Eu quero, um dia, conseguir elencar os maiores erros do investidor pessoa física.
Ele começa no daytrade, cai nas promessas impossíveis, migra para as dicas dos amigos, pula de cabeça nas ações que mais subiram, depois as que mais caíram, descobrem os filtros, ...
Eu adoro os filtros. Os filtros são maravilhosos. Mas eles têm um enorme problema. Eles não te contam toda a história por trás dos negócios.
O que é a empresa? O que ela faz? Com quem compete? Como? Como ela ganha dinheiro?
O que nos leva direto a Companhia de Ferro Ligas da Bahia (SA:FESA4) – que divulga resultados nesta semana.
Ferbasa produz ferro ligas e depende de um contrato de pai-para-filho com a CHESF na Bahia. Sem o contrato de fornecimento de energia a, mais ou menos, 30 por cento do preço de mercado, a companhia fecha as portas.
Basicamente, o produto de FESA é eletrointensivo e a energia do Brasil não é competitiva. Mas a empresa conseguiu (no governo Dilma) estender seu contrato de energia até 2037.
Comprando FESA estamos comprando que o contrato será prorrogado para sempre – o que é improvável. Teríamos que estimar até quando o contrato atual duraria e descontar a valor presente os lucros de FESA companhia até lá.
A CHESF é da Eletrobras (SA:ELET3) ((SA:ELET6)) e pode sofrer mudanças (drásticas) com o plano de privatização de ELET – estaria o contrato de fornecimento blindado, mesmo com a privatização?
Dependendo de um contrato, a produção de FESA tem data para acabar, logo, seu preço em múltiplos não é comparável ao restante da bolsa.
E as ações de FESA não parecem nem um pouco baratas a 5x Ebitda e 6,5x lucros. Mas o mercado ignora os riscos e puxa as ações +21 por cento em 12 meses.
No Investidor de Valor, não gostamos nem um pouco de correr riscos de contratos – pois somos sempre os últimos a saber quando eles não valem mais nada. Continuamos de fora de FESA.
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