Os preços do petróleo seguiam em queda na quarta-feira, enquanto o mercado avaliava a força do dólar frente a outras divisas, bem como o aumento de infecções por coronavírus no mundo.
Como o mercado continua volátil, apresentamos abaixo 5 fatores aos quais os investidores devem ficar atentos e como podem impactar os preços:
1. Demanda petrolífera e preços da gasolina nos EUA
Dados da EIA, agência americana de informações energéticas, mostraram que os estoques de petróleo recuaram e os estoques de gasolina cresceram levemente na semana passada. As refinarias operavam com capacidade de 92%, um nível bastante forte. Contudo, há indicações de que podemos ver em breve uma queda na demanda de gasolina.
Informações do portal GasBuddy indicam que o consumo de gasolina nesta semana foi o mais fraco desde 11 de julho. O consumo na terça-feira ficou 3,4% abaixo da terça-feira anterior e 2,3% abaixo da média das quatro últimas terças-feiras. Isso deve ser evidenciado nos dados da EIA nas próximas semanas.
Essa queda está ocorrendo porque a temporada de viagens automotivas de verão nos EUA está chegando ao fim. Devemos começar a ver um arrefecimento dos preços da gasolina, com reduções maiores em meados de setembro.
2. AIE reduz previsão de demanda petrolífera para 2021
A Agência Internacional de Energia (AIE) cortou sua previsão de demanda petrolífera para 2021, devido a preocupações com a disseminação da variante Delta do coronavírus e seu impacto na atividade econômica e no setor de viagens. Vale notar que nem a EIA nem a Opep mudaram suas projeções de consumo de petróleo para 2021. A AIE possui atualmente o menor número de demanda mundial de petróleo para este ano – 96,2 milhões de barris por dia (mbpd) –, enquanto a EIA tem o maior: 97,7 mbpd. A previsão da Opep está mais próxima da AIE, de 96,6 mbpd.
As revisões das previsões de demanda mundial de petróleo são comuns e refletem o fato de que são um exercício impreciso. O mais interessante, entretanto, é que os grandes bancos não modificaram suas análises, prevendo que os preços do petróleo irão atingir US$80 no 3º tri.
Seria útil rememorar as previsões do Goldman Sachs e outras instituições no fim de abril para as avaliarmos melhor. A previsão do Goldman baseou-se na expectativa de um substancial aumento do consumo, que superaria, em sua análise, a oferta existente.
De fato, vimos uma disparada na demanda em meados deste ano que não foi correspondida por um aumento de produção, que só ocorreu em agosto, quando a Opep+ elevou sua oferta em 400.000 bpd. Contudo, isso não foi suficiente para impulsionar os preços do petróleo até a marca de US$80. Embora as projeções para o petróleo ainda sejam fortes neste momento, a preocupação com sua desvalorização já fez os preços recuarem.
3. Departamento de Interior dos EUA encerra adiamento de novas concessões de óleo e gás
Logo após o presidente americano Joe Biden assumir o cargo, o Departamento de Interior anunciou um congelamento de todas as novas concessões em território federal para perfurações de petróleo e gás. A iniciativa deveria durar até o órgão concluir uma análise abrangente do programa de concessões no setor, à luz das preocupações do governo com a mudança climática.
A expectativa era que a análise fosse divulgada no início do verão local, mas até agora nada. Em junho, um juiz federal bloqueou o adiamento.
Na semana passada, o Instituto Americano do Petróleo e diversas outras organizações comerciais da indústria abriram um processo para contestar a pausa indefinida sobre as concessões de óleo e gás em território e águas federais. Aparentemente, esse processo instou o Departamento de Interior a declarar que retomaria as concessões, sem deixar de se opor à decisão judicial.
No entanto, não significa que o órgão retomará as licenças. Geralmente, novas concessões são realizadas quatro vezes ao ano para os territórios federais e pelo menos duas vezes ao ano para explorações em alto-mar. Não existem planos de realizar novas ações nesse sentido. Isso significa que a incerteza regulatória continuará, e os investidores não devem alimentar expectativas de que isso irá impactar a produção atual nos EUA.
4. Demanda petrolífera na China e na Índia
Dados econômicos da China indicam que a recuperação econômica no país asiático está desacelerando mais do que o previsto. Indicadores de atividade industrial, consumo e investimento mostraram menos crescimento do que o previsto em junho. A China é o maior país importador de petróleo do mundo, de modo que uma desaceleração econômica gera apreensão quanto à sua demanda em âmbito global e pode deprimir os preços do produto.
Os investidores devem ter em mente que os dados econômicos divulgados pelo país asiático não são necessariamente precisos. Ocorre que a China tende a minimizar a gravidade de desacelerações da atividade, de modo que a redução concreta do seu crescimento econômico pode ser mais severa do que indicam os dados.
Por outro lado, a demanda petrolífera da Índia, grande importador do produto, mostra sinais de vigor. As viagens aéreas domésticas no país cresceram 60% em julho. Isso indica que as viagens e a demanda por combustível na Índia estão retornando, após a queda na mobilidade durante os recentes surtos de coronavírus no país.
5. Menor atividade de furacões
Uma grande nuvem de poeira saariana deve cruzar o Oceano Atlântico e atingir a Flórida no início da semana que vem. Essas tempestades de poeira podem reduzir a formação e a intensidade de tempestades tropicais e furacões no Atlântico.
A temporada de furacões no Atlântico está a todo vapor, mas, até o momento, nenhuma tempestade ameaçou as regiões que produzem ou refinam petróleo e gás no Golfo do México. A poeira saariana continuará dando alívio no momento.