Publicado originalmente em inglês em 18/05/2021
Após o ouro romper a resistência dos US$1870 por onça pela primeira vez desde janeiro, a prata, sua sombra, voltou a brilhar no patamar de US$28. A questão é: até quando vai durar esse bom momento e até onde o movimento pode chegar?
Como mostram os vários rompimentos dos últimos meses no par de metais, a longevidade é essencial. Geralmente, quando mais se precisava deles, nenhum foi capaz de manter o movimento de alta por muito tempo.
No caso do ouro, os pontos críticos neste ano foram os níveis superiores de US$1700 (finalmente rompidos no pregão da noite retrasada) e US$1880, abrindo espaço para ganhar os US$1900 neste momento. Na prata, os alvos são U$29-30 após a máxima de três meses e meio da terça-feira a US$28,89.
Ainda não se sabe se os rendimentos das T-notes de 10 anos e o dólar – que não teve vigor nas últimas duas semanas, permitindo a valorização do ouro – vão subir com força e acabar com a festa dos comprados nos metais preciosos.
Sim, podemos ver uma reversão, apesar de todos os rumores de alta da inflação a favor do ouro, que foi deixado de lado pelos bancos de Wall Street, mais afeitos aos yields e ao dólar diante da determinação do Federal Reserve de não elevar os juros a qualquer custo.
Não paramos de ouvir: “Desta vez, é diferente".
Ouvimos que desta vez o ouro tem chances de registrar uma nova pernada de alta e realmente fazer jus ao seu status de proteção contra a inflação.
Também ouvimos que a inflação extremamente aquecida – possivelmente a maior em mais de 30 anos – não deixará outra escolha ao Fed senão reduzir sua acomodação mais rápido do que se imaginava, dando força ao dólar e provocando a morte do rali do ouro tal como o conhecemos.
Caso o ouro caia e os yields e o dólar voltem a disparar, voltamos ao ponto onde começamos a discussão: será que a prata conseguirá se firmar sozinha?
Assim como o ouro, a demanda aquecida da indústria é um bom fundamento para a prata, que é o principal metal de condução elétrica e térmica.
E a ênfase industrial na prata não poderia ser maior do que no Green New Deal do presidente americano Joe Biden.
Biden busca zerar o volume líquido de emissões até 2050 e pretende gastar US$ 1,7 trilhão de recursos federais e levantar mais US$ 5 trilhões no setor privado e fundos de investimento locais para o chamado Green New Deal.
Nesse mundo, a prata é o “verdadeiro ouro”, ao permitir que a economia verde de painéis solares ilumine e forneça energia a casas e edifícios, além de armazenar energia em baterias que impulsionam carros elétricos, entre outros usos.
Mas esse mundo não deixa de ser uma hipótese futurística. A real questão é onde a prata está sendo negociada atualmente em comparação com o ouro. O valor independente da prata é determinado com base na relação de preços entre os dois metais, ou seja, quanto menor essa relação, melhor para a prata. No momento em que escrevo, a relação ouro-prata (quantidade de prata que uma onça de ouro consegue comprar) era de 65, apesar da sua maior propensão de cair mais.
Se o ouro continuar subindo, até onde pode subir?
A análise técnica feita pela consultoria S.K. Dixit Charting mostra que nenhum dos metais deve perder sua trajetória de alta no curto prazo, sendo que a prata pode superar a marca de US$ 35 por onça.
“Em perspectiva ampla, a prata precisa se sustentar acima de US$26,80 para atingir o próximo alvo a US$30,10, que será o ponto decisivo para o metal”, afirmou Sunil Kumar Dixit, grafista-chefe da empresa sediada em Kolkata, Índia.
“Se a prata encontrar compradores suficientes a US$30, veremos a próxima extensão de Fibonacci de 161,8% a partir da mínima de 20 de novembro a US$21,88 até a máxima de 21 de janeiro a US$30,06 em US$35,36.”
Dixit afirmou que a prata ganhou bastante força depois de superar os níveis de 50% a US$ 25,80 e de 61,8% a US$ 26,80.
Gráficos: cortesia de SK Dixit Charting
Dixit disse que a relação ouro-prata é outro fator que contribui para o sentimento de alta.
“A relação atingiu um estágio crucial. A perda de 62 abrirá caminho para uma redução ainda maior na relação, podendo alcançar 51”.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.