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Por que o Dólar Não Dispara com a Perspectiva de 1 Milhão de Empregos nos EUA?

Publicado 04.05.2021, 09:28
Atualizado 09.07.2023, 07:31
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O dólar iniciou seu primeiro pregão de maio desvalorizando-se de forma geral. Na sexta-feira, deve ser divulgado o relatório de empregos nos EUA, e a expectativa é que o Departamento de Trabalho informe a criação de um milhão de novos empregos, o que está fazendo alguns investidores se perguntar por que a moeda americana não está disparando.

Com uma das melhores taxas de vacinação do mundo, estímulos econômicos e retirada de restrições, os EUA não só estão se recuperando rapidamente, como também emergindo como principal motor de crescimento do planeta.

O maior problema para o dólar é que, em seu nível mais fundamental, ele é uma moeda de proteção. Os EUA têm liderado a recuperação desde o início do ano, portanto os investidores tiveram bastante tempo para comprar dólares e realizar lucro. Agora, as taxas de vacinação na Europa estão subindo e o continente já flexibiliza as restrições.

O primeiro trimestre foi uma aposta na recuperação americana, mas o segundo e terceiro trimestres devem estar focados na recuperação mundial. O forte crescimento global é geralmente mais positivo para moedas com beta elevado do que para divisas de proteção, como o dólar.

Quando as nações da zona do euro finalmente removerem as restrições e apresentarem dados mais fortes, o interesse e a demanda pelo euro aumentarão. A recente fraqueza no dólar é um reflexo dos investidores se adiantando a essa oportunidade de negociação.

Adicione a isso a insistência do Federal Reserve em que ainda não houve um progresso significativo, além de um declínio inesperado no índice industrial ISM, e podemos ver por que o dólar se recusou a disparar, apesar da expectativa de um forte relatório de empregos na sexta-feira.

Os economistas esperavam que o índice industrial ISM subisse de 64,7 para 65, mas acabou caindo para 60,7 em abril. Segundo detalhes do relatório, o que motivou essa queda na atividade foram as altas de preços e a escassez de oferta de matérias-primas, e não a demanda. Mesmo assim, os rendimentos dos títulos americanos caíram.

A expectativa, entretanto, é que o índice de serviços ISM e o relatório de empregos evidenciem uma forte recuperação. O dólar deve responder positivamente a esses relatórios, mas diante da perspectiva de recuperação global, tudo indica que a demanda pela moeda americana arrefecerá.

Além dos números de mercado de trabalho nos EUA, os anúncios de política monetária do Reserve Bank da Austrália (RBA) e do Banco da Inglaterra (BoE) também estarão em foco nesta semana. O RBA se reuniu ontem à noite diante da expectativa de manter inalterada sua política monetária.

O RBA compartilhou das preocupações do banco central neozelandês sobre os preços dos imóveis residenciais, mas, diante das tênues pressões inflacionárias de maneira geral, não tem pressa nenhuma para agir. Mesmo com a extraordinária quantidade de estímulo fornecido pelo RBA, o crescimento do núcleo da inflação atingiu seu nível mais baixo já registrado para um primeiro trimestre.

Grande parte disso se deve ao baixo aumento salarial, o que representa um desafio para a recuperação, portanto pode levar algum tempo até que haja uma aceleração significativa nas pressões de preços.

A libra esterlina foi a moeda com melhor desempenho na segunda-feira, com os investidores preparando-se para o otimismo do Banco da Inglaterra. Embora não se espere qualquer mudança por parte do banco central inglês, uma forte recuperação fará reavaliar sua perspectiva. Sua avaliação econômica será mais positiva, na medida em que o governo projeta encerrar sua regra de distanciamento social de um metro em 21 de junho. Isso pavimentaria o caminho para a retomada de espetáculos ao vivo, jogos esportivos e cinemas antes do verão local.

Os dólares da Austrália e Nova Zelândia também se valorizaram, mas o dólar canadense ficou para trás. Ao contrário do que se vê nos EUA, os economistas esperam perda de postos de trabalho no Canadá no mês de abril. Grande parte do país ainda está em lockdown, mas a principal razão para a possível decepção com os números são os relatórios de emprego inesperadamente fortes nos últimos meses.

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