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Poderíamos Ter Previsto Essa Crise?

Publicado 06.04.2020, 12:01
Atualizado 09.07.2023, 07:32
IBOV
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Tenho um bom contato com investidores e pessoas inteligentes do mercado financeiro e sou grato por isso. Investir não é somente olhar as empresas, mas estar atento e tentar dominar vários assuntos além dos investimentos - e nada melhor que conversar com quem tem mais experiência do que a gente e está há mais tempo no mercado financeiro.

Já comentei em artigo anterior sobre a velocidade da crise - que essa é uma das mais rápidas que tivemos em nossa história -, a alta volatilidade (o que é normal em crises) e o alto grau de incertezas (o que também é normal em crises e em oportunidades). Porém, uma das maiores indagações dos investidores é se haveria a possibilidade de termos previsto a crise que estava por vir. Antes de tudo, penso que temos que encontrar respostas com os grandes investidores e gestores, procurar ver como agiram e estão agindo nesse período para termos respostas mais conclusivas. Pessoalmente, acredito que quanto mais dados tivermos e se soubermos dar utilidade e organizarmos esses dados com reflexão, chegaremos a uma resposta mais conclusiva.

Crise

Dado o nível de especialidade do momento, acredito que tenho que começar a olhar para o investidor que mais sobreviveu às crises, Warren Buffet, olhando o seu passado e o momento atual, assim como Jim Simons (fundador do Renaissance, um dos maiores fundos quânticos do mundo e com retornos antes da crise de 39% ao ano, mesmo cobrando 4% de taxa de administração e 40% de performance), e Ray Dalio, outro grande investidor, cuja gestora tem sob administração mais de US$ 120 bilhões.

Fonte: Globo.com

 

Warren Buffett

Aos 43 anos, a riqueza de Buffett era de US$ 34 milhões. No ano anterior, ele havia utilizado a riqueza que tinha para realizar uma das suas maiores aquisições, a See's Candies, por US$ 25 milhões, investimento que ainda permanece lucrativo. Mas, na metade dos anos 1970, a Berkshire enfrentou um momento de vacas magras. Em 1974, a queda das ações da Berkshire levou a riqueza de Warren Buffett para US$ 19 milhões, aos 44 anos de idade, ou uma queda coincidente com a idade, de -44,11% nesse ano. O que aconteceu nos anos posteriores, quase no final da década, é que a riqueza pessoal de Warren foi para US$ 67 milhões quando ele tinha 47 anos, apenas 3 anos depois, quase triplicando a sua riqueza (em 3 anos apenas, lembrando que nos EUA isso é mais difícil de ocorrer).

As quedas no ano das ações da Berkshire passam dos 30% em 2020

Maiores quedas enfrentadas por Buffett. Fonte: marketwatch.com

Outro exemplo para mostrar ao investidor atual é que, apenas contando a partir dos anos 1980 (últimos 40 anos), por 4 vezes Warren Buffett viu seu portfólio cair aproximadamente 40% (patamar próximo ao que está o Ibovespa agora). Apenas nesse ano a Berkshire chegou a ter valor de mercado de US$ 630 bilhões, e atualmente encontra-se com valor de mercado de US$ 430 bilhões, queda de aproximadamente 30%. Lembro que Warren Buffett é considerado como um dos melhores investidores da história e, mesmo assim, passando 4 vezes por quedas superiores a 40%, como ele não previu essa crise corona que estava por vir?

 

Jim Simons e a Renaissance

Jim Simons está aposentado da Gestora Renaissance, porém ele é o fundador e ainda mantém grande parte de seus investimentos na gestora que fundou. No ano, o retorno do The Renaissance Institutional Equities Fund caiu 17%, contra 24% do Dow Jones! Jim Simons, que tem 82 anos, é um matemático reverenciado no mercado pelo Medallion Fund, que permanece aberto para investimentos de funcionários aposentados e que tem tido (tirando até o momento de 2020) retornos acima de dois dígitos. Simons se aposentou em 2010 e possui cerca de US$ 21,6 bilhões em riqueza pessoal. Mesmo possuindo um histórico formidável, entre os maiores em termos de retornos da história de investimentos nos EUA, como a gestora que ele criou não previu a queda?

 

Ray Dalio

Esse é um investidor dos que mais gosto. Ele é rico na produção de conteúdo, principalmente por dois de seus livros (Big Debt Crises e o Principíos para navegar crises de débito). Dois de seus fundos mais famosos caíam mais de 20% em 2020. Além disso, ele teve um retorno médio menor em 2019, de cerca de 0,5% contra mais de 29% do S&P 500. Dalio é dono da maior gestora do mundo, a Bridgewater, com mais de US$ 160 bilhões sob administração. Pessoalmente, sua riqueza pessoal é de US$ 18 bilhões. Com todo esse conhecimento, como Ray Dalio também não previu a crise corona?

Fonte: marketwatch.com

Fonte: Globo.com

 

E no Brasil…

 

Henrique Bredda

Bredda tem muito mérito e parte na parcela do crescimento no número de investidores do Brasil, saltando de 850 mil investidores pessoa física do final de 2018 para 2,3 milhões investidores em março de 2020. Temos que reconhecer o mérito das pessoas e o esforço das mesmas sempre, mesmo que em momentos elas tenham performances menos positivas. Mesmo com o mérito e a mídia que teve, a Gestora Alaska também está sofrendo na crise e caindo acima do Ibovespa. Com todo o conhecimento de Bredda, e por estar junto de um dos maiores investidores brasileiros, no caso, Luis Alves Paes de Barros, como ele não previu a crise como a maioria de grandes investidores do mundo?

 

O que eu penso sobre o assunto…..

Primeiramente, também estou com quedas no ano. Acredito que quem está investido no mercado de ações está com quedas nesse ano (maioria da maioria).É fundamental na vida e nos investimentos sermos transparentes e sermos os primeiros a reconhecer acertos e erros. Sobre como a maioria não previu essa crise, incluindo os maiores do mundo e do Brasil, teço aqui meus pitacos:

  • Ninguém prevê crise: como vimos, eu diria que 90% dos investidores está com quedas e isso faz parte do mercado de ações. Foi mostrado que, em 40 anos, Warren Buffett teve 4 quedas de 40% ou mais em algum momento na Berkshire Hathaway. Isso corresponde a 10% do tempo de investimento. Mesmo assim, o retorno dele pré crise estava em 23% ao ano. Do ponto de vista macro, no Brasil estávamos fazendo reformas, a Reforma Previdenciária tinha passado e a Tributária estava por vir, economias estavam sendo feitas e Brasil estava no menor patamar de juros da história (o que reduz em muito o custo de capital das empresas). O cenário era totalmente diferente e isso mudou de uma maneira muito rápida. Muitos esperavam que, dado o clima mais quente, o corona poderia demorar a vir para cá.
  • Saliento também que vários investidores, desde 2015-2016, falam de uma crise que iria acontecer. O mercado e a vida são cíclicos, feitos de altos e baixos, e obviamente a crise sempre virá, mais cedo ou mais tarde. O fato é que ninguém prevê crise e, quando prevê, é fundamental o market timming, ou seja, estar certo de um evento e também estar certo de QUANDO esse evento acontecerá. Pouquíssimos conseguem isso de maneira recorrente.
  • Sempre estar no mercado: há diversos estudos que mostram que estar no mercado é vital para termos um retorno acima da média. Se perdermos apenas os 10 melhores dias de retornos em 10 anos, teremos um retorno abaixo da média. Ninguém sabe quando surgirão altas de 10-15% em apenas um dia, mas saiba que elas existirão. Já pensou que podem ter um medicamento que funcione muito bem para o momento atual e você ficar de fora totalmente do mercado? Quem quer investir em renda variável precisa estar ciente e acostumar-se com a volatilidade. Esteja sempre no mercado, com maior ou menor %. Acho que isso pode ser feito como maneira de diminuição de risco!
  • Diversificação: acredito que essa é solução para a diminuição de risco. O melhor investimento é aquele que é mais adequado ao perfil do investidor. Definir um % de alocação de acordo com o poder aquisitivo, idade, nível de conhecimento do mercado e prazo de investimento, são fatores que auxiliam na definição do perfil e consequentemente no nível em percentual de diversificação.
  • Humildade: sempre temos e teremos que aprender. Infelizmente, é na crise que nos obrigamos a rever conceitos e reavaliarmos nossas atitudes e comportamentos, inclusive de investimentos. Esse é o momento para nos tornarmos melhores: melhores investidores e pessoas, já que temos agora o ativo mais importante: tempo!
  • Conhecimento: buscar sempre conhecimento e ter resiliência nos investimentos é o que faz grandes investidores vingarem no tempo. Ray Dalio, mesmo com a riqueza pessoal e a maior gestora do mundo, demonstrou em sua carta um alto grau de humildade. Quem une humilde e busca o conhecimento e aprimoramento constante, destacar-se-á sempre.
  • Paciência: vimos que dos 43 aos 44 anos, Buffett deixou de ter quase US$ 15 milhões. O que ele fez? Estudou o mercado, teve paciência (acredito que temos momentos em nossa vida, e o momento atual é de plantar, focar em boas empresas, estudos e investir, para quem tem perfil e horizonte de prazo para isso) e 3 anos depois ele teve um crescimento de sua riqueza pessoal de 252%!! Paciência é o nome do jogo nos investimentos, principalmente nos mais voláteis.
  • Controle seus instintos: a maioria dos investidores tem atitude contrária ao que efetivamente dá resultado nos investimentos. Há uma tendência de vendermos quando o mundo está em guerra, ou que o mundo vai acabar, também quando o mundo está enfrentando uma pandemia, desemprego etc. Por outro lado, quando há notícias positivas, nos sentimos muito mais propensos a realizar investimentos. Isso não tem lógica alguma, como é o momento atual!

E para finalizar, aqueles velhos mantras de Buffett, que às vezes não são dele mas que não deixam de ser interessantes, como o abaixo:

 

O momento é de estudar empresas, melhorar o conhecimento e plantar para o futuro, esperando a colheita que tenha certeza, virá!!

Desejo coisas boas, para você que está lendo esse artigo e para sua família. Cuidem-se!

Era isso!!
Um grande abraço

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