A Opep+ reuniu-se virtualmente na segunda-feira, em uma breve sessão na qual seus membros decidiram não alterar os planos de produção para o mês de novembro. A alta dos preços do petróleo e do gás natural na Europa e na Ásia não sensibilizou o cartel.
Antes mesmo da reunião de segunda-feira, os preços já vinham subindo devido a razões extensamente discutidas nesta coluna.
Além disso, o mercado foi impactado por novos temores de que uma restrição de gás natural na Europa e Ásia poderia elevar a demanda por petróleo durante o inverno local, diante da mudança dos geradores para óleo combustível ou outros líquidos derivados do petróleo.
Na véspera da sessão da Opep, a Reuters noticiou que o grupo estava considerando dobrar seu aumento planejado de produção em novembro. O plano da Opep+ previa aumentos de 400.000 barris por dia (bpd) por mês, mas os delegados da aliança indicaram que o grupo poderia aumentar a produção para 800.000 bpd em novembro e descartar um aumento em dezembro.
No entanto, o grupo acabou simplesmente reafirmou seus planos originais. Alguns analistas ficaram surpresos que a Opep+ tenha decidido não elevar sua produção, mas o fato é que os delegados do cartel expressaram preocupações de que o mercado não continuaria tão restrito no inverno como se encontra no momento.
De acordo com o Comitê de Monitoramento Ministerial Conjunto da organização, os estoques globais de petróleo devem começar a aumentar no 1º tri de 2022. Outros delegados disseram ter receio de que uma outra onda de coronavírus pudesse ameaçar a demanda neste inverno. A próxima reunião da Opep+ está marcada para 4 de novembro.
Três implicações da decisão de segunda-feira
Primeira, a Opep+ não pesou sobre os preços elevando a produção mais do que já havia planejado, permitindo que o barril seguisse em alta.
Segunda, os membros do cartel querem se beneficiar dos preços mais elevados, mas também estão cautelosos com a reversão desses ganhos. A Arábia Saudita e a Rússia estão particularmente preocupadas com a repetição da situação de mercado ocorrida em 2018, quando o preço do barril de Brent caiu de US$85, em outubro, para US$50, em dezembro, após o cartel elevar a produção a pedido do governo Trump.
Terceira, a Opep+ sabe que pode mudar de ideia em apenas um mês, portanto a decisão é apenas temporária.
O que esperar da reunião da próxima semana
Tudo dependerá do que acontecer com a oferta e a demanda de petróleo até lá. Se os preços altos se estabilizarem no próximo mês, principalmente nos níveis perto de US$80 por barril, poderemos ver um desejo maior dos membros da Opep+ de tirar vantagem dessa condição e vender mais petróleo para obter uma receita ainda maior.
Se houver indícios de que produtores não pertencentes ao cartel estejam elevando, ou mesmo prestes a elevar, a produção, tudo indica que a organização ampliará a oferta como forma de amortecer os preços e desincentivar barris externos no mercado. Para acompanhar essa situação e saber se a produção nos EUA pode crescerr, os investidores devem ficar atentos a notícias sobre as operações do shale oil americano, especialmente à contagem de sondas. Entretanto, não há expectativa de que a oferta de shale aumente neste momento nos EUA, por razões que já discutimos anteriormente nesta coluna.
Se os preços caírem no próximo mês, a expectativa é que a Opep+ continue com seu aumento planejado de produção de 400.000 bpd por mês, o que parece ser o mais sensato para eles.