Muita gente lembra da cena emocionante de O Rei Leão na qual Mufasa e Simba estão na Pedra do Rei e o pai diz: “Olhe, Simba, tudo isso que o sol toca é o nosso reino!”. Acontece o mesmo quando uma empresa de energia passa por uma vasta extensão territorial: ela visualiza a passagem de torres de transmissão por algumas centenas de quilômetros — até onde o sol toca.
A única diferença é que, no longa-metragem da Disney (NYSE:DIS), Simba herdou as terras do reino, e no mundo real, essas empresas que detêm concessões de transmissão precisam ir atrás dos proprietários de terras para erguer suas torres e passar os cabos de alta tensão.
Indenizações pagas aos donos de terras estão mais caras
As empresas interessadas no próximo leilão do setor estão preocupadas com a alta recente no preço das terras em polos agrícolas.
Segundo relatório da consultoria IHS Markit, o valor médio de terras rurais, no primeiro trimestre de 2022, foi de 22.160 reais por hectare, equivalente ao crescimento nominal de +39,5 por cento comparado à média de 15.889 mil reais por hectare relativamente a 2021.
Segundo reportagem do Valor Econômico, o custo fundiário deve chegar a mais de 10 por cento do custo de implantação dos novos “linhões” e pode atingir até 15 por cento no caso de alguns dos lotes oferecidos. As indenizações costumavam ficar, normalmente, em cerca de 5 por cento do investimento total nos projetos, disse uma fonte ouvida pelo jornal, que preferiu não se identificar.
A reportagem apontou a valorização de commodities no mercado internacional como principal fator para o encarecimento das terras.
Impactos sobre futuros projetos de transmissão
A valorização de terras como ponto de atenção para os lances do próximo leilão de novas linhas de transmissão, programado para o dia 30 de junho, na sede da B3 (SA:B3SA3).
Com investimentos (Capex) mais apertados, a razão entre Receita Anual Permitida/Investimentos (RAP/Capex) fica menos interessante para as empresas do setor. Claro, isso faz todo o sentido, já que o retorno em relação ao investimento fica menos atrativo com volumes de investimentos mais elevados.
Por outro lado, a nosso ver, parcerias firmadas entre algumas empresas devem fortalecer a competitividade no próximo leilão.
Leilão de Transmissão deve ter maior oferta de investimentos
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a licitação do Leilão de Transmissão nº 1/2022 abrange 13 lotes e a manutenção de 5.425 quilômetros de linhas de transmissão.
A expectativa de investimento é de 15,3 bilhões de reais com previsão de 31.697 empregos diretos durante o período de construção das instalações.
Os empreendimentos, com prazo de conclusão de 42 a 60 meses, contemplarão os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.