Matéria publicada hoje no Valor On Line traz uma boa notícia: o brasileiro vem poupando mais nos últimos meses. Não se sabe ao certo se este movimento é pontual, estimulado pela liberação dos recursos das contas inativas do FGTS, ou se começa a se formar na nossa população uma maior conscientização da necessidade de se ter uma reserva financeira, uma vez que a recessão recente foi bem mais dura para quem não dispunha de uma. Tomará não seja um fenômeno passageiro, precisamos poupar mais.
Além do caráter individual de proteção para emergências ou de fazer parte de um planejamento financeiro para aquisição de bens e aposentadoria, a poupança tem uma importância fundamental para o crescimento sustentável do País. Sem ela estamos fadados a ter um patamar de juros estruturalmente altos, o que desestimula o investimento.
Dentro deste contexto a reforma da previdência tem importância fundamental, a geração de nossos avós viveu com a crença de que, quando chegasse o momento da aposentadoria o INSS lhes proveria um salário digno e suficiente para manutenção dos seus padrões de vida. O mesmo se repete até hoje com os funcionários públicos que se aposentam com salário integral custeado pelo Governo. Logo, poupar para quê???
Segundo levantamento do Banco Mundial apenas 4% dos brasileiros se preocupam em poupar para a aposentadoria, ocupamos neste quesito uma das piores posições no mundo perdendo para nações pobres da África como o Congo. Resultado da cultura vigente de que o Estado deve ser o provedor da nossa renda na velhice, o que vem se mostrando ser insustentável.
É preciso que o "Social" seja melhor entendido quando o assunto é previdência pública, o Estado tem de ser responsável por prover a aposentadoria dos mais pobres, a classe média e principalmente a mais rica, deve ter sua poupança, seja via planos de previdência privada, seja via aplicações financeiras ou investimentos imobiliários, para dela retirarem sua renda no momento em que deixarem o mercado de trabalho, como acontece na maior parte do mundo.
Um nível maior de poupança por parte da população aumentará a nossa oferta de crédito, tornando o Brasil menos dependente da entrada de recursos externos para se financiar, isto resultará em juros menores para a população e para as empresas. Os investimentos em ativos fixos ficarão mais atrativos, nossa infraestrutura se desenvolverá, ganharemos competitividade, que se traduzirá em produtos mais baratos, mais empregos e melhores salários.
Urge a necessidade de adoção de medidas públicas que estimulem o brasileiro a poupar, pois sem poupança estamos fadados a mediocridade de um País de renda média.