Por Que os Juros Não Param de Cair?

Publicado 18.02.2019, 12:28
USD/BRL
-
IBOV
-

No mercado de sexta-feira, enquanto a Bolsa brigava para manter a estabilidade no dia, com medo da confusão com Bebianno, os juros renovavam suas mínimas.

Os dados de atividade publicados na semana, como IBCbr (PIB) e vendas no varejo, reforçaram uma recuperação bem fraca para a economia brasileira. Pelo segundo ano consecutivo, veremos as projeções de PIB serem revisadas fortemente para baixo, se mantendo abaixo do nosso potencial de crescimento.

Essa diferença do crescimento atual para o potencial seguirá reduzindo a pressão inflacionária, o que deve se refletir em dados de IPCA abaixo do esperado pelos modelos dos economistas.

Essas surpresas baixistas em atividade e inflação, por sua vez, vão aos poucos reduzindo os juros do mercado futuro, ponto a ponto. Mesmo com os juros já estando em mínimos históricos.

Era esse exatamente o meu ponto no vídeo que publicamos no nosso canal do YouTube, em janeiro, sobre “A Renda Fixa em 2019”. Mesmo sabendo que a renda fixa não tinha mais um enorme potencial de valorização, e que os juros estão na mínima histórica, valia a pena zerar todos os títulos públicos da carteira?

Minha resposta era: não!

Mas, em janeiro, ainda se falava de aumento dos juros nos EUA e risco de inflação. Eu disse que esse era um risco baixo, mas eu não tinha a menor ideia de que ele seria totalmente enterrado em questão de 1 mês.

Não só os EUA mudaram o tom do discurso do Fed para menos juros, como todos os emergentes passaram a se preocupar com inflação baixa.

Lembre-se de que não somos uma ilha!

Parece que os movimentos do mercado brasileiro são totalmente ligados a acontecimentos locais, mas quando você dá um “zoom out”, percebe que o movimento dos emergentes acontece em ondas e de forma totalmente correlacionada.

Não adianta achar que uma crise econômica mundial não vai impactar o Brasil. Da mesma forma que não tem como uma expansão não gerar grandes fluxos para cá.

O que tivemos, na verdade, foi uma onda de alta de juros nos emergentes, porque os EUA estavam apertando os seus. Mas o que isso tem a ver com os outros países? A alta de juros americana fortalecia o dólar, depreciava a moeda local, o que, por sua vez, pressionava a inflação.

Porém, agora que os EUA decidiram que irão segurar um pouco o processo de aperto monetário, os outros emergentes também estão revendo suas políticas.

A Índia liderou o grupo, reduzindo juros após números de inflação negativos, puxados pela queda nos preços de alimentos.

Outros emergentes já discutem necessidade de afrouxamento para estimular sua atividade fraca.

O Brasil também está no pacote! Uma série de economistas estão defendendo uma Selic mais baixa até o final desse ano, sob risco de desencadear uma recessão.

Independentemente de eu não concordar com esta visão, sei que isso irá beneficiar os títulos públicos, pois o mercado vai precificar chances de queda nos juros, que levará as taxas para níveis mais baixos.

Por outro lado, esse climinha de atividade mundial fraca deve contaminar um pouco as bolsas mundiais, e, por consequência, o Ibovespa.

Não quer dizer que eu não goste mais de bolsa no Brasil. Pelo contrário! E sigo acreditando que a melhor forma de compensar o investidor pelos retornos menores de renda fixa é incluindo uma carteira de boas ações pagadoras de dividendos.

Mas quero preparar as suas expectativas para que entenda que essa alta não será linear. Ela não irá se dar de uma vez só.

Você irá achar que a bolsa não sobe por conta do Bebianno, ou por conta dos tuítes acalorados dos filhos do Presidente. Mas isso é fumaça. Esqueça isso.

A bolsa irá subir devagar pois o fluxo virá aos poucos. Os gringos vão acompanhar a evolução do crescimento mundial, assim como a evolução da aprovação das reformas internas.

Aos poucos, eles irão ver o que nós vemos agora: que temos uma economia liberal, que ficará mais seca e produtiva, com juros e inflação mais baixa, e que isso dobra o preço de todos os nossos ativos.

Até lá, você, investidor, deve ter paciência.

A renda fixa é, por isso, o melhor controle de riscos que você pode ter na sua carteira! Além da melhor diversificação, do ponto de vista macroeconômico.

Cada mês que a bolsa oscilar e parar no mesmo lugar, pois o mundo está com medo de recessão, a renda fixa vai voar com novas quedas de taxas, pelo mesmo medo de atividade fraca.

O mercado de sexta foi um exemplo perfeito para o que eu estou tentando mostrar.

Você não deve colocar todos os seus ovos na cesta que você considera vencedora. Ou seja, você não deve construir uma carteira de investimentos que seja a mais ganhadora no cenário que você acha que vai acontecer. Pois se ele não acontece, você pode perder muito dinheiro.

Você tem que montar uma carteira consciente de que você NÃO sabe o que vai acontecer. E se você acertar o cenário, tem que ganhar muito, mas se errar, tem que perder pouco!

Ninguém acerta sempre.

Se você errar, tem que continuar vivo, para continuar tentando.

Investir 100 por cento em bolsa é besteira. Não é o melhor risco retorno para o momento atual.

Ações, renda fixa, e dividendos. Essa combinação, sim, é explosiva.

Uma boa semana para todos.

Acompanhe muito mais no Twitter: @mariliadf2, no FB: Marilia.fontes.7927, Youtube: MariliaFontesRendaFixa e LinkedIn: Marilia-Fontes-88744518

Publicação Original

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.