Durante esse período que estamos vivendo, de pandemia, duas coisas fixaram em minha mente:
1. Respeite o lucro!
Após o declínio dos mercados em março/2020, uma chuva de oportunidades caiu sobre os mais atentos/pacientes.
Diversos papéis, após isso, obtiveram uma valorização de 70/80/100% ou até mais.
Então, respeitar o lucro é importante para saber o momento de colocar o retorno no bolso, de fato.
2. O mundo é uma locomotiva, e o Brasil está entre os últimos vagões!
Passa a fazer sentido quando você avalia o nível de contaminação global que houve, iniciando na Ásia, passando por Europa, chegando aos EUA e, por fim, Brasil.
Na primeira onda e na segunda.
Além do declínio no mercado financeiro também, assim como sua retomada.
Era sabido por grande maioria - pelo menos os que acompanham o mercado financeiro e a economia - que passaríamos por um processo de crescimento da nossa inflação no curto prazo, devido a uma demanda reprimida, maior parte em Produtos e alguma parte em Serviços.
E estamos sentindo isso com juros real negativo.
Também era previsível que, após esse estresse na inflação de curto prazo, seria necessário ajustes consecutivos na taxa de juros (Selic) para que não perdessemos o controle no médio/longo prazo.
E estamos vendo isso a cada reunião do COPOM e nas perspectivas de ajustes da Selic em cada relatório Focus que é apresentado semanalmente.
Dito isso, por que ficar de olho na inflação americana já que estamos falando de Brasil?
Por ser a locomotiva mundial, os Estados Unidos praticamente regem o mercado, seja com suas grandes companhias ou com a injeção de capital que está acontecendo "infinitamente".
Mas alguém tem que pagar essa conta, até por que uma hora a tinta do cartucho seca.
Essa dívida será cobrada através de impostos (vide alíquota de imposto global para empresas de países que compõe o G7) e outros que ainda virão.
Outra cobrança é através da inflação, que vem em crescente nos Estados Unidos.
Na última semana o FED deixou claro que é possível um ajuste na sua taxa de juros por volta do ano de 2023.
Porém, alguns já afirmam que essa alta pode acontecer em 2022, trazendo assim "alguma incerteza" sobre essa movimentação.
A grande preocupação dessa movimentação no curto prazo, é que, globalmente falando, os países que ainda não buscaram corrigir a diferença entre inflação e sua taxa, terão que fazê-lo de forma mais acelerada, para que não perca atratividade para os grandes investidores.
Porém, com uma movimentação clara, quase que "desesperada" para retomar alguma atratividade em relação aos Treasuries americanos, ficará evidente que é algo artificial, podendo gerar desconfiança e reduzir mais ainda sua atratividade.
Comparando Brasil x Estados Unidos:
Fica evidente, assim como já era no passado, que há um nível de risco acentuado, principalmente quando falamos sobre risco político (mas será assunto para outro momento).
É mais atrativo para o institucional, e os grandes investidores, dar preferência a estabilidade ou ao possível retorno?
Se você respondeu para si a primeira opção, sim, você está correto.
Um exemplo disso é avaliar a diferença entre as taxas de juros.
Abaixo podemos ver, nos últimos 5 anos, o seu comportamento:
"Melhor cenário de retorno" com juros anuais de 2,5% nos Estados Unidos.
Enquanto no Brasil:
Talvez eu não precise falar sobre a imagem acima...
Muitos falam que o Brasil deveria ter iniciado a correção da taxa de juros desde 2020, ou até não ter chegado aos 2%/ano que chegamos, mas o fato é que iniciamos essa correção, que poderá evitar o citado acima, a "correria para aumento da taxa de juros caso os EUA façam a mesma coisa".
Segundo o último relatório Focus, 14/06/2021, podemos ver que estaríamos com certo "conforto" em relação à diferença entre as taxas de juros.
Mas há algo que devemos lembrar: o relatório Focus pode mudar toda segunda feira.
Além disso, somos o Brasil, onde até o passado é incerto.
O mercado sempre irá antecipar acontecimentos, por isso sua visão deve ser de médio/longo prazo.
No início da pandemia você já deveria estar observando quais setores seriam mais (e menos) afetados.
Como seria a retomada?
Deflação.
Inflação.
Correção da taxa de juros.
A partir do momento que você possui um olhar macro sobre toda situação de mercado, você se sentirá confortável com os movimentos que acontecerão, até por que você analisou que poderia acontecer.
OU NÃO!
Por que analisar de forma macro também é observar o cenário que anda na direção oposta.