Os Estados Unidos sinalizavam estar na trajetória de forte recuperação sustentável no terceiro trimestre, e o dólar reagiu indicando consistente viés de valorização , contudo os sinais de aumento dos pedidos iniciais de seguro-desemprego e queda nas vendas do varejo trouxeram insegurança quanto a da dinâmica recuperação e permitindo especular-se que possa estar sendo interrompida, após, também e principalmente, um ressurgimento de casos de coronavírus em todo o país.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou quinta-feira que 1,4 milhão de pessoas entraram com pedidos de seguro-desemprego na semana encerrada em 18 de julho, contrariando as projeções em torno de 1,3 milhões, revelando um aumento de 109.000 em relação à semana anterior.
Os dados de junho com vendas no varejo voltando aos níveis pré coronavírus, outros indicadores, incluindo produção industrial e emprego, sinalizam que a atividade econômica geral "permanece significativamente abaixo dos níveis anteriores à pandemia", na consideração dos economistas.
O cenário potencial de uma recuperação mais lenta sugere que a retomada da atividade econômica pode não se confirmar em V como expectativa predominante.
Esta, digamos revisão ontem de um cenário visto com convicção recentemente, impactou fortemente no primeiro momento e provocou abrupta correção no comportamento do dólar ante as demais moedas que havia sido consistente nos últimos 3 dias, e, repercutiu também em Wall Street deprimindo o desempenho das bolsas, que os analistas procuraram mitigar como realização de lucros.
Curioso é observarmos que há alguns pontos sinérgicos com o quadro brasileiro, naturalmente considerando a dimensão das economias, mas observa-se que a crise da pandemia do coronavírus é uma ameaça a efetiva retomada da atividade econômica, e, compromete a expectativa de que a mesma ocorra no conceito V, o que também ocorre no Brasil, tese muito enfatizada pelo Ministro Guedes, mas que tem sinais que sugerem “tempestades” na trajetória que poderão a conduzir ao conceito U.
Por aqui, a indústria e o varejo deram sinais positivos e animadores, permitindo certo euforismo, mas a queda da atividade no setor de serviços quando se esperava ampla recuperação foi uma “ducha fria”, visto que o setor de serviços representa 70% do PIB e é grande gerador de emprego.
A realidade que aflora é que não há como considerar efetivos os movimentos das economias sem considerar o peso da crise da pandemia do coronavírus, pelo menos enquanto não se tiver a vacina e a sua disponibilização à população.
Entretanto, consideramos que a formação do preço do dólar no nosso mercado interno tende a estabilidade dada a inércia dos fluxos cambiais não sinalizarem perspectivas de pressões no nosso mercado de câmbio nem de oferta e nem de demanda, e com forte influência sinérgica com o comportamento do dólar no mercado global com prevalência dos mercados americanos.
Assim, como temos salientado os parâmetros que vislumbramos estão entre R$ 5,00 a R$ 5,50, dependendo do ambiente se benigno ou adverso, sendo o meio, R$ 5,25 o ponto de equilíbrio, e que neste momento o mercado está absoluto calmo, exceto quanto a volatilidade, não requisitando ou sugerindo qualquer interferência do BC.
A melhora do ambiente em torno do dólar no mercado global provocou a mudança de patamar do preço deprimindo até abaixo de R$ 5,10, o que já era expressivo para o real neste momento, pois há um enorme desafio à frente como a questão fiscal e o legado impertinente da pandemia que sequer sabemos como sairemos.
O fato em si, embora de curto prazo, foi determinante para motivar o desmonte significativo de posições especulativas no mercado futuro e que se evidenciou pela derrocada do preço de imediato, e que não devem ser restabelecidas, o que deve provocar diminuição do volume de contratos no mercado futuro de câmbio.
Então, o preço do dólar no mercado interno deriva, neste momento, diretamente do comportamento da moeda americana no mercado global, ressalvando que é confortável que a perspicaz e impertinente volatilidade que é absolutamente nacional esteja no foco do BC cada vez mais, que avança na identificação das causas, que no nosso entender passa pelo juro baixo praticado no país.