Publicado originalmente em inglês em 19/01/2020
- Resultados do 4T2020 serão divulgados na quarta-feira, 20 de janeiro, antes da abertura do mercado;
- Expectativa de receita: US$ 19,18 bilhões;
- Expectativa de lucro por ação: US$ 1,5.
A Procter & Gamble (NYSE:PG) (SA:PGCO34)é uma das marcas globais que se beneficiaram bastante da pandemia de Covid-19. A fabricante dos barbeadores Gillette e do sabão líquido Ariel registrou seu melhor crescimento de vendas nos últimos anos em meio à explosão do consumo de produtos domésticos de limpeza e higiene.
Quando essa gigante dos produtos de consumo básico divulgar seus resultados na quarta-feira, os investidores vão querer ver uma continuação dessa tendência. Com o pico da segunda onda do coronavírus, há indicações de que os consumidores devem manter seus hábitos de estocar produtos na despensa, como desinfetantes, alimentos embalados e papel higiênico.
A P&G novamente deve apresentar forte crescimento em vendas, com uma expansão de mais de 5% no trimestre encerrado em 31 de dezembro. A expectativa é que o lucro por ação suba de US$ 1,42 para US$ 1,5 considerando o mesmo período do ano passado.
Esse robusto desempenho ajudou as ações da PG se recuperarem com vigor desde o mergulho de março, gerando aos investidores os ganhos estáveis que eles esperam de uma ação considerada defensiva. Mas esse rali está mostrando alguns sinais de pico, com a ação derrapando cerca de 6% nos últimos três meses. Os papéis fecharam a US$ 134,78 na sexta-feira, após disparar 44% desde a mínima de março.
Nos últimos três anos, a P&G, cujas marcas de produtos domésticos incluem diversos nomes internacionais, como as fraldas Pampers, os xampus Pantene e os absorventes Always, vem aumentando consistentemente suas vendas, graças à sua inovação, marketing e estrutura organizacional simplificada.
Valuation muito alto?
Após essa impressionante alta nas vendas trimestrais, uma preocupação dos investidores é saber se esse desempenho acima da média será duradouro.
Essas preocupações fizeram com que alguns investidores questionassem o valuation muito alto da P&G e sua capacidade de subir ainda mais, após um rali tão rápido e poderoso em 2020. Atualmente, a P&G é negociada a 26 vezes seu lucro prospectivo, bem acima da sua média de 10 anos de 19,3 vezes, o que corresponde ao nível mais alto desse múltiplo desde o fim dos anos 1990, de acordo com a FactSet.
A gerência da P&G acredita que alguns dos hábitos adquiridos pelos consumidores durante a pandemia de Covid-19 serão mantidos, o que dará à companhia sediada em Cincinnati um impulso de longo prazo.
Como afirmou Jon Moeller, diretor geral financeiro da P&G, durante uma teleconferência com analistas em outubro:
“Nossa expectativa é que alguns desses novos hábitos sejam consolidados. É difícil para nós imaginar que os consumidores vão voltar a adotar aquelas mesmas atitudes e comportamentos de higiene de antes da pandemia”.
Outro aspecto positivo para a P&G é que as vendas do seu segmento de produtos de higiene pessoal também estão voltando a crescer após alguns trimestres fracos. No 3º tri, as vendas desses produtos apresentaram seu maior crescimento desde 2016, graças à maior demanda por barbeadores e produtos de pentear com preço mais elevado. De acordo com Moeller, os novos lançamentos da marca Gillette para manutenção da barba e tratamento de peles sensíveis permitiram que a empresa mantivesse os homens engajados, mesmo aqueles que decidiram não se barbear.
Resumo
O ritmo de crescimento que a P&G está apresentando não é comum para uma companhia que fabrica produtos de consumo para o dia a dia, em categorias onde a concorrência é intensa e as margens são baixas. Para uma empresa gigante no setor de consumo como a P&G, não seria justo sempre esperar trimestres espetaculares.
As ações da P&G continuam sendo nossa escolha favorita entre as empresas de produtos de consumo embalados. A empresa é uma das maiores pagadoras de dividendos dos EUA, distribuindo um dividendo trimestral de US$ 0,79 por ação, para um rendimento de 2,3%, um histórico difícil de bater.