Durante o mês de janeiro pudemos acompanhar a preocupação de alguns especialistas de mercado sobre os riscos que envolvem as operações dos Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais). O medo é de inadimplência por conta das previsões pessimistas para a safra 2023/2024. A estimativa é de que haja queda de 4,2% na produção brasileira de grãos na safra atual em comparação com a anterior. Se isso ocorrer, a produção alcançará 306,37 milhões de toneladas ante 319,86 milhões do período anterior.
Junta-se à redução da produção outros fatores como alta do real perante o dólar e a inflação dos insumos que pode encarecer a produção. O maior medo é que os produtores não consigam honrar seus compromissos com os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e há Fiagros com bastante exposição a esses certificados. Entendo que há um certo exagero nesta previsão, até porque os fundos trabalham com garantias.
Além disso, a menor safra de grãos deve acontecer por causa de problemas climáticos. Ao que me consta, o aquecimento é global e não somente do Brasil. Portanto, os problemas que nos atingem, também atingirão outros países produtores. Isso traz à tona outro perigo, que é a diminuição da oferta de grãos. E todos sabemos que oferta menor eleva preços, principalmente porque a demanda por alimento não vai diminuir.
Câmbio e taxa de juros flutuam conforme o momento e influenciam não só em Fiagros, mas em qualquer tipo de investimento. Trata-se de um tipo de volatilidade já absorvida pelo mercado. Fiagros não foram criados com base em um cenário específico que, se alterado, coloca tudo a perder.
Devemos lembrar que os fundos foram criados com a nobre função de serem mais uma ferramenta de financiamento da cadeia produtiva do agronegócio. Prestem atenção: cadeia produtiva e não apenas agricultura ou pecuária. Isso significa, que gestores podem criar fundos para financiar fábricas de fertilizantes, de defensivos, de máquinas agrícolas, construção de silos, projetos de biotecnologia e muitos outros empreendimentos que atendem ao setor.
Mesmo que a safra seja menor, é preciso compreender ainda que o agronegócio tem necessidades que se apresentam como grandes oportunidades para os investidores e isso é ótimo para o Fiagro. Para se ter ideia, estima-se que o agronegócio precise de R$ 850 bilhões a R$1 trilhão em financiamentos. O Plano Safra 2023/2024 anunciado pelo governo prevê R$ 364,2 bilhões para crédito rural.
E o restante do dinheiro? Bom, o valor faltante será coberto, em parte pelos bancos e em parte pelo mercado de capitais, onde o Fiagro está inserido. E o melhor de tudo é que não existe concorrência e sim complementaridade entre esses três modos de financiamento. Não se trata de um tentando tomar mercado do outro e sim de muita demanda para pouca oferta.
Ora, se há pouca oferta, há oportunidades para criação de novos fundos, já prevendo o cenário futuro. Mas, e os fundos que já existem, cuja estratégia teve como base outro cenário? O fato é que, se os gestores tiverem feito a lição de casa, diversificado as carteiras e exigido as garantias necessárias, não há com o que se preocupar. Eis a importância do investidor observar todos estes pontos antes de aportar o seu capital.
O mercado de Fiagros fechou o ano de 2022 com 51 fundos e patrimônio líquido de R$ 11,9 bilhões. Em dezembro de 2023 a quantidade de fundos já havia aumentado para 89 e o patrimônio para R$ 20,6 bilhões, praticamente o dobro. O movimento continuará em 2024, que será marcado pela entrada da regulamentação definitiva e novos investimentos.
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