Os dados disponíveis apontam para um arrefecimento da demanda interna no Japão, uma faceta notoriamente desafiadora de estimular, dada a presença persistente de problemas crônicos relacionados à estagnação e deflação. Essa estagnação crônica, uma característica que aflige o Japão desde a década de noventa, manifesta-se de maneira tangível nos indicadores econômicos. Além disso, os investimentos em bens de capital enfrentaram perdas, sinalizando uma falta de entusiasmo por parte dos empresários em relação a um potencial ciclo de expansão da produção. Os ciclos de inventário também estão em um ritmo lento, especialmente considerando a cultura "just-in-time" japonesa, na qual a reposição de estoques naturalmente ocorre apenas em resposta à demanda efetiva.
1) Manutenção da demanda interna e, evidentemente, para gerar as condições acomodatícias propícias para tal cenário, a condução estrita do YCC (Yield Curve Control).
2) Desenvolvimento dos preços internos, uma vez que se torna insustentável a manutenção da demanda sem uma contrapartida no aumento de renda, "mistura" que pode ser inflamável, correndo o risco de gerar uma espiral inflacionária.
3) Desenvolvimento das economias estrangeiras, e, consequentemente, o retorno das exportações em massa.
4) Desenvolvimento no preço das commodities, e seus impactos subjacentes na demanda global, concomitantemente com a elasticidade de preços e a inflação para o produtor, sendo repassada para o consumidor final.
5) Comportamentos salariais. O BoJ deverá acompanhar de perto as negociações salariais para o próximo ano fiscal, pois todo o planejamento das condições econômicas e monetárias dos formuladores de políticas dependem principalmente da manutenção da demanda interna, que só resistirá às pressões inflacionárias se forem acompanhadas de aumentos salariais.
O BoJ continuará comprando JGBs por taxas fixas de 0,5% a fim de manter a banda entre 0% e 1%. Recentemente, podemos enxergar algumas pressões de participantes dos leilões primários de JGBs exigindo rendimentos mais altos, uma vez que uma taxa baixa demais não atrairia compradores e causaria uma fuga de capital massiva, além de abalar o financiamento direto do governo japonês. Além disso, os participantes dos leilões primários de JGBs, visando manter parte de seu poder de compra, precificaram juros mais altos através dos mesmos leilões, exigindo taxas maiores por conta da deterioração constante do poder de compra do iene. Por isso, o BoJ necessitou adaptar as políticas do seu YCC para atender as necessidades das instituições financeiras participantes do mercado primário, que são, no fim das contas, quem financia o excedente das despesas que o governo japonês não consegue cobrir com a arrecadação de impostos. Abrindo mão da meta, que era do JGB de 10 anos flutuar em torno de 0,25%.
Além disso, o BoJ continuará comprando ETFs e J-REITs, estimulando o mercado imobiliário e de capitais. Operações de Recompra e Suprimento de Fundos utilizando como colateral JGBs continuarão figurando políticas monetárias exequíveis para as metas do BoJ. Outras como: compras de papéis comerciais e acordos de recompra utilizando papéis comerciais poderão ser utilizadas para financiar o setor privado em casos de choques internacionais de oferta ou arrefecimento súbito da demanda interna. O BoJ, porém, descontinuou, assim como o ECB, o seu programa de Asset Purchase Program (APP).