Quão bem você acha que administra o seu dinheiro? Alguém lhe ensinou a fazer isso? Sabe, por exemplo, montar um orçamento e economizar? Ou como abrir uma conta bancária? Solicitar ajuda financeira e empréstimos? A chuva de interrogações tem razão de ser: responder "sim" a apenas uma delas já o coloca em situação distinta da maioria.
A despeito do crescimento no percentual de adultos com acesso a serviços financeiros – que, de acordo com o Relatório de Cidadania Financeira 2021, saltou de 85% em 2019 para 96% em 2020 –, o Brasil tem enfrentado o duro desafio de avançar como sociedade apoiada em educação financeira.
Nas últimas manchetes do ano passado, lemos: que o país amargou uma das últimas posições em um índice global de inclusão financeira, divulgado pela Principal Financial Group (NASDAQ:PFG) e o Centre for Economics and Business Research (de 42 países analisados, o Brasil ficou em 35º); e que a inadimplência bateu recorde negativo na série histórica (29% no final do segundo semestre de 2022).
Em uma sociedade endividada, aprender a lidar com as finanças pessoais deve ser uma preocupação coletiva, do público e do privado. O objetivo da chamada alfabetização financeira vai além de estabelecer uma relação sadia de controle sobre o dinheiro. É saber usá-lo como uma ferramenta para fazer escolhas que ajudam a lapidar satisfação com a vida. Em outras palavras, ter capacidade de lidar com oportunidades (de bons investimentos, por exemplo) e questões inesperadas, sejam elas do âmbito pessoal (como perda do emprego) ou geral (como a escalada da inflação).
Nesse sentido, a importância do trabalho é proporcional à dificuldade de implementá-lo em larga escala. De quem está aprendendo, exige entendimento do relacionamento social, do contexto socioeconômico e da nossa história. Já quem tem a tarefa de ensinar precisa levar em consideração a geografia – afinal, estamos tratando de uma população diversa, com níveis desiguais de educação geral – e a obtenção de recursos e interesse para contemplar as iniciativas de uma perspectiva estratégica, que atinja mais pessoas.
Construindo bons hábitos
O conhecimento para a tomada de decisões relacionadas a crédito, consumo e planejamento mais sustentáveis, associado à democratização de produtos e serviços financeiros impacta diretamente o desenvolvimento do país. Nas camadas da população nas quais essa já é uma realidade, o mercado de investimentos dá uma ideia tangível desse poder.
Há um interesse genuíno por ampliar rendimentos e diversificar. Um levantamento da B3 (BVMF:B3SA3), a bolsa de valores de São Paulo, indicou que o número de pessoas físicas que investem em renda variável cresceu 35% no terceiro trimestre de 2022 na comparação com o mesmo período de 2021, passando de 3,3 milhões para 4,6 milhões. Em relação ao trimestre anterior, houve um aumento de 200 mil investidores. Os ativos globais também têm chamado a atenção e estão em franca evolução.
É uma clara evidência de potencial que pode ser explorado.
E a educação financeira tem papel chave aqui. Quando se eleva, há maior conexão com oportunidades. O apetite do brasileiro pelo setor acaba repercutindo, em uma cadência já observada em outros mercados, como o norte-americano.
Por isso, em 2023, encaro, como parte da missão de trabalhar em uma instituição financeira, ajudar ativamente em iniciativas para infundir conhecimento sobre o trato com o dinheiro. É importante que compartilhemos nossa própria experiência para que mais pessoas tenham a chance de experimentar a real independência.