O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é o índice oficial de inflação do nosso país, medido e divulgado pelo IBGE (este último foi divulgado em 10/04), encerrou março em 0,16%. O resultado divulgado foi abaixo do esperado pelo mercado, que previa uma alta de 0,25%.
Em primeiro lugar, o que acontece é que a inflação sobe, o nosso Banco Central utiliza um dos seus mais eficientes instrumentos de política monetária para controlar esse aumento generalizado e persistente dos preços: a taxa de juros (SELIC).
Inflação descontrolada
Ao aumentar a SELIC (custo primário do dinheiro), nosso Banco Central faz com que o dinheiro fique mais caro. Assim, todos os empréstimos e financiamentos que são feitos pelas pessoas e pelas empresas ficam mais caros, porque se o dinheiro no patamar mínimo passa de 10% ao ano para 12% ao ano, por exemplo, tudo o mais fica acima desse valor, de modo que os empréstimos ficarão acima de 12% ao ano.
A consequência de termos o dinheiro mais caro é simples: o consumo tende a cair e haverá menos dinheiro em circulação. Com isso, todos os preços tendem a cair e, dessa forma, a inflação tende a arrefecer.
Inflação sob controle
Por outro lado, se a inflação está sob controle, o nosso Banco Central se sente confortável em reduzir a nossa taxa de juros (SELIC), ou seja, fazer com que o dinheiro fique mais barato e, assim, estimular o consumo das pessoas e das empresas. Com o dinheiro mais barato, fica mais barato financiar bens de consumo e realizar empréstimos.
Ciclo atual
O ciclo atual é de queda da taxa Selic, ou seja, estamos em um cenário no qual o dinheiro está se tornando mais barato. Esse ciclo de redução da nossa taxa básica de juros começou em agosto do ano passado após o Banco Central concluir que a inflação estava sob controle.
Desde o início desse ciclo de queda da Selic, temos visto cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual com a expectativa de que o Banco Central intensifique os cortes, ou seja, promova reduções ainda maiores. O Banco Central, no entanto, permanece sem uma posição muito definida quanto aos juros no futuro. Por exemplo, na ata da última reunião, os integrantes deixaram claro que não existe fundamento para uma aceleração nos cortes.
Neste documento, a autoridade monetária afirmou que há uma necessidade de se manter uma política monetária levemente contracionista para consolidar a convergência da inflação para a meta. Qual é essa meta, afinal?
Neste ano, a meta de inflação que o Banco Central procura respeitar é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Seus investimentos
Como expliquei, quando a inflação é esperada para subir, o Banco Central frequentemente responde aumentando a taxa SELIC para conter essa alta. Este aumento da SELIC faz com que os investimentos em renda fixa, como títulos públicos, se tornem mais atrativos, pois seus rendimentos são ajustados para oferecer taxas de retorno mais elevadas. Paralelamente, para as empresas, o custo de financiamento aumenta, o que pode reduzir investimentos e, por conseguinte, afetar negativamente seus lucros e, indiretamente, o preço de suas ações no mercado.
Por outro lado, quando a inflação está controlada ou abaixo do esperado, como no caso recente onde o IPCA subiu apenas 0,16% contra uma expectativa de 0,25%, isso pode levar o Banco Central a reduzir a taxa SELIC. Uma SELIC menor torna o crédito mais barato e pode estimular o consumo e os investimentos empresariais, potencialmente elevando os lucros das empresas e, consequentemente, o valor de suas ações.
Além disso, isso significa que as empresas podem refinanciar suas dívidas existentes ou contrair novos empréstimos a custos mais baixos, o que reduz as despesas com juros e pode melhorar sua lucratividade. Essa redução nos custos de financiamento pode também liberar mais recursos para as empresas investirem em expansão, pesquisa e desenvolvimento ou em outras áreas estratégicas.
No entanto, para a renda fixa, essa redução na taxa SELIC pode tornar novos títulos menos atrativos, uma vez que oferecem rendimentos mais baixos. Portanto, entender as tendências e expectativas de inflação é essencial para investidores, pois estas têm impactos significativos tanto na rentabilidade dos investimentos em renda fixa quanto na valorização de ações no mercado.