Todo início de ano, muita gente planeja mudar de patamar financeiro. O curioso é que, aparentemente, poucos conseguem seguir esse plano como gostariam. Nesse texto, vamos falar de alguns dos problemas bem comuns que impedem que a motivação do réveillon se traduza em resultado visível Natal seguinte.
De início, gostaria de lembrar que, em finanças pessoais, os hábitos são muito importantes. E, por isso, a primeira tarefa é identificar o que de errado você repete, sem pensar a respeito, que faz com que fique sempre “no aperto” e, consequentemente, precisando pagar juros para cobrir o mês ou sem conseguir aumentar a frequência ou montante dos investimentos.
Pare e pense: como você começou, financeiramente, o seu 2022? Endividado ou com dinheiro disponível? Um primeiro exercício é perceber que, entre todo fim e início de ano, existe uma quantidade considerável de despesas extras. Você se preparou para elas?
Se não, aí está um ponto de partida, já pensando em começar 2023 melhor: provisionar desde já. O IPVA, por exemplo, já pode ser estimado, porque as informações como valor do carro, da alíquota do estado e as parcelas variam pouco de ano a ano.
E o material escolar dos seus filhos, quanto costuma ser, em média? E para o IPTU, quanto precisará ser guardado? Aproveite o cenário em que os juros estão altos e faça um “caixa” em renda fixa para pagar essas e outras despesas recorrentes, que você ainda poderá ter um rendimento bacana. Sobre a importância do provisionamento, pense em como uma reserva fez (ou faria) a diferença durante a pandemia.
Outra armadilha de começo de ano é apelo a consumos imediatistas, como viagens para aproveitar férias, verão e Carnaval, ou então, a tentação de trocar de carro. Muitas empresas intensificam promoções nos primeiros meses para garantirem algum resultado de início do ano.
E, após quase dois anos de privações e dificuldades, o apelo de “eu tenho direito a isso” vai ser ainda mais usado. Finanças pessoais saudáveis exigem planejamento. Você se preparou para essas compras que quer fazer agora?
Guardar “extras” é outra oportunidade frequentemente desperdiçada nessa época. Existem pessoas, como funcionários públicos ou empregados do setor privado, que recebem no começo do ano recursos como antecipação de 13º salário ou pagamento de bônus. Sem planejamento, o dinheiro acaba se tornando consumo desnecessário.
Por fim, outro hábito negligenciado é se preparar para o longo prazo, como para a aposentadoria. Você já começou? Vejo cada vez mais fundos de previdência perdendo força, quando deveria ser o contrário. Muita gente diz “estou apertado, não tenho condições de começar”. Será que não tem mesmo?
Muitas vezes, o que parece pouco, todo mês, já faz a diferença. Quer ver? Um investimento mensal de R$ 500 reais, por 15 anos, a um juro médio de 7% (taxa que serve de base para esse prazo), se transformariam em R$ 155.550. Só os juros ganhos, nesse exemplo, são quase R$ 65.000. Que impacto R$ 155.550 teria na sua vida hoje? Valeria o esforço de guardar R$ 500 todo mês? Aproveite para começar hoje.