Muitos já devem ter ouvido falar do Tesouro Direto e da possibilidade de aquisição de títulos da dívida pública diretamente do tesouro nacional, que oferecem baixo custo operacional e retorno bem interessante. Porém é importante atentar que dos títulos disponibilizados pelo Governo, apenas o Tesouro Selic possui taxas pós-fixadas, ou seja ele acompanha de perto a taxa SELIC e funciona de forma parecida com um CDB, ou outra aplicação de renda fixa qualquer atrelada ao CDI.
Os demais títulos ofertados são pré-fixados, com as taxas de juros definidas no momento da compra do título, através de seu valor de resgate também conhecido como PU. Uma LTN (Tesouro Prefixado) por exemplo tem um PU (valor de resgate) de R$1000 e deste se descontam os juros pagos pelo título para calcularmos o seu valor de face (pago na compra do título), por exemplo: se considerarmos os juros de 10%a.a. com vencimento em exatos 4 anos, teremos então R$683 de valor de face. Pois se aplicarmos R$683 a juros compostos de 10%a.a. por 4 anos, chegaremos aos R$1.000 do PU.
Agora suponhamos que você tenha adquirido a LTN acima pagando por ela os R$683, você verá que todos os dias será descontado do valor dela os juros e assim ela se valorizará, assim após 1 ano seu valor terá um valor de face maior, de R$751,30, ou seja 10% acima do valor pago e você poderá negociá-la, se desejar, antes do vencimento recebendo este valor pelo título, ou ficar com ele por mais tempo colhendo sua valorização de 10%.
Porém temos uma variável neste contexto, os juros pagos pelos títulos ofertados pelo Governo estão diretamente correlacionados a percepção de risco do mercado, logo podemos com o passar do tempo ver novas LTNs serem oferecidas com taxas diferentes. E isto faz com que os títulos antigos tenham seus valores de face reajustados por estas novas taxas. Desta forma todos os título passam a incorporar o novo cenário de juros do mercado.
Vamos supor que após o mesmo 1 ano de você ter comprado a mesma LTN a R$683,00, no tesouro direto o Governo esteja ofertando estes títulos a uma taxa de 8%a.a. e não mais de 10%a.a. O valor de face da sua LTN não será mais de R$751,30 como calculamos anteriormente, mas agora de R$793,83 pois este é o valor que aplicado a 8%a.a. por 3 anos, dará um PU de R$1000, esta é a nova precificação do mercado para as LTNs, seu ganho assim não seria mais os 10% previamente contratados, pois você poderá vender o título pelo novo valor de face com um retorno atualizado de 16,2% nesta data. Claro que o mesmo raciocínio é válido se houver uma alta dos juros, seu título perderá valor neste caso, se desvalorizando, no entanto caso você decida mantê-lo até o vencimento, continuará recebendo os 10% inicialmente contratados.
Hoje vivemos com a expectativa de que a situação fiscal do País melhore, com a implementação das medidas de austeridade prometidas pelo novo Governo, caso isto aconteça, será natural a redução do prêmio de risco pago pelos títulos públicos (juros), logo os títulos prefixados poderão ter valorizações expressivas em seus valores de face, gerando retornos no curto prazo acima dos juros contratados, com a vantagem de que se você não precisar do dinheiro até o vencimento do título receberá lá na frente o montante com os juros acumulados.
Além dos títulos do Governo é possível surfar esta onda também comprando títulos privados, de bancos ou empresas, que tenham liquidez e possuam taxas pré-fixadas, ou através de fundos que invistam em papéis com esta característica. Converse com seu acessor de investimentos, ele saberá te orientar a escolher a operação adequada ao seu perfil e assim você poderá se preparar adequadamente para o cenário que entender ser o mais provável nestes próximos meses, ou anos.