Mercados devem operar em volatilidade, mas em tendência de alta, de olho no trâmite da PEC Emergencial no Congresso, e repercutindo do primeiro discurso de Lula, depois de se tornar “ficha limpa”. No BACEN, os leilões de swap de dólar seguem ocorrendo, no intuito de um câmbio menos depreciado, diante da proximidade da reunião do Copom da semana que vem.
Nesta quinta-feira, a continuidade das discussões sobre a PEC Emergencial, na polêmica do destaque sobre congelamento do salários dos servidores. Ao fim do dia de ontem, lideranças do governo conseguiram trocar este congelamento pela concessão de promoções. Manteve-se o impacto favorável de economia em até R$ 15 bilhões ao ano, embora não saibamos ainda quanto será pela manutenção das promoções. Conclui-se ainda que a tal base governamental, povoada por políticos do Centrão, não parece ser tão fiel assim, mais preocupada com os interesses a serem colocados na mesa.
No Bacen, continuam os leilões de “swap” nesta quinta-feira, próximos a US$ 1 bilhão. Isso pode ser interpretado como uma prevenção pela proximidade da reunião do Copom da semana que vem. É interessante o desarme da trajetória recente do dólar, num momento em que os diretores do Copom decidem para quanto vai a taxa de juros.
Há um consenso de que teremos alguma alteração, mas não sabemos em que intensidade. Se antes era 0,5 ponto percentual, elevando a taxa a 2,5%, agora não descartamos 0,75%. Na visão de Sergio Goldestein, ex-diretor do Demab, “preocupado com a inflação e o cenário político, o Bacen resolveu quebrar a perna dos comprados em dólar, vendendo para baixo, aumentando o risco de posições especulativas ou de hedge, na tentativa de mitigar uma espiral negativa.”
Em paralelo a isso, o BACEN decidiu por prorrogar a redução da alíquota sobre compulsório de depósitos a prazo, em 17%, não elevada a 20% agora em abril. Esta taxa deve ser mantida até novembro.
Acreditamos que no Copom de quarta-feira que vem, deve-se optar por um ajuste da Selic em 0,5 ponto percentual, até porque a inflação segue em trajetória preocupante, dada a alta das commodities e o câmbio depreciado, mas podendo ser temporária. No contrapé disso, ainda temos a pandemia em trajetória caótica.
Essa parece ser, também, a preocupação do ex-presidente Lula, depois do seu primeiro discurso como “ficha limpa”. Realmente, foi um discurso para “lavar a alma da militância”, mas restam dúvidas sobre seu alcance. Não dá para achar que toda a agenda, traçada pelo ministro Guedes, de reformas estruturais, privatizações, descentralização de recursos e melhoria no ambiente de negócios, deva ser atacada pelo já candidato Lula da Silva. A agenda econômica é a que defende o setor empresarial e a mais acertada, adotada em vários países do mundo. Condenar, por exemplo, o sanenamento da Petrobras (SA:PETR4), depois da “destruição” empreendida pelo lulo-petismo, é não querer encarar a realidade crua dos fatos. Ser contra as reformas, a independência do BACEN....
Realmente, foi um discurso para os militantes, não para o Brasil. A concordar, apenas a abordagem sobre a pandemia, ao nosso ver, muito mal conduzida pelo presidente Bolsonaro.
Sobre esta, o cenário é de horror, de ruptura. Morreram na quarta-feira, em 24 horas, 2,3 mil pessoas, já mais de 260 mil até aqui. Novas internações seguem em torno de 80 mil. E a postura do presidente e equipe, na solenidade do Palácio do Planalto, liberando a compra de vacinas pela iniciativa privada, todos usando máscara, já pode ser vista como uma resposta às críticas de Lula ao caos atual. Estimam-se mais 70 milhões de doses de vacinas até junho.
Agenda
Além do IPCA de fevereiro e do leilão extra de swap e de títulos públicos, destaquemos os BALANÇOS de BRMalls (SA:BRML3), Enauta (SA:ENAT3), Light (SA:LIGT3), Moura Dubeux (SA:MDNE3), Tenda (SA:TEND3) e Marisa (SA:AMAR3), depois do fechamento do mercado. Em paralelo, teremos teleconferências da Eneva (SA:ENEV3) (9h), Aliansce Sonae (SA:ALSO3)e e Terra Santa (SA:TESA3) (11h) e Estapar (SA:ALPK3) (sem horário).
Comportamento dos ativos
Bolsa de valores no Brasil registrou bom comportamento de alta, acompanhando NY, nesta quarta-feira. A B3 avançou 1,3%, a 112,776 pontos, com volume de R$ 46,4 bilhões. No câmbio, a queda do dólar foi forte, de 2,5%, a R$ 5,6526, depois de bater R$ 5,81 ao longo do dia. No mercado de juro, na anti-véspera do Copom, continuam as apostas entre 0,5 e 0,75 ponto. Ao fim do ano não será surpresa se o juro básico fechar próximo a 6%.