Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Produtores agrícolas dos EUA estão planejando a safra de 2022
- Custos dos insumos aumentaram drasticamente
- Produtores terão que decidir: milho ou soja?
- Decisão sobre culturas leva em consideração maior potencial de retorno
Cada ano é uma nova aventura para as culturas agrícolas que alimentam e, cada vez mais, geram energia no mundo. O milho e a soja são produtos alimentícios e energéticos, e os Estados Unidos são os maiores produtores e exportadores da semente oleaginosa e do grão. Estamos nos aproximando da estação de plantação de 2022, que começa em março e abril, quando os produtores decidem quais culturas irão plantar em suas terras. E, para muitos deles, o milho e a soja são culturas intercambiáveis.
A relação milho-soja representa a relação de preços entre os dois cultivos. Ao se dividir o preço do contrato futuro de soja para novembro pelo preço do contrato futuro do milho para dezembro, obtém-se essa relação, à medida que a safra de 2022 se aproxima. No início de janeiro, os produtores agrícolas dos EUA estavam acompanhando essa relação de preços e podem inclusive se proteger do risco de cotação com base no nível de spread.
Produtores americanos acompanham a nevasca deste mês
Os últimos dois anos foram de alta para a soja e o milho no mercado futuro. Muito embora o grão tenha registrado um ganho de apenas 1,03% em 2021, a semente oleaginosa futura subiu 39,48% em 2020. Já o milho futuro subiu 24,82% em 2020 e acumulou um ganho de 22,57% em 2021.
Em 2021, os preços da semente oleaginosa e do grão grosso atingiram máximas plurianuais.
Fonte: CQG
Como destaca o gráfico, o contrato futuro mais próximo da soja subiu até a máxima de U$16,7725 por bushel em maio de 2021, preço mais elevado desde setembro de 2012, mês em que o contrato futuro da semente oleaginosa atingiu o pico recorde de US$17,9475.
Fonte: CQG
O milho futuro tocou o topo em maio de 2021 a US$7,75 por bushel, preço mais alto desde setembro de 2012. Em agosto de 2012, o milho registrou sua máxima recorde de US$8,4375 por bushel.
A soja e o milho futuros estão bem distantes das máximas de 2021 no início de 2022, mas a lembrança dos picos de preço do ano passado está fresca na memória dos produtores e consumidores, à medida que nos aproximamos de uma nova safra.
Custos dos insumos aumentaram drasticamente
A produção da soja e do milho ficou muito mais cara no ano passado. Os valores da energia, fertilizantes, equipamentos, mão de obra e terras subiram drasticamente durante o período. Em dezembro de 2021, o índice de preços ao consumidor subiu 7% em 2021, nível mais alto em quatro décadas.
Produtores agrícolas são homens e mulheres de negócios e plantam com vistas a obter ganhos econômicos. Quando os custos dos insumos atingem níveis que prejudicam suas margens de lucro, decidem parar de plantar ou buscam outros cultivos, gerando escassez. O milho e a soja são ingredientes fundamentais para muitos alimentos. Além disso, o enfrentamento da mudança climática aumentou a demanda por biocombustíveis. O milho é o principal ingrediente do etanol nos EUA, e a soja é um insumo na produção de biodiesel. O lado da demanda da equação fundamental para o grão e a semente oleaginosa está subindo por causa da mudança climática.
Enquanto isso, a população mundial cresce ao ritmo aproximado de 20 milhões de pessoas a cada trimestre. A maior quantidade de bocas a serem alimentadas aumenta o lado da demanda das equações fundamentais.
O aumento de custos de produção e consumo forma um poderoso coquetel altista para os preços do milho e da soja.
Produtores terão que decidir: milho ou soja?
Nos EUA, muitos produtores agrícolas precisam escolher a cada ano sua safra. Eles podem plantar soja ou milho. O nível obrigatório de etanol nos EUA tem dado suporte à produção de milho há anos, mas os produtores sempre procuram maximizar seus retornos. Eles tendem a plantar as culturas capazes de gerar o melhor resultado financeiro.
Como os preços tanto do milho quanto da soja estão subindo, essa escolha pode gerar escassez. Se os preços do milho subirem mais do que os da soja, menos grão será plantado, gerando um déficit no mercado mundial de soja. A China tradicionalmente compra um quarto da safra de soja dos EUA. Se os produtores americanos plantarem mais soja em um mercado de alta, o mercado do milho pode sofrer escassez.
Decisão sobre culturas leva em consideração maior potencial de retorno
Uma das métricas que os produtores agrícolas estão acompanhando neste momento é a relação de preços entre novas plantações de milho e soja para determinar qual cultura pode oferecer os melhores retornos no próximo ano.
Fonte: CQG
O gráfico trimestral de longo prazo mostra que o nível médio de número de bushels de valor de milho em cada bushel de valor de soja é de cerca de 2.4:1. Acima do ponto médio, a produção de soja gera melhores ganhos financeiros, enquanto que, abaixo da mediana, o milho é a cultura que entrega retornos mais interessantes.
Em janeiro de 2022, os produtores estavam acompanhando a relação de preços entre os contratos de novos cultivos para este ano.
Fonte: CQG
O gráfico mostra o preço de novas plantações de soja para novembro de 2022 dividido pelo preço de novas plantações de milho para dezembro de 2022 no mercado futuro. Ao nível 2,3266:1 em 12 de janeiro, o milho atualmente entrega melhores retornos econômicos.
Enquanto isso, a relação atingiu a mínima de 2,2040 no fim de novembro. Como os produtores estão protegendo os preços do milho para entrega em dezembro de 2022, a atividade de hedging elevou a relação nos últimos meses. Se a relação superar 2,4:1 antes do início das plantações, podemos ver alguns produtores desmontando travas nas próximas semanas e montando proteções para a soja.
A relação milho-soja é uma ferramenta que indica o valor relativo representado pelo spread de substituição e intercommodities. A relação pode ser inestimável para investidores ou especuladores ativos nos mercados dos dois cultivos.
Três razões para acompanhar essa relação
Três fatores ressaltam a importância de investidores de traders acompanharem a relação milho-soja:
- O spread é um indicador em tempo real das intenções de plantio dos produtores.
- A relação pode identificar quaisquer problemas nas safras sul-americanas, já que Brasil e Argentina são produtores importantes de soja.
- A relação joga luz sobre quaisquer mudanças na demanda de milho, à medida que cresce a necessidade de biocombustíveis para enfrentar a mudança climática.
Coloque no seu radar a relação milho-soja nas próximas semanas. Este é o momento em que os produtores se preparam para decidir qual cultivo irão plantar para a safra de 2022.
O aumento dos custos deve exercer pressão sobre os preços agrícolas em 2022, mas os produtores sempre procurarão cultivar os produtos que entregam os melhores retornos.