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Por que os fundos de investimento ESG estão perdendo espaço?

Publicado 24.08.2024, 13:05
XOM
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BLK
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Nos últimos anos, os fundos de investimento ESG (Environmental, Social, and Governance) têm atraído a atenção de investidores preocupados com a sustentabilidade e responsabilidade social. No entanto, recentemente, esses fundos têm enfrentado desafios que resultaram em uma perda de espaço em relação a outros tipos de investimentos. Em noticia no valor Economico na data de 05/03/20204 "Depois de lutar durante anos para que os fundos de investimento e as empresas tenham em conta fatores ambientais, sociais e de governança, Larry Fink, CEO da maior gestora de ativos do mundo, eliminou as letras do seu vocabulário. O investimento climático está crescendo na BlackRock (NYSE:BLK). Só não chame isso de ESG. 

Estes são tempos desafiadores para o "woke investing" (investimento que leva em conta causas sociais, ESG, etc.), a prática de Wall Street de fazer o bem enquanto gera lucro. Pela primeira vez desde que essa estratégia surgiu por volta de 2010, mais investidores estão abandonando fundos negociados em bolsa ambientalmente responsáveis do que aderindo a eles.

Vejamos alguma das principais razões para essa tendência: Performance Financeira um dos fatores mais críticos para a perda de espaço dos fundos ESG é o desempenho financeiro. Em alguns casos, os fundos ESG podem ter um desempenho inferior em comparação com fundos tradicionais, especialmente em períodos de volatilidade do mercado. Isso pode levar investidores a reconsiderar a alocação de recursos para fundos ESG, optando por investimentos que ofereçam retornos mais imediatos e consistentes. Mais um dos fatores é que os fundos ESG muitas vezes têm taxas de administração mais altas devido aos custos adicionais de pesquisa e implementação de práticas sustentáveis. Investidores podem ser dissuadidos por esses custos extras, especialmente se os retornos não forem suficientes para compensar essas despesas. Em contraste, fundos passivos, como ETFs (Exchange-Traded Funds), geralmente têm custos mais baixos e podem parecer mais atraentes para investidores focados em eficiência de custos.

Os fundos ESG tem tido problemas com Greenwashing e Credibilidade. A prática do greenwashing, onde empresas ou fundos exageram ou falsificam suas credenciais ESG, pode minar a confiança dos investidores. A falta de padronização e transparência nas métricas ESG agrava essa percepção negativa. Além disso, a inconsistência nas avaliações ESG pode levar à desconfiança dos investidores sobre a real sustentabilidade dos fundos, questionando a credibilidade das práticas relatadas. O Leitor deve lembrar do caso Deutsche Bank e DWS Group em 2021, onde a SEC (Securities and Exchange Commission) dos Estados Unidos e a BaFin (Autoridade Federal de Supervisão Financeira da Alemanha) investigaram a DWS Group, unidade de gestão de ativos do Deutsche Bank, por alegações de greenwashing. Na época foi alegado que a DWS exagerou suas credenciais ESG, inflando as afirmações sobre a quantidade de ativos geridos de acordo com os critérios ESG. Outro caso a ExxonMobil (NYSE:XOM) foi acusada de enganar o público e investidores sobre os riscos das mudanças climáticas. Documentos internos revelaram que a empresa tinha conhecimento dos riscos das mudanças climáticas, mas publicamente minimizou esses riscos e financiou campanhas para semear dúvidas sobre a ciência climática.

O problema das  mudanças nas políticas governamentais e regulatórias também influenciam a atratividade dos fundos ESG. Alterações que reduzem incentivos ou regulamentações relacionadas ao ESG podem impactar negativamente esses fundos. Em certos contextos políticos, há uma reação contra práticas ESG, percebidas como politicamente carregadas ou ineficazes, o que pode afetar o interesse dos investidores. Em 2020, durante a administração Trump, o Departamento do Trabalho dos EUA propôs uma regra que restringia o uso de critérios ESG na seleção de investimentos para planos de aposentadoria qualificados sob o Employee Retirement Income Security Act (ERISA). A regra exigia que os fiduciários colocassem os interesses financeiros acima de outros objetivos, potencialmente limitando o uso de critérios ESG. A proposta foi recebida com críticas de vários investidores e grupos de defesa que argumentaram que ignorar os fatores ESG poderia prejudicar os retornos a longo prazo. A regra criou incerteza e pode ter desencorajado alguns gestores de fundos de integrar fatores ESG em seus processos de investimento. Em contraste com os EUA durante a administração Trump, a Europa tem avançado significativamente em regulamentações ESG. A União Europeia implementou o Plano de Ação de Finanças Sustentáveis, que inclui a Taxonomia da UE para atividades econômicas sustentáveis e a divulgação obrigatória de informações ESG. As regulamentações europeias aumentaram a transparência e a padronização, incentivando investimentos sustentáveis. No entanto, a implementação dessas regulamentações também trouxe desafios, como a necessidade de adaptação por parte das empresas e fundos de investimento, o que pode ser custoso e complexo. Apesar disso, as políticas europeias são amplamente vistas como um modelo para promover a sustentabilidade no mercado financeiro global.

Muitos investidores priorizam retornos de curto prazo e podem considerar que os fundos ESG não atendem a essas expectativas de maneira adequada. Com a evolução do mercado e o surgimento de novas tendências de investimento, como a tecnologia e a inovação, os investidores podem redirecionar seu foco para outras oportunidades, afastando-se dos fundos ESG. O mercado de investimentos está sempre evoluindo, e novos produtos, como fundos temáticos ou baseados em tecnologia, podem atrair mais atenção dos investidores. Alternativas de sustentabilidade, como investimentos diretos em projetos sustentáveis ou em empresas específicas com forte desempenho ESG, também competem com os fundos ESG tradicionais, oferecendo potencialmente melhores retornos ou maior transparência. Em uma pesquisa da Reuters de 2023, foi encontrado que aproximadamente 35% dos investidores institucionais realocaram parte de seus investimentos de fundos ESG para fundos tradicionais no último ano, a principal razão citada foi o desempenho inferior dos fundos ESG em comparação com as opções tradicionais.

Embora os fundos de investimento ESG estejam enfrentando desafios significativos, é importante notar que a tendência ESG continua a ter apoio considerável e pode se recuperar à medida que os mercados se ajustem e novas regulamentações e práticas de padronização sejam implementadas. A BlackRock apesar de não mais pressionar por mudanças no comportamento empresarial, falando sobre questões sociais difíceis de quantificar ou promovendo ativamente critérios de investimento ESG, ao invés disso tem direcionando bilhões de dólares de clientes para projetos de infraestruturas que ajudarão a acelerar a transição dos combustíveis fósseis. Note a mudança sutil não deixou a empresa de atender no combate das alterações climáticas. "Os megaprojetos de infraestrutura são os novos ESG. Infraestrutura de transição energética - Wall Street adora isso porque é real", disse Peter McKillop, ex-porta-voz da BlackRock que agora dirige a Climate & Capital Media, uma organização de mídia sem fins lucrativos.

A crescente conscientização e demanda por sustentabilidade por parte dos consumidores e investidores podem continuar a impulsionar o mercado ESG a longo prazo. Portanto, apesar das dificuldades atuais, os princípios ESG ainda têm um papel importante a desempenhar na construção de um futuro mais sustentável e responsável.

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