Tenho defendido, nos últimos meses, uma visão mais pessimista do que média a respeito do impacto que um eventual choque externo possa ter na já combalida e frágil economia brasileira.
Dentro desse contexto, está o impacto sobre o dólar.
Na sexta-feira passada, uma LTB de 6 meses foi rompida na paridade "dólar x real".
Na verdade, essa LTB forma uma cunha (triângulo) com 2 outras bases.
Ou seja, tanto faz, se utizarmos uma ou outra base, ou de uma outra forma, uma ou outra LTA, teremos 2 cunhas abaixo marcadas.
Logo, na sexta-feira passada, a paridade "dólar x real" teve sua cunha rompida pra cima, sinalizando um forte movimento na direção de "compra".
Agora, tão ou mais importante do que essa cunha, é termos a visão de um triângulo ascendente que parece se configurar da seguinte forma:
Se puxarmos uma linha que vai do fundo de 1,94 e ligarmos os fundos ascendentes em seguida, todos no tempo SEMANAL, temos uma LTA.
Agora, se juntássemos essa LTA com uma "linha reta" formada pelos 2 toques executados nos últimos 6 meses na faixa de 2,45, teremos um triângulo ascendente.
Vejam:
Dólar x Real, SEMANAL, Escala logarítmica - 4 ANOS
Dólar x Real, MENSAL, Escala logarítmica - 15 ANOS
E qual a altura do triângulo? 0,51 marcado acima.......2,45-1,94
Reparem que a linha MACD voltou a cruzar na COMPRA no tempo SEMANAL..... Logo, o rastreador também esta´do lado da 'compra".....
Apenas como ilustração, inserimos 2 gráficos "fundamentalistas" abaixo, pra identificarmos que, do lado de fluxo, sem choques externos "aleatórios", o dólar continua pressionado na alta, já que, tanto balança comercial como balanço de pagamentos continuam em forte desaceleração nos últimos 2 anos.
Abro um parênteses pra destacar que, como defendi em meu blog, e, em artigo aqui publicado há cerca de 2 anos e meio, o "overshooting" do dólar, até então, não foi "obra", em essência, do quadro abaixo exposto.
Boa parte do que vimos até hoje da alta do dólar, na minha visão, foi desmonte do forte "carry-trade" montado pelos agentes nas altas taxas de juros praticadas pelo Brasil. Quando o governo federal sinaliza e executa a queda das taxas de juros lá em 2012-2013, o desmonte é forte o suficiente pra reverter a tendência de baixa e empurrar o dólar para um outra dinâmica.
A desaceleração da Balança Comercial e do Balanço de Pagamentos mostrada abaixo, apenas foi um ingrediente a mais na reversão da inércia baixista iniciada lá atrás.
Balanço de Pagamentos, período mensal
fonte: Ipea
Voltemos as atenções para o momento atual.
Agora, lhes pergunto.: Qual o impacto de um choque externo aleatório, como a alta da taxa de juros americana ? Ninguém sabe.........ninguém sabe o quanto de alavancagem está no sistema.......quer dizer....suspeita-se......
Essa semana mesmo, um artigo publicado no jornal "Financial Times" dava conta de que os bancos americanos estimam em US$ 1 trilhão a volta para o Federal Reserve de todo o dinheiro que foi "injetado" pelo FED no "sistema" e que "tem de ser esterilizado"....
Qual o impacto disso pro Brasil ? Qual o impacto da "esterilização do dinheiro" no sistema para o Brasil?
Pra falarmos de alguns efeitos "colaterais", remessas de lucros para as matrizes lá fora serão aceleradas, o risco-Brasil aumenta, o crédito escasseia, enfim, tudo isso é corrente de transmissão na pressão do dólar.
Qual o impacto?
Ou seja....o que vimos até aqui de "valorização do dólar" ainda não carrega o choque externo dos juros americanos, ou pelo menos, boa parte.
O triângulo acima exposto, com topo na faixa de 2,45, deve ser rompido pra cima num futuro não muito distante..... Talvez 6-10 meses.........mais 1 toque , mais uma perna de baixa.....e a volta com tudo pra romper a faixa de 2,45. A dinâmica do rompimento não me parece depender desse choque externo.
A dinâmica posterior, sim.
Se utilizarmos a altura do triângulo como objetivo a ser perseguido após o rompimento, teríamos 2,96, ou seja, 2,45 + 0,51.
As faixas de resistência são 2,80; 3,00 e 3,20.......
Agora, volto a lhes perguntar...
Como se faz um choque externo da dimensão que é um aumento da taxa de juros americana , depois de 6 anos em bases "zero", sem sobressaltos ou "de forma organizada"?
Não sei.......
Nunca vi um evento desse tipo ser feito " de forma linear e organizada".
Portanto, num forte "oversshooting" do dólar, não descartaria a ida aos 3,20.....
Por ora, vamos olhar para 3,00 de "Dólar x Real"....
Mas, antes, temos os 2,45....... .