A Petrobras já quase duplicou o preço neste ano. O clima econômico no Brasil ainda continua muito delicado, entretanto, o Real Brasileiro subiu 21% este ano frente ao Dólar, o melhor rendimento entre as principais moedas globais. Um Real barato no final do ano passado, oferecia possibilidades de recuperação e o impeachment da Dilma parece ter melhorado a confiança dos investidores. Alguns fatores globais macroeconômicos, como a demora na subida dos juros por parte da FED e a rentabilidade negativa em muitos títulos soberanos do mundo, ajudaram a atrair capitais novamente ao Brasil (juros de aproximadamente 13%) apoiando, desta forma, a moeda.
A fortaleza do Real e a chegada de capital, mais do que uma leve melhoria nos preços do petróleo, oferecem duas repercussões muito positivas para a Petrobrás: a) diminuir o valor da sua dívida em Reais, b) diminuir custos de financiamento.
Situação da dívida e a sua denominação em dólares
A Petrobras é a empresa petrolífera cotada na bolsa com a maior dívida. Nos seus resultados do primeiro trimestre do ano 2016, marcou a sua dívida total em 444 milhões de Reais, uns 120 bilhões de dólares, a maior parte emitida na moeda dos Estados Unidos. Quase uma quinta parte desta dívida expira antes de acabar o ano 2017. A Petrobrás vive sob pressão de poder vender ativos para reduzir esta dívida e gerar dinheiro para poder cumprir com os seus pagamentos, assim, qualquer oportunidade de refinanciamento desta dívida supõe, no melhor dos casos, uma recuperação de fôlego para o valor. No 7 de julho a empresa anunciou uma emissão de títulos de 3 bilhões de dólares. A melhoria nas taxas (8.375% julho 16 v.s. 8.625% maio 16, para títulos a 5 anos) fez com que o valor subisse quase um 5% depois desta notícia.
Cotização PBR (ADR) em USD a 3 meses
Correlações a 30 Dias Real Brasileiro e Brent v.s. Petrobras (SA:PETR4)
Linha Laranja: Correlação Brent v.s. Petrobras
Linha Azul Claro: Correlação USD/BRL v.s. Petrobras
Observe o aumento em importância do rendimento do Real sobre o valor nos últimos meses (especialmente junho e julho de 2016), pelo aumento na correlação negativa (positiva) entre o Dólar (Real) e a PBR.
Resultados 04 de Agosto 2016 – Pontos a observar
A Petrobras publica os seus resultados no próximo dia 4 de agosto. Vai ser muito importante prestar atenção e ver as possíveis melhorias:
- Na liquidez da Petrobras marcada pelo seu volume de “Cash” e “Marketable Securities (22 bilhões de dólares ou 1/5 parte da sua dívida atualmente).
- Da sua dívida versus a EBITDA, que está em mais de 6 vezes, ou seja, a esta dívida soma mais de 6 vezes o seu rendimento bruto anual, uma quantidade elevada demais.
- Nas perspectivas sobre a venda de ativos. A empresa tinha anunciado os seus planos de vender 15 bilhões de ativos em 2016, porém, até o momento, somente pôde vender 2$ bilhões.
Riscos
- Qualquer mudança de sentimento com relação ao Real, por fatores domésticos ou internacionais.
- Os escândalos de corrupção continuam atingindo a empresa. Os investidores institucionais levaram a Petrobras a julgamento na corte do distrito de Manhattan (começo do julgamento em setembro de 2016). Qualquer resultado contrário aos interesses da empresa envolveria penalizações financeiras, complicando, assim, a sua capacidade de reduzir dívida. Também poderia abrir as portas para outros julgamentos e desestimular possíveis novos investidores institucionais do exterior