a cargo da indústria integradora. Com isso, podemos assumir que a relação entre os preços de venda (carne no mercado interno e externo) e a alimentação tem grande impacto no resultado dessas indústrias.
Como indicador de preço dessa ração, utilizaremos o milho, que é o principal componente da dieta de frangos de corte, compondo cerca de 65% da ração produzida em 2022, relação obtida pelo cruzamento das estimativas do Sindirações para a produção de rações para frangos (36,8 milhões de toneladas) e uso de milho pelo setor (23,9 milhões de toneladas).
Com isso, temos na relação entre os preços de venda (MI e ME) e o milho, um indicador interessante para o resultado dessas indústrias. Obviamente os custos possuem inúmeros componentes, mas essa comparação dos itens de maior peso é um indicador relevante.
A figura 1 mostra a relação entre o frango congelado e o milho, segundo referências do Cepea. Houve piora em relação aos melhores momentos de 2023. Ainda assim, o patamar observado no primeiro trimestre, até meados de março, de 6,9 quilos de milho por quilo de frango congelado, é 41,1% superior ao do mesmo intervalo de 2023 (4,9). Como pode ser visto na figura 1, é o melhor primeiro trimestre do intervalo analisado.
Figura 1. Relação entre o preço do frango congelado e o milho (quilos de milho por quilo de frango congelado).
Obs: dados parciais para março
Fonte: Cepea / Elaboração: HN AGRO
Para a carne exportada o cenário também é superior ao do início de 2023. Nos três primeiros meses do ano passado, a relação média foi de 7,0 quilos de milho por quilo de carne de aves exportada. No primeiro trimestre deste ano a relação está em 8,0 quilos, melhoria de 15,1% sob a perspectiva de quem compra o milho e vende as carnes (MI e ME), ou seja, a integradora.
Figura 2. Relação entre o preço da carne de aves exportada (quilos de milho por quilo de carne de aves exportada).
Obs: dados parciais para março
Fonte: Secex / Cepea / Elaboração: HN AGRO
Considerações
Nem só de milho é feito o custo da indústria, embora ele seja o destaque.
Quando analisamos a relação entre os custos com nutrição e o preço de venda estamos avaliando a margem de contribuição, que deve ser relacionada ao volume de produção e vendas.
Quanto aos abates totais (produção), os dados ainda são preliminares. Para as vendas, usando o mercado externo como referência, os embarques de carne de aves foram os maiores da história para um primeiro bimestre (744,6 mil toneladas), o que se soma positivamente ao contexto da boa relação com o milho, citada antes.
Esse cenário pode influenciar um aumento de produção nos próximos meses.