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Política econômica, Juros e a Fazenda: O último leitor, de Keynes a Bernanke

Publicado 22.03.2023, 17:30

Paulo Guedes afirma ter lido a Teoria Geral de Keynes três vezes, “no original”, antes mesmo de chegar a Chicago.

Já o presidente Lula parece não perder tempo com banalidades: “livros de Economia estão superados”.

Entre ler três vezes e não ler nenhuma, continuo sonhando com um político que tenha lido Keynes uma única vez, e entendido o que leu.

Pode ser na versão traduzida para o Português, ou na versão em quadrinhos. O que importa mesmo é entender a parada.

A despeito de seu G maiúsculo para os Gastos do Governo, Keynes era um grande fã da responsabilidade fiscal. 

Ele não era nada vingativo. Ao contrário, foi um dos primeiros a alertar sobre as punições extremas contra a Alemanha depois da 1ª Guerra.

Ainda mais importante do que isso, ele respeitava as reações do mercado como um guia prático – embora nem sempre lúcido – para julgar as decisões de política econômica.

Keynes era um exímio investidor, e ganhou dinheiro de verdade na Bolsa de Londres, sem vergonha de ser feliz. 

Poderia ter ensinado algumas lições preciosas aos ditos "keynesianos" que o sucederam de maneira não autorizada. Mas, se não ensinou em vida, ainda pode ensinar depois de morto.

Nos últimos 50 anos, o mainstream do conhecimento econômico tornou-se bastante acessível a todos nós, de Keynes a Friedman, de Volcker a Bernanke.

Está aí para quem deseja aprender.

Dizem as más línguas que Haddad assumiu a Fazenda sabendo menos que os calouros de Economia da UFRJ.

Dizem as boas línguas que ele tem demonstrado um grande interesse, bom senso e – coisa raríssima – gosta de trabalhar; nisso se parece com o Meirelles.

Sabemos das brigas & disputas dentro partido, do fogo amigo contra Haddad, mas é difícil concordar com uma precificação de mercado que considera esse cenário pior do que o da transição.

Na transição, Haddad era tido como apenas outro dentre tantos inimigos do mercado, meio estilo Mercadante. 

Hoje fica claro que temos um ministro da Fazenda devidamente letrado, capaz de entender o que lê.

Se as opiniões dele vão predominar, veremos. 

Seu arcabouço fiscal ficou para abril. 

É uma derrota se pensarmos que não convenceu ainda a todos, perdeu o timing do Copom de março.

É uma vitória se lembrarmos que, até pouco tempo atrás, não havia qualquer coisa parecida com uma nova regra fiscal.

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