Efetivamente não há a menor razoabilidade na abrupta mudança de humor no desempenho da B3 que de uma queda expressiva de 2,85% quase fechou o pregão “zerada”, difícil de entender este comportamento, visto que houve fatores muito pontuais focando a economia americana.
A justificativa para a queda era a aversão ao risco por parte dos investidores estrangeiros e o risco presente de uma segunda rodada da pandemia do coronavírus perceptíveis em economias que já davam “os passos iniciais” para a retomada, perfeita, pois são fatores que revertem a postura dos investidores ao conceito defensivo e isto, evidentemente, afeta os países emergentes.
O mercado americano sinalizou um dia negativo, porém ao final do dia após decisão do FED de aplicar abordagem de indexação à sua linha de crédito corporativo no mercado secundário para criar um portfólio mais diversificado. A recuperação no mercado americano se deu mais nas ações cíclicas.
Os emergentes mesmo que não tivessem os mesmos fatores americanos tinham o viés negativo pela expectativa de que o fluxo de investidores estrangeiros que haviam decidido correr o risco nos emergentes focando melhor rentabilidade se insinuava absolutamente efêmero ante o cenário prospectivo, e também com grande concentração dos investimentos em ações cíclicas e de alta liquidez, mais fáceis de serem vendidas em caso de uma piora no cenário.
O preço das ações brasileiras “em dólar” face ao movimento pendular recente de baixa do dólar e alta do preço das ações indicava que poderia ter se exaurido as vantagens que as conduziu ao conceito barata. Os preços em reais haviam cedido algo em torno de 20% mas em dólar ia acima de 30% quando o rali com a participação dos investidores estrangeiros teve início, mas o ajuste foi muito rápido e pode ter exaurido esta atratividade.
Desta forma, o preço do dólar, sensor maior e prioritário do sentimento prevalecente no mercado, iniciou o dia já explosivo atingindo R$ 5,22, na mesma linha das demais moedas emergentes latinas e ao final do dia manteve o preço de R$ 5,15, porém mantendo a valorização de 2,0% enquanto o mesmo já não acontecia com as demais moedas latinas emergentes, deixando evidente que havia um conteúdo Brasil naquela exacerbação, atribuída por muitos a saída do secretário do TN, mas entendemos que havia efetiva tendência a saída efêmera do país dos investidores estrangeiros.
Com a alta do preço do dólar restabelece-se a atratividade das ações que retomam o conceito de ainda relativamente baratas, e isto poderá incentivar a B3 por mais um período, e induzir o preço do dólar a alta.
A própria decisão esperada da SELIC reduzindo mais o juro e o mercado conseguindo manter a moeda nacional mais desvalorizada, a despeito de provocar um prêmio de risco maior, deixa as ações mais baratas, e isto poderá dar uma sobrevida à valorização da B3, por esta razão pontual e não pelas perspectivas da economia brasileira que não referendam otimismo.
A B3 detém no momento ambiente bastante nebuloso e desprovido de fundamentos concretos, promovendo as mutações de comportamentos de forma muito pontual e não como reflexo da economia, até porque a rigor não a espelha, que neste momento, então a expectativa é que a redução da SELIC e a manutenção do dólar em patamar mais elevado permita um período, curto no nosso conceito, de alta na B3, para depois ocorrer rodada de realização.
É imperativo para esta sobrevida da valorização da B3 que o dólar mantenha o viés de alta, caso contrário poderá não se sustentar.
O fato a ser considerado é que o movimento da B3 pode até parecer que é sinérgico com o de NY, porém os fatores são diferentes. Lá as razões são a retomada da atividade econômica ainda que gradual e aqui é o conceito de “barata” para as ações cíclicas em dólares.
Contudo, à margem disto tudo há a ameaça de uma segunda rodada da pandemia do coronavírus nas economias que insinuam recuperação e isto é um fator imponderável e de forte impacto.