No final da semana passada, o preço do petróleo caiu 5%, algo inesperado. Esta queda segue de perto a notícia de que as reservas de petróleo nos Estados Unidos não diminuíram o suficiente – apenas 2,2 milhões de barris na semana encerrada no dia 1º de julho (links em inglês). Isto significa que as refinarias usaram muito menos petróleo do que o previsto para o início deste trimestre. As reservas de gasolina também caíram menos do que o esperado – apenas 122.000 barris foram utilizados ao passo que a projeção era de mais de 300.000.
Esses dados indicam que, nos últimos meses, os eventos mundiais estavam escondendo que ainda há um excesso de oferta mundial de petróleo e gasolina. Apesar dos novos eventos, o preço do petróleo deve continuar em queda para refletir isso.
Excesso de oferta nos Estados Unidos
Os norte-americanos estão dirigindo. Só não estão dirigindo o suficiente a ponto de impactar o mercado de petróleo – já com excesso de oferta – e as amplas reservas de petróleo. Normalmente, as refinarias norte-americanas extraem mais petróleo nesta época do ano para produzir mais gasolina a fim de suprir a demanda da temporada de férias. No entanto, quando o petróleo estava barato nos últimos meses, as refinarias aumentaram a extração, o que significa que elas já estavam ultrapassando a demanda meses atrás. Esta gasolina adicional explica os números divulgados pela EIA (Energy Information Administration) no dia 1º de julho e expõe o excesso de petróleo que os eventos mundiais estavam escondendo.
Sobrecarga de petroleiros
Fotos (link em inglês) por satélite de petroleiros em todo o mundo ilustram o excesso visível de oferta do petróleo. Pontos e setas indicam um engarrafamento de superpetroleiros entre o Golfo Pérsico e a China. Os piores gargalos são visíveis em torno de Singapura, onde fotografias terrestres revelam um ancoradouro com navios aguardando para entrar em portos na Ásia e descarregar as cargas. A situação em contango também agrava esses engarrafamentos porque ainda é mais barato manter o petróleo armazenado em navios enquanto os proprietários aguardam a alta dos preços da commodity. No entanto, há o risco de uma inundação repentina do petróleo no mercado e uma queda correspondente dos preços.
Mascarando o excesso de oferta
Os eventos mundiais na Nigéria, Canadá, Líbia e Irã têm ajudado a mascarar a situação do excesso de oferta até agora. Os Vingadores do Delta do Níger (link em inglês), uma organização terrorista na Nigéria dedicada a destruir infraestrutura petrolífera do país, têm feito danos significativos, mas não o suficiente para impactar a produção mundial de petróleo de uma maneira mais grave. Os incêndios florestais (link em inglês) no Canadá interromperam temporariamente a produção nas areias betuminosas de Alberta, mas o incêndio foi combatido. A hostilidade entre produtores rivais na Líbia (link em inglês) resultou em uma suspensão das exportações de petróleo do país durante várias semanas. Notícias de possíveis greves entre os trabalhadores de petróleo da Noruega e do Kuwait (links em inglês) também elevaram os preços do petróleo temporariamente, embora estas questões trabalhistas tenham sido resolvidas antes da ocorrência de uma paralisação substancial. A especulação ampliou as consequências de eventos geopolíticos, trabalhistas e ambientais e ajudou a estimular a alta do preço do petróleo para níveis maiores do que o devido.
Queda atual do petróleo
Notícias de que as refinadoras independentes da China (apelidadas de "teapot") estão processando menos petróleo, ao lado de notícias de uma maior produção nas regiões de shale oil nos EUA, ajudaram na queda do preço do petróleo na abertura dos mercados nesta semana (links em inglês). A pergunta é se esta queda atual resultará em um preço abaixo dos US$ 40 ou se alguma questão geopolítica, trabalhista ou ambiental surgirá e ocultará o excesso novamente.