Em meio a uma forte onda de consolidação no setor de saúde, com a compra da SulAmérica (BVMF:SULA11) pela Rede D'Or (BVMF:RDOR3) e a fusão entre Hapvida (BVMF:HAPV3) e Grupo NotreDame Intermédica (BVMF:GNDI3), agora chegou a vez dos grupos Fleury (BVMF:FLRY3) e Hermes Pardini (BVMF:PARD3) juntarem seus microscópios.
As duas empresas assinaram um acordo tendo como objetivo a combinação de seus negócios e bases acionárias.
O mercado financeiro seguiu em euforia com a notícia. Após o anúncio de fusão, as ações do Hermes Pardini dispararam 21,31 por cento, enquanto os papéis do Fleury saltaram 14,96 por cento.
Prêmio aos acionistas de Hermes Pardini
De acordo com os termos da operação, o Fleury vai incorporar todas as ações do Hermes Pardini pagando 2,1541 reais em dinheiro e mais 1,2135 ação de Fleury por ação do Pardini.
A transação implica um prêmio de 14 por cento sobre o fechamento de PARD3 na quinta-feira, 30.
Entendendo o racional da transação
O negócio é positivo, com sinergias entre as operações. As duas empresas do setor de saúde atuam fortemente em análises clínicas, com destaque para Pardini que oferece amplo know-how nesse segmento. É importante mencionar que Fleury é uma empresa consolidada e tem um segmento bastante definido, que é o premium, direcionado às classes A e B.
As companhias estimam que a combinação dos negócios vai aumentar o Ebitda da nova companhia em 160 milhões de reais.
Dessa forma, há um ganho imediato em torno de 15 a 20 por cento no Ebitda com a união das operações e redução de custos.
O maior desafio: fit cultural
O maior desafio, entretanto, seria a aderência cultural entre as empresas, na nossa visão. Fundir duas culturas muito diferentes não é fácil de acontecer. Além disso, precisamos aguardar como as duas companhias farão o ajuste de estrutura operacional.
Juntas, elas somam 487 unidades de atendimento em 13 dos principais polos econômicos do país e 6,6 mil clientes lab-to-lab distribuídos por grande parte do território nacional.
A governança da nova companhia terá que acertar os rumos após a fusão e achar uma convivência produtiva entre os sócios: a Bradesco (BVMF:BBDC4) Seguros, os médicos do Fleury e os irmãos Pardini.
Pardini ainda viverá
De acordo com as empresas, o Hermes Pardini continuará usando sua marca por pelo menos 10 anos após a fusão, com possibilidade de expansão a novas unidades — apesar de ficarem agora sob a holding Fleury.
Fusão ainda depende de aprovações
A conclusão dessa operação ainda deverá ser aprovada pelos acionistas de ambas as companhias em suas respectivas assembleias gerais e pelo órgão antitruste Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Caso os acionistas de alguma das companhias não aprovem o negócio, haverá o pagamento de multa de 250 milhões de reais pela empresa em questão.
Dessa forma, acreditamos que há grandes chances de o negócio ser aprovado.