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Petróleo: gráficos mostram provável recuperação, mas não em “V”

Publicado 13.12.2022, 10:52
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  • Recuperação do petróleo deve ocorrer na forma de uma “montanha-russa barulhenta”, em vez de um rali em “V”.
  • Primeiro alvo do WTI está em US$ 77, com resistência final de curto prazo em US$ 88.
  • Ainda é possível que o petróleo americano reverta o rali e reteste a mínima de US$ 65.
  • A teoria da gravidade vem sendo distorcida de todas as formas desde a experiência de Isaac Newton com a maçã há cerca de 350 anos, levando os mercados financeiros inclusive a inventar sua própria versão fantasiosa: tudo o que desce uma hora tem que subir.

    Nesse sentido, alguns já estão começando a se perguntar: será que o petróleo, que caiu feito pedra na semana passada, irá disparar feito um foguete a partir de agora?

    WTI semanal

    A semana já começou de forma efervescente para os compradores, com o petróleo subindo 3% na segunda-feira e ampliando a alta em 2% durante a janela asiática de negociações.

    É compreensível a expectativa de um repique comensurável nos preços do petróleo, após o derretimento de 11% da semana passada, responsável por fazer o barril britânico do Brent e o americano West Texas Intermediate a atingirem as mínimas de dezembro de 2021.

    Para os compradores, essa correção nunca deveria ter acontecido, pelo menos não no momento em que os estoques petrolíferos estão cerca de 240 milhões de barris abaixo da média de cinco anos na OCDE, organização que reúne 38 das economias mais dinâmicas do mundo.

    Alguns ficaram estarrecidos com o fato de que essa queda tenha ocorrido logo após a União Europeia proibir a importação do petróleo da Rússia, devido ao conflito na Ucrânia.

    É possível citar pelo menos dois principais eventos que estão favorecendo o petróleo neste momento:

    1. O fechamento oficial do oleoduto Keystone, que tinha capacidade para transportar 622.000 barris por dia de petróleo pesado canadense até as refinarias americanas na Costa do Golfo do México, após o pior vazamento de petróleo da história dos EUA.
    2. A reabertura gradual de cidades chinesas fechadas por conta das infecções por coronavírus, no âmbito da rígida política de Covid zero implementada pelo maior país importador de petróleo do mundo.

    Deixando de lado os fundamentos, o consenso entre os analistas técnicos é que tanto o WTI quanto o Brent parecem ter ficado sobrevendidos após quedas diárias de 2% em média durante seis sessões entre 2 e 9 de dezembro.

    Havia razões para uma queda do mercado, sobretudo por conta dos temores em torno de uma recessão nos Estados Unidos e na Europa. Além disso, apesar da restrição de oferta percebida na OCDE e na UE, surgiu a suspeita de que havia mais barris em estoque flutuante do que o necessário no curto prazo.

    De acordo com Scott Shelton, corretor de contratos futuros de energia em Durham, Carolina do Norte:

    “Havia uma estimativa de que o petróleo em estoque marítimo estava extremamente elevado, o que possivelmente acabou desincentivando as compras”.

    Ele afirmou que os operadores comprados acabaram subestimando a quantidade de vendas decorrentes dos sinais cada vez maiores de uma recessão nos EUA.

    Os dados de estoques fornecidos pela Administração de Informações Energéticas dos EUA também mostraram um grande aumento na oferta de combustíveis antes do inverno, com os estoques de novos produtos derivados superando os de petróleo bruto na semana passada.

    • Os estoques de petróleo bruto tiveram uma queda de 5,187 milhões de barris durante a semana até 2 de dezembro, de acordo com o Relatório de Status Semanal do Petróleo da agência.
    • Os estoques de destilados, que são refinados em diesel para caminhões, ônibus, trens e navios, bem como em combustível de aviação, registraram uma alta de 6.159 milhões de barris na mesma semana.
    • Já os estoques de gasolina, principal combustível automotivo nos Estados Unidos, cresceram 5,320 milhões de barris.

    O índice de preços ao consumidor (IPC) em novembro nos EUA, a ser divulgado na terça-feira, e a decisão de juros do Federal Reserve na quarta-feira, além da perspectiva para 2023, representavam uma verdadeira prova de fogo para o repique do petróleo nesta semana.

    Uma leitura anual da inflação muito acima da previsão de 7,3% para o IPC e um Fed ainda preocupado com a inflação no ano que vem podem prejudicar o sentimento nos ativos de risco, como o petróleo, segundo analistas.

    Pode ocorrer um rali ininterrupto no petróleo?

    Nesse ambiente, seria plausível que os preços do petróleo subissem sem parar toda a semana, da mesma forma que caíram na semana passada?

    Para responder isso, fizemos um mergulho profundo nos aspectos técnicos do WTI com o auxílio do grafista Sunil Kumar Dixit e a conclusão a que chegamos foi: talvez não.

    Na avaliação de Dixit, os investidores deveriam esperar uma movimentação mais ao estilo de uma “montanha-russa barulhenta do que um rali em V”.

    De fato, ainda havia a possibilidade de reversão do rali, fazendo o WTI estender as perdas até US$ 65, fundo visto pela última vez em 2 de dezembro de 2021.

    "A mínima da sessão de sexta-feira de US$ 70,11 aparentemente estava atuando como fundo para o WTI. A perspectiva é que o primeiro alvo esteja na média móvel exponencial de 5 semanas a US$ 77. Em seguida, a faixa intermediária da Banda de Bollinger a US$ 78,93 pode entrar em cena”.

    WTI diário

    Dixit afirmou que o estocástico diário do WTI de 29/21 também estava positivo, enquanto o IFR diário a 38 estava começando a apontar para cima, mas seguia abaixo do nível neutro de 50.

    “Uma consolidação maior acima do meio da Banda de Bollinger a US$ 78,93 ajudará no avanço em direção à média móvel simples de 100 semanas a US$ 82”.

    A faixa intermediária da Banda de Bollinger a US$ 84,85 e a MME de 50 semanas a US$ 88 serão os níveis finais de resistência para o WTI no curto prazo, acrescentou Dixit.

    “A ação dos preços indica uma consolidação e estabilização acima de US$ 70. Qualquer sinal de forte resistência nessa região pode provocar uma rejeição dos preços e uma correção até as zonas de suporte. Não se pode descartar um reteste da MMS de 200 semanas a US$ 65”.

    Quanto ao Brent, a previsão da Administração de Informações Energéticas dos EUA é que a referência mundial do petróleo custe em média US$ 92 por barril em 2023, o que implica uma alta de US$ 15 em relação à sua cotação atual.

    Aviso: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para dar diversidade às suas análises de mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

     

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