Em minha opinião, no momento faz sentido ter uma exposição, ainda que pequena, em casos de varejo que se beneficiarão claramente com a reabertura da economia no pós-covid, como é o caso das empresas que tem boa parte de vendas em lojas físicas.
Na carteira recomendada na série da Empiricus sob minha autoria, tenho feito esta adequação nos últimos tempos no portfólio sugerido de ações.
As minhas preferidas são aquelas empresas do vestuário de moda, após a população passar boa parte dos últimos dois anos trabalhando no home office de pijama e, com o livre acesso à geladeira, engordando.
Brincadeiras à parte, é normal que as pessoas invistam mais em vestuário se estão indo a eventos, ao escritório, participando de reuniões presenciais, indo a festas e outros encontros sociais que nos foram privados nos últimos muitos meses.
Além disso, acredito que algumas empresas do setor de varejo de moda estão propensas a eventuais aquisições e a uma consolidação do setor.
Sabemos que a Lojas Renner (SA:LREN3) realizou uma capitalização, por meio da qual captou R$ 3,98 bilhões, que poderão ser utilizados para aquisições.
As ações de varejistas caíram muito na pandemia, sem que ainda tenham se recuperado, o que eu considero abrir um ponto de compra dos papéis e uma oportunidade para aqueles investidores com horizonte de longo prazo que queiram se expor neste setor.
A Marisa (SA:AMAR3) atualmente negocia a um valor de mercado de apenas R$ 1,6 bilhão, enquanto o da C&A (SA:CEAB3) é de R$ 4,2 bilhões, o da Lojas Renner é de R$ 39,5 bilhões e a Riachuelo/Guararapes (SA:GUAR3) tem valor de R$ 9,2 bilhões em Bolsa.
Ao observar estes valores de mercado, e comparando-os com o que já valeram estas empresas, acredito que algumas empresas negociam a patamares de valor de mercado bastante convidativos, não apenas para investidores em ações, mas também para serem alvos de eventuais fusões e aquisições.
A capitalização da Renner veio na esteira de uma proposta de compra da Hering (SA:HGTX3), hoje com valor de mercado de R$ 4,7 bilhões, pelo Grupo Soma (SA:SOMA3), que vale R$ 6,5 bilhões, após a proposta de aquisição feita pela Arezzo (SA:ARZZ3) ter sido rejeitada pela Hering.
As ações da Hering valorizaram-se nada menos que 70% com o anúncio de sua compra pelo Grupo Soma, dono das marcas Animale e Farm, entre outras, precificando muito bem o seu negócio, que saltou de R$ 17 por ação para os atuais R$ 29. Veja no gráfico abaixo:
Além desta chance de consolidação no setor, que me parece bastante movimentado após a aquisição da Hering e a capitalização da Lojas Renner, as empresa devem, portanto, se beneficiar da reabertura da economia até o fim do ano, prazo prometido pelo ministro da Saúde para que todos os brasileiros estejam vacinados.
Mas não para por aí:
Vejo que as empresas podem também ser beneficiadas por mais aspectos quando a pandemia passar, como: 1) melhora nas operações de vendas online ocorridas por força da necessidade 2) busca por eficiência com cortes nos custos e despesas algo que costuma acontecer para manter as operações em pé nos momentos de crise 3) Menor concorrência de players regionais e informais que encerraram operações pois não resistiram à crise.
Bem, espero ter explicado o porquê eu estou confiante neste setor específico ultimamente. O stock picking, ou seja, em quais empresas exatamente investir, guardo para os clientes da Empiricus, mas espero ter ajudado aos leitores do Investing.com a refletirem sobre o tema e pensar suas escolhas.