Eleito pela terceira vez para a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deve trazer grandes riscos ao setor elétrico brasileiro, também é pouco provável uma revisão na privatização da Eletrobras (ELET6 (BVMF:ELET6)).
Independentemente de quem assumisse o comando, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está hoje mais blindada a pressões políticas, atuando de forma mais transparente quando é alvo de pressões momentâneas.
Não acredito que seja o caso de enfrentarmos grandes riscos no setor elétrico, como o que vimos, por exemplo, no governo Dilma Rousseff, com a Medida Provisória 579, editada em 2012, com o intuito de diminuir as contas de luz.
Na época, o plano mal-sucedido de Dilma trouxe bastante insegurança para o setor e para os investidores”.
Baixo risco de intervenção
Caso exista alguma mudança regulatória por parte do novo governo, não deve ser transformacional.
Há uma certa segurança por parte das empresas de utilities (utilidade pública) considerando os seus contratos de concessão (que geralmente são longos e definidos) — muitos, inclusive, podem ser renovados e sem grandes alterações;
É preciso acompanhar as diretrizes. Claro que cada atividade dentro do setor elétrico apresenta uma dinâmica operacional diferente. Isto é, uma exposição a PIB diferente. Logo, os efeitos de uma possível interferência também seriam diferentes em cada caso.
Distribuidoras teriam vantagem
Ainda sobre uma eventual intervenção do governo, o risco é menor para as distribuidoras, uma vez que são responsáveis pelo atendimento direto aos consumidores.
Qualquer interferência colocaria em risco a interrupção do fornecimento de energia ao consumidor final — algo que o governo buscaria evitar. Por isso, acredito que uma intervenção seria bem desfavorável.
Subsídio à energia renovável
Outra questão que os investidores estarão atentos é em relação ao plano de Lula para a matriz elétrica brasileira.
Durante a campanha, representantes do governo petista defenderam a diversificação de fontes energéticas, principalmente por meio das energias renováveis eólica e solar.
Visando uma geração sustentável e renovável, vejo que essa é uma tendência geral no setor, muitos players adotando esse caminho. Entendo que isso deve continuar como prioridade para diversificar ainda mais a nossa matriz, mitigando risco hidrológico com fontes limpas, portanto, incentivos para o desenvolvimento dessas frentes são prováveis”.
Privatização da Eletrobras
Com relação à Eletrobras (BVMF:ELET3), privatizada em junho deste ano, não vejo grande risco de o governo voltar ao controle.
Acho bastante improvável uma reversão da privatização da Eletrobras. O processo em si exigiu mudanças de legislação, estatutos e aumento de capital (diluindo a participação do governo), bem como cláusulas que implicariam em pagamentos bilionários caso o governo quisesse voltar ao controle da companhia. Em suma, a reversão é de grande custo político e financeiro.