Já parou para pensar por que passamos tanto tempo falando sobre retorno do patrimônio? Por que nos preocupamos cada dia mais com o dinheiro conforme vamos crescendo e amadurecendo?
Hoje eu parei para pensar sobre isso e o fato é que a resposta tem muito a ver com tudo o que você passa durante a sua vida adulta.
Assim que saímos da fase educacional, imaginamos que, com os diversos anos de conhecimento adquirido, a conquista do mundo será apenas questão de tempo.
Aí, chegamos no primeiro trabalho e nos deparamos com o primeiro choque: a percepção do quanto nosso conhecimento adquirido é quase irrelevante para nos diferenciar no mercado de trabalho.
Passado o choque, vem a constatação da hierarquia no trabalho e de todas as consequências disso. Trabalhar mais horas do que gostaria, fazer tarefas que não lhe agradam, ter horários curtos de descanso e prejudicar a vida pessoal.
Essas são algumas das situações que imagino que todos que estão lendo este artigo já passaram ou ainda passam.
Eu mesma já passei por uma situação dessas de ter um superior que tinha baixo conhecimento técnico, um ego inflado e uma necessidade grande de se autoafirmar na posição. Lembro de trabalhar desmotivada.
Um dia esse chefe me chamou. Eu tinha batido a meta de retorno da minha carteira, mas mesmo assim ele me deu uma advertência por eu não estar participando das discussões conjuntas da forma como ele gostaria.
Fiquei muito chateada. Cheguei em casa e fui conversar com o meu pai, que estava deitado na cama do seu quarto (já acometido pela ELA em um estágio mais avançado).
Disse:
— Pai, eu não aguento mais trabalhar lá. Não sinto que estou aprendendo, me sinto desmotivada e mesmo batendo a meta ainda tenho que ouvir críticas de uma pessoa que não está gerando nenhum resultado.
Meu pai, com a sapiência de uma vida toda e a delicadeza que lhe era peculiar, me disse:
— Filha, manda esse cara para a p*$#@. A gente aguenta aqui.
Olha, você não tem ideia do peso que saiu das minhas costas. De repente eu tinha quinhentos quilos a menos.
A sensação era apenas uma: liberdade!
Meu pai me deu uma saída. Ele me fez enxergar que eu não precisava mais me submeter àquela situação que não me agradava.
Mas, é claro, ele disse também outra coisa: “deixa que a gente aguenta aqui”.
Eu tive o gigantesco benefício naquele momento de poder escolher. De poder lidar com a consequência financeira de pedir demissão, uma vez que meus pais me ajudariam até eu conseguir uma recolocação.
Quantas pessoas têm essa oportunidade?
A falta de dinheiro nos submete. Você tem que aguentar certas coisas que não gosta. Você vai até o limite. Muitas vezes, ultrapassa o limite.
Ter dinheiro significa não ter submissão.
Poder escolher até onde aceita ir. Poder escolher o tempo que vai passar com as crianças. Poder escolher até onde vai com o seu trabalho em nome do crescimento. Poder escolher a hora de dizer chega!
Mas não dá para ir atrás dos nossos sonhos se nossos sonhos no curto prazo não colocam leite na mesa, dá?
Tem que se submeter por um tempo? Tem...
Mas tem também que colocar uma data para essa submissão acabar.
E colocar essa data significa duas coisas:
1. Poupar o máximo que você consegue da sua renda.
Toda vez que você pensar em comprar alguma coisa, pensa se não é um supérfluo e se não vai atrapalhar seu caminho de liberdade.
Às vezes seu emprego atual até é legal e você se sente bem trabalhando nele. Mas pense que as coisas mudam muito de uma hora pra outra e amanhã você pode estar em um lugar não tão bom.
Para isso, tenha sempre sua reserva de emergência.
Eu não tinha reservas quando fui falar com meu pai. Na época, ele ainda era vivo. Ele foi a minha reserva. E eu pude apertar o botão de “stop” — de uma maneira bem mais delicada que a que ele sugeriu, diga-se de passagem.
Mas, hoje, ele não estaria mais aqui para ajudar. Eu tenho que ter o dinheiro do “stop”.
2. Investir esse dinheiro com a mesma diligência que você poupou.
Nós passamos no mínimo 30 anos trabalhando e poupando para formar uma reserva minimamente razoável.
Imagina pegar esse dinheiro e investir em um produto financeiro ruim.
Um fundo passivo de banco com taxa de administração estratosférica que come todo o rendimento.
Uma poupança que rende menos que a inflação.
Um COE de volatilidade de bolsa que ganha dinheiro apenas quando um ativo dá duas piruetas e cai de pé exatamente com o mindinho direito, no exato dia X, às 22h52.
Um CDB de banco que quebra e passa 82 dias na fila do FGC.
Uma ação de empresa com fraude no balanço.
Já pensou?
Já pensou no atraso de vida, de liberdade e nos anos de submissão que serão precisos para voltar a rever o prejuízo?
Se ter dinheiro é liberdade, então investir bem é o caminho para a liberdade.
E nós acreditamos que apenas você pode ser o capitão desse navio.
Você pode até delegar a gestão, mas tem que ter o conhecimento para reconhecer um bom trabalho. E, principalmente, precisa de conhecimento para reconhecer um trabalho ruim.
O conhecimento ninguém tira de você.
Invista nisso.
Um grande abraço