PORT3, LOGN3 e STBP3: Você conhece essas 3 ações e o setor no qual atuam?

Publicado 24.04.2025, 06:05

Bom dia, pessoal! O artigo de hoje foi coescrito com Camila Affonso (sócia do Leggio Group) e seu time de consultores. O Leggio Group é especializado em avaliações de empresas e negócios logísticos, de modo que minha intenção é trazer para vocês assuntos específicos, porém relevantes, desta área. Neste texto, temos como objetivo apresentar as três maiores (e principais) empresas brasileiras listadas na B3 (BVMF:B3SA3) que possuem ativos portuários como unidades de negócio, destacando suas operações, ativos e resultados financeiros mais recentes. Além disso, buscamos oferecer uma visão geral das oportunidades e desafios enfrentados por essas empresas, proporcionando uma base técnica para investidores interessados em entender o mercado de infraestrutura portuária e logística no Brasil.

O setor portuário brasileiro desempenha um papel crucial na economia nacional, sendo fundamental para o comércio exterior ao facilitar a movimentação de mercadorias e impulsionar exportações e importações. Nos últimos anos, tem atraído investimentos crescentes em modernização, tecnologia e sustentabilidade, o que fortalece sua eficiência e competitividade.

A ampliação de concessões e melhorias na integração logística também reforçam o potencial de crescimento do setor. No entanto, ainda existem desafios importantes, como a burocracia regulatória, limitações na infraestrutura e a vulnerabilidade às oscilações de preços do mercado internacional. Mesmo assim, esses obstáculos têm incentivado a inovação e a busca por maior eficiência, criando oportunidades para empresas que se adaptam rapidamente ao cenário em constante transformação.

Diversas empresas atuam nesse segmento e possuem ativos portuários como unidades de negócio. Algumas delas estão listadas na B3, oferecendo aos investidores oportunidades de participação nesse mercado estratégico. Entre as principais companhias listadas, destacam-se a Wilson Sons (BVMF:PORT3), a Log-in (BVMF:LOGN3) e a Santos Brasil (BVMF:STBP3).

A Wilson Sons é uma operadora integrada de logística portuária e marítima do Brasil, oferecendo uma gama de serviços, tais como operações de rebocadores, terminais portuários, agenciamento marítimo e apoio offshore. A empresa opera dois terminais de contêineres — Tecon Rio Grande (RS) e Tecon Salvador (BA) — e conta com uma frota de rebocadores, um estaleiro no Guarujá (SP), bases de apoio offshore e um centro logístico alfandegado em Santo André (SP).

Em 2024, a companhia registrou uma receita líquida de R$ 2,9 bilhões - formada principalmente pela receita das operações com rebocadores e dos terminais de contêineres - e um lucro líquido de R$ 489 milhões, representando um aumento de 20% na receita líquida e 21% no lucro líquido em relação ao ano anterior, respectivamente. O EBITDA alcançou R$ 939 milhões, 9% superior ao do ano anterior. 

Em outubro de 2024, a Ocean Wilsons, então controladora da Wilson Sons, anunciou a venda de sua participação majoritária de 56,47% na empresa para a SAS Shipping Agencies Services Sàrl, subsidiária do grupo suíço MSC Mediterranean Shipping Company, por R$ 4,352 bilhões (aproximadamente US$ 765 milhões).

A Log-In atua nos segmentos de Navegação, Soluções Logísticas Integradas, Terminais Portuários e Transporte Rodoviário de Cargas. O segmento de navegação costeira conecta portos brasileiros e Mercosul, enquanto o portuário é centrado no Terminal Portuário de Vila Velha (TVV, no Espírito Santo) e em um terminal intermodal em Itajaí (SC). O TVV possui 108 mil m², capacidade de 350 mil TEUs (sigla para “Twenty-Foot Equivalent Unit”, usada para indicar a unidade equivalente de transporte - um container de 20 pés.) e dois berços com calado de 12,5 m. A companhia também opera o terminal de Itajaí e mantém uma frota de nove navios porta-contêineres com 24.700 TEUs de capacidade total. 

Em 2024, a Log-In registrou receita líquida de R$ 2,8 bilhões - formada principalmente pela receita da navegação costeira e do TVV - e um lucro líquido de R$ 54 milhões, representando um aumento de 19,5% na receita líquida e uma redução de 10,8% no lucro líquido, respectivamente. O EBITDA alcançou R$ 633 milhões, 11,3% superior ao do ano anterior. 

A Santos Brasil, por sua vez, atua majoritariamente na operação de terminais de contêineres no país, com concessões do Tecon Santos (SP), Tecon Imbituba (SC) e Tecon Vila do Conde (PA). Além disso, possui terminais especializados como o Terminal de Veículos (TEV) em Santos, os terminais Saboó I e Saboó II para cargas gerais e o TCG Imbituba para cargas de alta complexidade, bem como terminais de granéis líquidos no Porto do Itaqui (MA). A empresa também opera dois centros de distribuição em São Bernardo do Campo e Jaguaré (SP) e dois Centros Logísticos e de Desembaraço Aduaneiro (CLIAs) em Guarujá e Santos. Em 2024, a receita líquida consolidada alcançou R$ 2,9 bilhões (+36,1% YoY – “year over year”), lucro líquido de R$ 741,9 milhões (+47,2% YoY) e EBITDA de aproximadamente R$ 1,5 bilhão (+46,9% YoY).

Os valores de mercado das empresas analisadas permitem compreender melhor como o mercado enxerga seu potencial de execução de resultados, além do seu desempenho financeiro atual e projetado em forma de valor presente. Os comparativos abaixo foram realizados com base no fechamento das cotações em 17 de abril recente. É válido ressaltar que estas empresas possuem tipos de negócios diferentes e por isso, os valores de mercado e seus posteriores resultados financeiros não devem ser comparados “ao pé da letra”, mas sim relativizados diante das operações e riscos envolvidos.

Com o objetivo de avaliar o desempenho histórico destas empresas, e considerando as informações previamente apresentadas sobre cada uma delas, os gráficos a seguir destacam comparativamente a receita líquida, EBITDA e Lucro Líquido, extraídos de seus demonstrativos financeiros.

Observa-se que nos primeiros anos analisados, a Wilson Sons apresentava uma receita líquida superior em relação às demais, além de registrar um EBITDA mais elevado. A partir de 2022, entretanto, as empresas passaram a apresentar receitas líquidas e EBITDA mais próximos entre si, com destaque para a Santos Brasil, que em 2024 se aproximou significativamente dos níveis da Wilson Sons. A Log-In, por sua vez, demonstrou um crescimento constante ao longo do período, alcançando uma receita líquida comparável às demais, entretanto o EBITDA cresceu de forma mais modesta.

Em relação ao lucro líquido, observa-se um comportamento semelhante por parte da Wilson Sons no início do período analisado, sendo a empresa que apresentou os melhores números. Apesar de sua receita líquida ter se mantido superior à das demais empresas ao longo dos anos, seu lucro líquido passou a ser inferior ao da Santos Brasil a partir de 2021. Destaca-se, ainda, o lucro líquido elevado da Log-In em 2022.

O desempenho financeiro e a carteira de ativos das empresas analisadas evidenciam a robustez deste setor e as oportunidades para investidores que buscam exposição ao comércio exterior e à infraestrutura logística. Com operações integradas e presença em pontos estratégicos da costa, Wilson Sons, Log-In e Santos Brasil consolidam-se como protagonistas na movimentação de cargas e no desenvolvimento econômico do país. 

Destacamos que este artigo não busca fazer indicações de compra ou venda dos ativos mencionados, mas apenas destacar suas operações, ativos e resultados financeiros mais recentes. Qualquer eventual decisão de compra e venda deve ser tomada, de forma exclusiva, por cada investidor, compreendendo seus riscos e oportunidades. Esperamos que tenham gostado do tema abordado. Sintam-se à vontade para comentar abaixo com o intuito de agregar conteúdo à discussão.

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