No mês passado, analisamos como a volatilidade no mercado acionário diminui e aumenta com o tempo. Vamos continuar nessa linha e ver como isso se aplica ao mercado de títulos dos EUA, com base nas taxas das treasuries de 10 anos.
Assim como as ações, os títulos passam por períodos de baixa volatilidade, seguidos de picos nas oscilações dos preços. Mas, em comparação com as ações, os episódios de baixa volatilidade nos títulos são mais erráticos e menos propensos a períodos longos. O maior período de volatilidade na treasury de 10 anos, desde o início dos anos 1970, foi de mais de 1000 dias e ocorreu no início da década de 1990. Esse intervalo é praticamente a metade do período mais longo de relativa calmaria nas ações.
Defino a volatilidade como o desvio-padrão de 30 dias (anualizado) para a variação de um ano que, nesse caso, refere-se à oscilação ano a ano da taxa dos títulos de 10 anos do Tesouro americano. Esse cálculo é aplicado a janelas sucessivas de 10 anos. Ao repassarmos a história com base nesse critério, descobrimos algo impressionante: o mercado de títulos dos EUA se tornou muito mais volátil nos últimos anos, tanto em termos absolutos quanto relativos.
O próximo gráfico mostra a sequência contínua de dias em que a volatilidade ficou abaixo de Z-scores de 1, um parâmetro para identificar regimes de baixa volatilidade. Não surpreende o fato de que os episódios de baixa volatilidade tenham sido raros ultimamente, em decorrência das elevações das taxas de juros pelo Federal Reserve ao longo do último ano. Enquanto o mercado tentava precificar até onde iriam essas altas de juros e por quanto tempo elas podem durariam, os investidores aumentaram a velocidade das suas compras e vendas de títulos, dependendo das previsões de cada momento. Atualmente, o período típico de baixa volatilidade desse mercado é de apenas 17 dias, bem abaixo da mediana de 60 dias do último meio século.
A história sugere que não é comum ver episódios relativamente curtos e interrompidos de baixo volume, como atualmente, abrindo espaço para um episódio prolongado de calmaria. Isso é consistente com as várias previsões no sentido de que as altas de juros do Fed estão quase terminando.
O ex-economista-chefe da Pimco, Paul McCulley, acredita que as dificuldades econômicas farão o Fed voltar atrás. Ele prevê "uma pausa e depois uma mudança de direção [ainda este ano]".
O mercado discorda: o mercado futuro de juros (Fed Funds) nesta manhã está precificando uma probabilidade de cerca de 76% de que o banco central americano elevar os juros em mais um quarto de ponto percentual na próxima reunião de política monetária do dia 3 de maio. Mas McCulley afirma que os próximos dados irão mudar esse cálculo.
"As autoridades do Fed vão analisar os próximo dados, reconhecendo que o que está acontecendo com o estresse no sistema bancário vai trabalhar a economia, em conjunto com o aperto de quase 500 pontos-base que fizeram", argumenta.