Notícias ainda desencontradas pegaram o mercado brasileiro de surpresa no fim dos negócios desta sexta-feira (11). Inicialmente foi reportado que a Rússia havia invadido a Ucrânia, mas aparentemente não há nada concreto nesse sentido, apenas falas vindas dos EUA que Moscou estaria prestes a invadir seu vizinho e, com isso, iniciar o conflito.
Ainda estamos monitorando as movimentações e enviaremos notícias assim que confirmarmos os fatos, mas me parece que o que está ocorrendo de fato são os EUA dando um ultimato aos russos sobre a situação na Ucrânia e não o contrário.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, devem conversar neste sábado por telefone e, desta conversa, teremos enfim alguma definição. Se estivessem em guerra as duas superpotências o telefonema seria sexta, não sábadp, logo me parece factível que não haja nada de fato ocorrendo em solo ucraniano.
Mas, na eventualidade de um conflito quais seriam os efeitos esperados para o Brasil em particular? Podemos especular alguns pontos que sumarizamos a seguir.
- Os juros norte-americanos tendem a cair na esteira da busca de segurança por parte dos investidores, o que pode evitar uma alta generalizada dos juros aqui;
- O preço do petróleo pode subir, o que irá criar incentivos para alta de empresas como Petrobras (SA:PETR4), segurando o Ibovespa;
- O problema maior para o Brasil em relação ao conflito seria em um segundo momento com as sanções, uma vez que mais de 30% dos fertilizantes importados pelo país vêm da Rússia;
- Nossas exportações para Rússia e Ucrânia são modestas;
- O real pode se apreciar, por mais contraditório que possa parecer, na esteira de juros “menos altos” nos EUA e de commodities em alta no mundo.
Todos esses pontos levantados se equilibram no fio da navalha dos acontecimentos, implicitamente trabalho com a hipótese de um conflito de pequena escala, tudo isso pode mudar caso se torne um conflito realmente europeu.
No geral, recomendamos cautela, mas de forma alguma sugerimos fuga para a liquidez de maneira irrestrita, afinal ainda há muito o que esclarecer sobre este imbróglio e, no mais, não necessariamente o conflito será ruim para o mercado brasileiro.
Obviamente, digo isso do ponto de vista econômico, a última coisa que o mundo precisa em uma situação de pandemia é um conflito armado. Acredito que Biden e Putin irão chegar a bom termo.
*Publicado originalmente nos canais da Necton Investimentos