Em 2012, a seca deve forçar até o pecuarista com os melhores pastos a aumentar a utilização de suplementação.
Em grande parte do país, principalmente no centro-oeste, sudeste e sul, onde estão os maiores rebanhos, as chuvas estão bem abaixo do normal para o período.
Em algumas regiões do Mato Grosso e Minas Gerais, a precipitação acumulada foi 250mm inferior ao esperado para fevereiro. Desde o início das águas o volume de chuvas está abaixo do esperado.
Figura 1.
Está difícil manter o capim em boas condições e o pasto de hoje deve chegar muito ruim na entrada da seca.
Em função desse quadro, a suplementação deve ganhar ainda mais importância este ano. É aí que surge a preocupação, principalmente quando se acaba de sair de um ano como o de 2011 onde a dieta onerou a produção.
É preciso buscar alternativas, em especial ao milho, que foi o grande vilão dos custos em 2011. Nesse sentido, a polpa cítrica é um ingrediente que ganha força.
Polpa cítrica
O mercado de polpa é diretamente influenciado pelo milho, assim como todos os concentrados energéticos.
Veja na figura 2 como os preços variam de forma semelhante.
A polpa cítrica é uma opção mais econômica em relação ao milho. Foi assim em 2011, quando o grão atingiu cotação recorde.
Naquele ano, o preço médio do milho ficou em R$535,00/tonelada, enquanto que a polpa cítrica foi negociada, em média, por R$378,00.
Considerando o fornecimento de energia (NDT dos dois ingredientes) para o pecuarista ficou 30% mais barato a polpa. Tabela 1.
A safra 2011/2012 de laranja, que terminou de ser colhida em fevereiro deste ano, teve um crescimento de produção de 27% em relação à temporada anterior, alcançando 375,74 milhões de caixas de 40,8kg, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Considerando que 86% da produção seja destinado à indústria, e que a cada tonelada de laranja esmagada são produzidos 413kg de resíduos usados na alimentação animal (casa, semente e bagaço), a produção de polpa cítrica está estimada em 5,45 milhões de toneladas.
Para a safra 2012/2013 com início em maio, as perspectivas ainda são vagas, mas a seca pode influenciar a produtividade dos pomares.
Porém, o preço da polpa cítrica deve continuar vantajoso para o produtor. O milho historicamente é 46% mais caro em São Paulo, por exemplo, e a composição bromatológica dos dois, em relação à matéria seca e NDT é muito próxima, garantindo à polpa um valor menor de energia fornecida.
Além disso, o período de safra da laranja coincide com a entressafra de grão, início da seca e entrada do confinamento. Sem contar ainda que as perspectivas são de mercado firme para o milho este ano.
Apesar disso, o período ideal para a compra da polpa ainda está por vir. Figura 3.
Note na figura 3 que a partir da colheita da laranja (representado pela marcação vermelha), maio e junho, são meses em que ou a polpa atinge um dos menores preços do ano ou se dá o início ao movimento de baixa. É aí que se torna atrativo a compra do insumo.
Por fim, é preciso analisar todas as alternativas de suplementação para reduzir custos sem, é claro, reduzir a produtividade animal.
Em 2011 o custo de produção do confinamento, por exemplo, subiu 34% em relação a 2010, sendo que 45% desse aumento foi composto pelo aumento de preço dos alimentos concentrados.
Nesta temporada, para manter as margens o acompanhamento do mercado para comprar nos momentos propícios pode determinar a diferença entre o resultado positivo ou negativo da atividade.