O Federal Reserve (Fed, banco central americano) atualizou suas expectativas para a inflação do núcleo do PCE para 2024, porém manteve a perspectiva de que as taxas de juros devem diminuir até o final do ano.
A despeito desta aparente discrepância, o mercado aderiu prontamente à perspectiva, elevando os preços dos títulos e diminuindo os rendimentos, além de consolidar as expectativas de reduções nas taxas por meio das projeções implícitas nos futuros dos fundos do Fed.
O rendimento do Título do Tesouro dos EUA de 2 anos, que é sensível às mudanças de política, registrou queda pelo segundo dia consecutivo na quarta-feira (20 de março), alcançando 4,59%, um nível mediano no espectro do último mês. Essa queda mais recente ocorreu em paralelo ao anúncio do Fed, altamente antecipado, de manter sua taxa-alvo na faixa entre 5,25% e 5,50%.
O foco do mercado recaiu sobre a reafirmação de que cortes nas taxas ainda estão previstos para o final deste ano. O presidente do Fed, Powell, manteve uma postura cautelosa em relação ao futuro da política monetária, declarando:
"Existem riscos em ambos os lados agora: Se formos lenientes demais ou agirmos precocemente, a inflação pode ressurgir. Caso tardemos, podemos prejudicar desnecessariamente o emprego."
Contudo, as projeções ajustadas dos dirigentes do Fed, ilustradas no famoso gráfico de pontos (cortesia do New York Times), sugerem que a instituição antecipa que sua taxa-alvo se reduzirá para cerca de 4,6% ao fim de 2024, partindo da atual faixa de 5,25% a 5,50%.
O mercado de futuros dos fundos do Fed aumentou para 70% a probabilidade estimada de um primeiro corte de taxa em junho.
Ainda que apresente uma inclinação para a flexibilização, o Fed ajustou para cima suas previsões para a inflação do núcleo do PCE neste ano, para 2,6%, contra a estimativa anterior de 2,4% de dezembro. A instituição também elevou sua projeção para o crescimento econômico em 2024 para 2,1%, acima da estimativa anterior de 1,4%, baseando-se na previsão anual do PIB.
Um crescimento mais robusto e uma inflação do núcleo elevada não indicam diretamente uma abordagem de política monetária mais flexível, mas Powell não descartou a possibilidade de o banco central começar a facilitar a política ainda este ano.
No entanto, a sequência recente de notícias sobre uma inflação persistente sugere que o Fed pode ter adotado uma postura mais cautelosa em relação à redução das taxas nas últimas semanas. Porém, como nota um jornalista do The Wall Street Journal,
"Powell não parece tão preocupado com os relatórios de inflação deste ano."
Mesmo com a tendência favorável aos cortes de taxa, os dados macroeconômicos ainda indicam que o início do relaxamento da política pode ser postergado.
"Não há pressa para eles", afirma Luke Tilley, economista-chefe na Wilmington Trust. "Eles contam com uma economia robusta, um mercado de trabalho sólido."
No entanto, a expectativa geral é de que junho venha a ser o mês que marcará o início dos cortes nas taxas. Contudo, uma grande quantidade de dados econômicos será divulgada até lá, e ainda é motivo de debate se os próximos indicadores reforçarão a justificativa para um corte nas taxas em junho.
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