O Purchasing Managers Index (índice dos gerentes de compras) da S&P Global mostrou contração generalizada das atividades econômicas dos EUA em agosto. Os sete setores monitorados — bens de consumo, materiais básicos, industriais, tecnologia, financeiro, serviços ao consumidor e saúde — registaram retração. Foi a segunda vez que isso ocorreu desde outubro de 2009, a primeira vez tinha sido no início da pandemia em maio de 2020.
As empresas financeiras apresentaram o maior declínio no mês passado e cravaram 38,6 pontos, enquanto os bens de consumo mostraram a menor contração com queda marginal a 49,1 pontos no mesmo período.
Os PMIs setoriais são formulados a partir das respostas de questionários enviados aos gerentes de compras de mais de 1.000 empresas do setor privado americano e são uma espécie de “termómetro da economia”, pois são eles os responsáveis pelos suprimentos das companhias. Os valores acima de 50 pontos indicam expansão da atividade sobre o mês anterior, ao passo que os valores abaixo de 50 pontos mostram retração.
O PMI composto, que engloba indústria e serviços, recuou de 47,7 pontos em julho para 44,6 pontos em agosto. Já o PMI do setor de serviços caiu de 47,3 pontos para 43,7 pontos no mesmo intervalo. Ambos os dados vieram piores que as projeções do mercado, que estimava queda a 45 no global e a 44,3 no de serviços.
“Agosto viu a economia dos EUA deslizar para uma desaceleração, ressaltando o risco crescente de um aprofundamento da recessão à medida que as famílias e as empresas lutam com o aumento do custo de vida e aperto das condições financeiras”, comentou em nota o economista-chefe de negócios, Chris Williamson, da S&P Global Market Intelligence.
Os índices dos gerentes de compras são considerados “leading indicators” (indicadores principais) e servem de alerta para uma possível mudança de tendência na economia, seja pelo lado positivo (expansão) ou negativo (contração).
O Federal Reserve – Banco Central americano – vem promovendo uma sequência de aumentos das taxas de juros desde março deste ano, elevando as taxas de quase zero para sua faixa atual de 3-3,25%. A finalidade da autoridade monetária é controlar a maior inflação dos últimos 40 anos.
Com o aumento acentuado nos preços, pressões sem precedentes da cadeia de suprimentos enfrentadas pelas empresas e escalada dos juros, os investidores ficarão atentos aos dados antecedentes com o intuito de avaliarem a durabilidade da desaceleração americana.
Até então, é esperada uma contração, da maior economia do mundo, por um período relativamente curto, e isso já está precificado pelo mercado.
Sendo assim, os PMIs ganharão destaque conforme a inflação for arrefecendo, e o pico dos juros estiver aproximando, visto que os indicadores ligados às atividades empresariais mostrarão a capacidade de retomada do crescimento econômico.