Após meses de alta em 2020, o mercado imobiliário entrou em 2021 otimista, pronto para brilhar pelo segundo ano consecutivo, mas infelizmente a realidade foi contrária às expectativas. Os relatórios operacionais divulgados pelas maiores incorporadoras do país mostraram estagnação das vendas, apesar do setor ter ampliado os lançamentos.
Novo panorama de juros em 2021
Olhando para o ano passado, de modo geral, tinha-se a expectativa de um superciclo imobiliário, mas o cenário mudou por conta da inflação mais forte, que fez os juros subirem rapidamente, além das crises políticas, reformas tributária e administrativa paradas e o fiscal comprometido.
Analisando o 1T e o 2T de 2021, foram positivos para as principais construtoras que ainda estavam com um ritmo de lançamentos e vendas interessantes, mesmo com inflação e juros subindo.
Porém, a partir do 3T21, nota-se que as ações das grandes incorporadoras negociadas na Bolsa de Valores brasileira sofreram mais com a escalada dos juros e forte alta dos custos com materiais de construção.
Para o balanço operacional do 4T, acreditamos que deva ser parecido ao desempenho apresentado no 3T21, com desaceleração dos lançamentos e queda nas vendas. Algumas construtoras sinalizaram, inclusive, possível redução do guidance de lançamentos para 2022.
O que esperar para as ações do setor?
Em 2021, os papéis das principais construtoras acumularam uma desvalorização de:
- Gafisa (SA:GFSA3): -52,9 por cento
- Eztec (SA:EZTC3): -50,3 por cento
- Trisul (SA:TRIS3): -47,9 por cento
- Cyrela (SA:CYRE3): -42,1 por cento
- Even (EVEN3 (SA:EVEN3)): -38,5 por cento
- MRV (MRVE3 (SA:MRVE3)): -33,3 por cento
Fonte: Bloomberg
Considerando todos os pontos anteriormente elencados, avaliamos que é difícil opinar se as ações do setor vão continuar em forte queda.
Contudo, tendo em conta que as perspectivas para a economia brasileira vêm piorando, espera-se que os lançamentos e as vendas para este ano continuem impactados, o que acaba pesando nos resultados. Sem resultados ou expectativas de crescimento dos resultados, o mercado tende a continuar penalizando as ações do setor.
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As construtoras estão baratas? Sim!
A avaliação, por ora, segue de que as construtoras estão baratas, com base nos múltiplos, e negociando abaixo do valor patrimonial. Entretanto, é preciso uma análise mais aprofundada para compreender quais são as perspectivas e a capacidade dessas empresas de voltarem a crescer.
Fonte: Bloomberg
De toda forma, é para se ter no radar as ações da EZTEC e da Trisul por serem empresas mais resilientes em ciclos desfavoráveis, como demonstraram em 2015, quando se saíram bem da crise enquanto outras do setor quase quebraram.
Por fim, a MRV, que tem forte demanda por imóveis econômicos por meio do programa Casa Verde e Amarela (CVA) e operações nos Estados Unidos.
Nossas Preferências em outros setores
Aqui, vamos deixar duas recomendações. A primeira é a Ambipar (SA:AMBP3), empresa que atua no setor de gestão ambiental e possui 40 por cento da sua receita em dólar, com subsidiárias nos EUA e Europa, portanto tem baixa exposição à economia doméstica.
Segundo, a XP (SA:XPBR31) XP (NASDAQ:XP), que segue gerando receita com a migração dos investidores para a renda fixa, apesar do mercado de renda variável menos atrativo.
Para ele, ambas as empresas devem continuar com um crescimento elevado mesmo com o cenário desfavorável no Brasil.