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Petróleo: Irã Continuará Exportando, Independente da Opep e das Sanções dos EUA

Publicado 24.03.2021, 12:38
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Há dois meses no cargo, o presidente Joe Biden ainda precisa fazer o que muito esperam que ele fizesse no momento em que assumiu: reativar o acordo nuclear dos EUA com o Irã e reverter as ações de Trump contra Teerã. Mesmo sem um acordo, esperava-se que ele pelo menos iniciasse as tratativas.

Biden não fez nada disso. Mas o Irã parece não estar preocupado com a sua procrastinação. A República Islâmica pode ter demonstrado certa impaciência inicialmente e até mesmo feito ameaças veladas de aceleração do seu programa de enriquecimento de urânio para forçar Washington a se sentar à mesa de negociação.

Nos últimos dias, contudo, Teerã simplesmente se silenciou sobre a questão. Enquanto isso, o alto oficial da Casa Branca teria dito, há uma semana, que ambos os lados devem encontrar uma forma de "voltar a respeitar o acordo".

Enquanto esse pacto é desenhado, o Irã vai obtendo o que deseja do governo Biden: não interferência em sua produção e exportação de petróleo.

Petróleo diário

Vistas grossas com as sanções da era Trump

A campanha de “máxima dor” de quase dois anos e meio de Trump quase dizimou a economia iraniana, fazendo suas exportações petrolíferas caírem de 2,5 milhões de barris por dia (mbpd), em abril de 2018, para apenas 100.000 bpd em determinado momento. Agora que o ex-presidente saiu de cena, o governo Biden vem fazendo vistas grossas para as sanções que herdou.

Isso está funcionando maravilhosamente para a nação do Golfo Pérsico, que transformou o jogo de gato e carro contra os aplicadores da sanção de Trump em uma violação aberta das proibições aplicadas. O Irã agora não só exporta petróleo a clientes “fiéis” na China, como também busca ativamente compradores do seu óleo, tendo supostamente oferecido descontos entre US$ 3 a 5 por barril em relação à cotação do Brent.

A Índia pode se tornar um desses novos compradores do petróleo iraniano. O terceiro maior importador de petróleo atrás da China e dos Estados Unidos reduzirá suas compras da Arábia Saudita em cerca de um quarto a partir de maio após Riad se recusar a deixar a Opep+ elevar a oferta.

A audácia iraniana ocorre em um momento particularmente problemático para os preços do petróleo, que afundaram na terça-feira pela segunda vez em quatro dias por causa de preocupações com a demanda em meio a uma nova onda de restrições na Europa para conter o vírus. Tanto o barril de Brent quanto o de West Texas Intermediate fecharam em queda de 6% após uma desvalorização de 7% na quinta-feira, a pior em um único dia desde junho.

A derrocada gera um desafio à aliança de produtores de petróleo Opep+, que se reunirá de 31 de março a 1 de abril para decidir sobre cortes e cotas de produção, visando dar suporte aos preços. A Opep+ é formada por 23 países, incluindo os 13 membros da Opep liderada pela Arábia Saudita e mais 10 membros externos sob os auspícios da Rússia. Atualmente, o cartel está tirando do mercado pelo menos 7 mbpd.

Esses cortes, juntamente com o otimismo com a recuperação da demanda após os impactos da Covid-19, ajudaram a impulsionar a cotação do barril de WTI de US$ 36 em 30 de outubro para quase US$ 68 em 8 de março. O Brent empreendeu movimento similar no mesmo período, saindo de US$ 38 para US$ 71 aproximadamente.

Irã pode atrapalhar projeções da Opep+

O Irã é membro fundador da Opep original, mas está isento das atuais cotas de produção do cartel devido às sanções americanas. A produção e exportação do petróleo iraniano também estão fora dos planos da Opep.

Isso significa que, se o Irã despejar um milhão ou mais de barris diariamente no mercado, pode acabar atrapalhando as projeções da Opep+ por duas razões. A primeira é que o óleo adicional sequer deveria ser cogitado. A segunda é que, mesmo que essa oferta de fato chegue ao mercado, deveria vir de um dos 22 membros da aliança que participam da política de produção, e não de um membro sob sanção, cuja produção e venda sequer são oficialmente contabilizadas.

O Irã, obviamente, está bem ciente desses fatos. Além de manter sua economia de pé com as vendas do petróleo sancionado, o governo do presidente Hassan Rouhani também gosta de se fazer de bobo nas reuniões da Opep+, além de complicar as coisas para a Arábia Saudita, que conspirou com Trump na campanha de “máxima dor” contra Teerã.

John Kilduff, sócio do hedge fund de energia Again Capital, de Nova York, afirmou:

“Os iranianos podem não ter um acordo com os EUA, mas devem estar felizes por exportar muito mais petróleo agora do que há seis meses. Evidentemente, isso é feito em detrimento da Opep e como uma forma de revide aos sauditas”.

Os iranianos também estão ficando mais habilidosos em evadir-se de qualquer captura das suas remessas petrolíferas ao ocultar a sua origem.

A Bloomberg informou que a China, por exemplo, divulgou dados nesta semana que não mostram qualquer importação petrolífera do Irã pela primeira vez em meses, um sinal de que o óleo persa está sendo mascarado como oferta de outros países.

De acordo com dados aduaneiros da potência asiática, em janeiro e fevereiro não houve qualquer remessa do Irã, a primeira ocorrência do tipo desde agosto. Entretanto, houve uma disparada nas aquisições de Omã e da Malásia, dois países que podem estar sendo usados pelo Irã para esconder a origem do seu petróleo.

China deve elevar aquisições petrolíferas do Irã em março

Dados de empresas que rastreiam petroleiros e negociadores sugerem que os fluxos de óleo iraniano expandiram-se de forma exponencial recentemente, demonstrando que os navios-tanque do país estavam usando diferentes estratagemas para ocultar seu conteúdo, além de mudar os transportadores durante a viagem para evitar detecção.

A empresa de pesquisa energética Kpler afirma que seus dados mostram que a China importou cerca de 478.000 barris diários do Irã em média em fevereiro, o que poderia aumentar para cerca de 1 milhão diários em março, um das maiores compras mensais já registradas.

Não se pode desconsiderar os riscos para os compradores do óleo iraniano.

Para se ter uma ideia, a China estaria comprando quase 1 mbpd de óleo, condensados e combustíveis da República Islâmica, de acordo com estimativas de analistas e negociadores obtidas pela Bloomberg. Mas, desde que Biden assumiu a presidência americana, as autoridades do seu país só capturaram um navio-tanque em fevereiro que estaria supostamente carregando óleo iraniano.

Portanto, a resposta simples é: os riscos são pequenos o bastante para compensar uma tentativa.

Mesmo assim, um alto oficial da Casa Branca disse ao Financial Times, na semana passada, que as sanções da era Trump ainda poderiam ser aplicadas a compradores e vendedores do petróleo iraniano.

Essa autoridade afirmou, sob condição de anonimato:

“Dissemos à China que continuaremos aplicando nossas sanções. Não haverá qualquer luz verde tácita”.

Mas, no mesmo pronunciamento, essa autoridade declarou que a prioridade do governo Biden era recriar o acordo nuclear original de 2015 envolvendo Irã, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França, China e Alemanha. Esse pacto, selado durante a era Obama, quando Biden era vice-presidente, foi rasgado por Trump em 2018 antes de impor sanções ao país persa.

Para fins de contexto, o atraso em fechar um novo pacto nuclear com o Irã deve-se à insistência do governo Biden em ver primeiro uma ação da República Islâmica mostre no sentido de descontinuar seu enriquecimento de urânio e outras atividades de fabricação de armas atômicas. O governo Rouhani afirma que fará isso assim que as sanções forem levantadas. Esse jogo de “quem piscar primeiro” entre os dois países continua até hoje.

Biden prefere um acordo a mais sanções contra o Irã

O alto oficial disse ao FT que a Casa Branca poderia aliviar as sanções “como parte de um conjunto de passos mútuos ou como parte de um retorno total da adesão ao acordo” nuclear de 2015.

Ele afirmou:

“Em vez de ficarmos focando em sanções, seria mais produtivo para os EUA levantar essas proibições e reverter os passos nucleares do Irã. Não vamos fazer disso uma religião”.

A simplicidade do caminho oferecido pela Casa Branca soou como um iminente acordo e mostrou que o governo não queria perder tempo ou recursos com esse impasse.

Segundo Tariq Zahir, da Tyche Capital, fundo macro de Nova York:

“Biden acaba de aprovar um grande pacote de estímulo e seu próximo objetivo é passar uma lei multitrilionária de infraestrutura. Além disso, tem um grande problema imigratório ameaçando explodir na fronteira sul. Ele não tem tempo nem interesse de aplicar sanções ao Irã”.

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

 

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