Na semana passada, o Departamento do Tesouro revelou que o déficit federal dos EUA atingiu US$1,1 trilhão no primeiro semestre do ano fiscal encerrado em março, ou seja, US$ 432 bilhões a mais do que o registrado no mesmo período do ano anterior. Além disso, grande parte dessa expansão ocorreu no mês de março, quando os gastos aumentaram 36% ano a ano (em grande parte devido à alta dos juros).
No longo prazo, há uma clara tendência de expansão, que começou em 2015 e parece ter sido retomada após os transtornos da pandemia. E, se a história servir de guia, essa tendência de deterioração fiscal deve provocar a desvalorização do dólar nos próximos anos.
Da mesma forma, a melhor proteção contra a deterioração da situação fiscal, diante do rápido crescimento das despesas com previdência e Medicare, é o ouro. A última vez em que o déficit reverteu sua tendência de queda para registrar uma grande expansão, no início dos anos 2000, coincidiu com o topo do Índice Dólar, que evoluiu para um grande bear market (invertido no gráfico abaixo) que durou cerca de uma década.
Esse quadro contribuiu decisivamente para o grande bull market do ouro, que subiu de US$250 em 2001 e atingiu o pico de quase US$2.000 uma década depois.
Atualmente, os investidores têm pouco ou nenhum interesse em investir em ouro (o que é um sinal de alta contra a tendência em minha opinião). Como meu amigo Callum Thomas apontou recentemente, os ativos em ETFs de ouro como o GLD (NYSE:GLD) representam uma fração ínfima dos ativos investidos em ETFs de ações como o SPY.
No entanto, há uma boa chance de que a deterioração da situação fiscal dos EUA, ao longo do tempo, aumente o apetite dos investidores por metais preciosos, em oposição aos ativos financeiros, assim como ocorreu há duas décadas, e é justamente isso que poderia gerar outro grande bull market no metal.