Publicado originalmente em inglês em 12/02/2021
De energia a metais e agricultura, a China está animando os mercados mundiais de commodities. A demanda da economia que lidera a recuperação contra o coronavírus está disparando. No topo das commodities do campo está ninguém menos que a carne suína negociada no mercado futuro.
Depois de encerrar 2020 quase no território negativo devido às flutuações de demanda, o futuro do porco magro já se valorizou 20% neste ano. E tudo leva a crer que isso se deva à China que, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), vem comprando mais de um quarto de todas as exportações norte-americanas de suínos.
Uma razão para isso é o ressurgimento da Febre Suína Africana em Hong Kong na semana passada, com a descoberta de seis porcos infectados em uma fazenda local no dia 4 de fevereiro e outros dois no mesmo local alguns dias depois. A política de Hong Kong exige o sacrifício de todos os suínos infectados na mesma vara.
Desde que a febre suína chegou pela primeira vez na China em agosto de 2018, estima-se que a infecção tenha devastado 60% dos animais no maior mercado produtor e consumidor de suínos do mundo, que costumava suprir 30% das necessidades do planeta.
A febre suína atinge Hits Hong, aumentando a demanda de porcos dos EUA
Antes dos casos de Hong Kong, duas novas variantes da febre suína africana haviam infectado mais de 1.000 porcos em diversas fazendas na China Continental. Isso voltou a pressionar o país asiático e forçou outros grandes produtores de porcos, como Brasil, Estados Unidos e Rússia, a elevar a oferta para a China.
Alguns analistas de commodities, como o veterano Jim Wyckoff, ainda acreditam que a China conseguirá superar de forma mais rápida as novas epidemias em sua população de porcos e atender sua demanda doméstica.
No ano da pandemia mundial de Covid-19, a China fez o que muitos países não podiam ou não conseguiam fazer: usar a coerção e a persuasão para mobilizar o vasto aparato do seu Partido Comunista para ir fundo no setor privado e na população mais ampla para combater e vencer a guerra contra o coronavírus.
Pequim está agora colhendo os frutos que poucos ao redor do mundo esperavam ver quando o vírus surgiu na cidade de Wuhan em dezembro de 2019.
Vendas de porcos dos EUA a outros países também está em alta
Mesmo que a demanda chinesa por porcos americanos arrefeça um pouco, Wyckoff acredita que a alta das vendas de suínos para outros países desde o quarto trimestre de 2020 manteria o suporte do porco magro no mercado futuro da Bolsa de Chicago.
O USDA informou na quinta-feira que as vendas líquidas de suínos americanos atingiram 36.900 toneladas métricas em 2021, com a China respondendo por 26% desse volume.
Wyckoff disse ainda:
“A corrida de alta no mercado futuro de porco magro foi incentivada em parte pela forte demanda de exportação em meio a notícias de doenças nas varas de suínos chineses, mitigando as preocupações de desaceleração da demanda no país asiático".
“O repique no atacado americano nesta semana, após vários dias de lentidão, também alimentou a alta no mercado de porcos”.
O contrato futuro de porco magro com vencimento mais próximo na CBOT, enquanto isso, fechou a 84,50 centavos por lb na quinta-feira, uma alta de 20% em relação ao fechamento de US$ 70,28 há um ano. No início desta semana, ele cravou máxima de 19 meses a 84,49 centavos.
Nenhuma outra commodity agrícola subiu 20% neste ano. O concorrente mais próximo é o milho, que subiu 12,5%.
Além dos fundamentos, a ação técnica também dá suporte ao mercado futuro do porco magro.
O Investing.com tem indicação de “Compra” para o contrato de abril na CBOT, com os três níveis de resistência Fibonnaci a 84,41, 84,75 e 85,29.
Se o contrato perder força, o suporte de três níveis de Fibonacci está a 83,33, 83,99 e 82,245.
De qualquer forma, o ponto de pivô fica a 83,87.
Como em todas as projeções, interprete as visões apresentadas com base nos fundamentos e opere com moderação – sempre que possível.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. Como analista do Investing.com, ele apresenta visões distintas e variantes divergentes de mercado.
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